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VIOLÊNCIA
Corpos foram encontrados pelos dois filhos; casa, na zona sul de São Paulo, não tinha sinais de arrombamento
Casal é morto a pancadas em bairro nobre
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um casal morto a pancadas e
depois colocado na cama, a casa
sem sinais de arrombamento, o
alarme e o sistema interno de televisão desligados. Assim a polícia
encontrou ontem a cena do crime
ocorrido no número 232 da rua
Zacarias de Góis, no Brooklin,
uma área nobre na zona sul de
São Paulo.
Os corpos do engenheiro Manfred Albert von Richthofen, 49,
alemão naturalizado brasileiro e
diretor da Dersa (estatal que administra estradas de São Paulo), e
da mulher dele, a psiquiatra Marísia von Richthofen, 49, foram encontrados pelos dois filhos do casal por volta das 4h de ontem, segundo a polícia.
Richthofen estava na cama do
quarto do casal, com um toalha
branca no rosto. Marísia estava ao
seu lado, com um saco plástico
preto de lixo na cabeça. Os dois,
segundo a polícia, não foram assassinados na cama.
Manchas encontradas na parede do quarto levam a polícia a
acreditar que os dois teriam recebido pancadas na cabeça quando
estavam de joelhos, próximos da
parede. Depois disso, eles teriam
sido arrastados para a cama. Ainda não se sabe qual objeto foi usado para aplicar os golpes.
A polícia encontrou ainda um
revólver calibre 38 ao lado da cama, próximo de Richthofen. A filha do casal, a estudante Suzane,
18, confirmou à polícia que a arma era de seu pai.
O revólver, que tinha cinco balas intactas, não foi usado, segundo a polícia. "Um ladrão que rouba uma casa geralmente não deixa
uma arma para trás", disse o delegado do 27º DP (Campo Belo),
Enjolras Rello de Araújo.
Segundo Araújo, Suzane e outro
filho do casal, o estudante Andreas, 15, saíram de casa por volta
das 21h de anteontem. Suzane
deixou Andreas em um cibercafé
e saiu com o namorado, Daniel
Cravinhos de Paula e Silva, 21, que
também mora na região.
Os irmãos teriam se reencontrado no cibercafé e voltado para casa. Suzane e Andreas contaram a
policiais do 27º DP que eles chegaram por volta das 4h e encontraram a porta aberta e luzes da
casa acesas. A filha teria então telefonado para o namorado, que
voltou à casa, e depois para a Polícia Militar.
Os PMs encontraram a biblioteca revirada e os corpos no quarto
do casal, que fica no andar de cima da casa. Suzane informou aos
policiais que foram levados cerca
de US$ 5.000 e de R$ 8.000.
O dinheiro estava em uma caixa
na biblioteca da casa e era, segundo o que informou Suzane à polícia, sobra de uma viagem da família ao Exterior.
Segundo o delegado, o alarme e
o circuito interno de televisão haviam sido desligados. Araújo disse que os filhos informaram à polícia que o sistema estava em desuso porque apresentava problemas e precisava de conserto.
A casa também não apresentava
sinais de arrombamento, segundo o delegado. "A possibilidade
mais forte é de latrocínio [roubo
seguido de morte], mas nenhuma
hipótese é descartada nessa investigação", disse Araújo.
Perícia
A polícia não encontrou testemunhas do crime. Peritos do
DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) vistoriaram o local ontem. Vestígios de
digitais foram coletadas no quarto do casal.
Suzane, Andreas, Daniel e mais
dois funcionários da família foram ouvidos ontem por policiais
do DHPP. A polícia não tem pistas dos autores do crime, mas
acredita que o assassinato foi cometido por pessoas que conheciam o local e as vítimas.
Um tio de Richthofen, que se
identificou apenas como Helmut,
84, também alemão, foi à casa da
família depois de saber do crime
pela televisão. "Ele era o meu único parente no Brasil", afirmou
Helmut. "Apesar de tudo, eu amo
este país."
A rua Zacarias de Góis não registra um caso de latrocínio ou
homicídio desde 1995, segundo
dados do Infocrim (base de dados
informatizada de ocorrências), da
Polícia Civil. No período, o único
roubo registrado na rua ocorreu
em 1999.
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