São Paulo, sábado, 1 de novembro de 1997.



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Linha é exemplo das distorções

da Reportagem Local

A linha 9-123 (Metrô Santana-Jardim Barro Branco), na zona norte de São Paulo, é um exemplo típico das distorções permitidas pela prefeitura no sistema de transporte por lotação.
A rota tem 4 km de extensão, trajeto que é percorrido em 10 a 20 minutos, dependendo do horário, pela perua Topic de Márcio Correia, o único motorista credenciado no trajeto.
Hoje, o veículo de Correia divide a linha com outros nove carros, todos credenciados em outras rotas. As peruas partem a cada 3, 7 ou 10 minutos, dependendo do horário. Nos horários de pico, os intervalos são menores.
Se fosse trafegar sozinho, como manda a lei, os passageiros teriam que esperar pelo menos 40 minutos para que o carro de Correia fizesse o trajeto de ida e volta.

Disputa
O outro lado das distorções permitidas pela prefeitura é exemplificado pela linha 9-114, que também parte do metrô Santana, mas rumo ao Jardim Japão.
Ali, há cem motoristas trabalhando em outras rotas.
Nos registros da prefeitura, operam na rota 118 motoristas de lotação credenciados.
Mas no trajeto, de 6.700 metros de extensão, somente 18 perueiros cumprem o percurso.
"Tem gente do Jardim Japão trabalhando em pelo menos 20 linhas", diz Rodnei Roberto Marcelino, 27, que opera na linha há dois anos.
Segundo Rodnei, quando ele entrou no percurso, a convite do coordenador da rota à época, só haviam sete motoristas.
"Mas quando a rota ficou legalizada, nós achamos que isso ia das mais confiança para a linha e ia aparecer mais passageiro. Aí aumentamos para 18 perueiros", afirmou Rodnei.
João Alves de Souza é um dos que se inscreveu na rota. Mas nunca trabalhou nela.
Souza é um dos motoristas emprestados para a rota 9-123, que vai para o Morro Branco.
"Eu sempre trabalhei para o Morro Branco, mas quando eu fui fazer pedido de credenciamento só tinha para o Jardim Japão. Aí, eu fui lá e pedi para o Jardim Japão."
Souza diz estar preocupado com a nova lei dos perueiros. "Se o DTP começar a fiscalizar as linhas, não vai caber todo mundo. Está todo mundo preocupado com isso."
Souza, credenciado há um ano, diz transportar, diariamente, entre 220 e 230 passageiros em sua perua Kombi, ao preço de R$ 0,90.



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