São Paulo, sexta-feira, 01 de novembro de 2002

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BARBARA GANCIA

FHC e Lula deveriam fazer como Mick e Keith

Quem ousaria imaginar uma inovação como essa nos últimos minutos da derradeira hora?
Fernando Henrique passou dois mandatos na base do feijão-com-arroz e, quando está na iminência de entregar a faixa, vem nos surpreender com a transição de governo mais aberta e límpida que já se viu. Só mesmo entre os pitorescos tapuias.
É mais ou menos como se o marido adúltero levasse a amante para conhecer sua casa e para visitar a gaveta onde a mulher guarda as calcinhas, sutiãs e meias-calças, né não?
Bem, já que o Brasil está dando exemplo na arte de fazer política (alô, Tony Blair! Morra de inveja! A terceira via somos nós!), que tal estender a cordialidade a extremos e promover uma iniciativa que irá revolucionar os costumes políticos do planeta?
Minha proposta é a seguinte: juntos, FHC e o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, promoveriam um périplo pela América do Norte e pelos países da Comunidade Européia que poderia também, se Fernando Henrique assim desejasse, incluir a China e o Japão, só para não ficar faltando nenhum carimbo no passaporte diplomático do nosso presidente "globetrotter".
O tour mundial serviria para mostrar que o Brasil não é a Argentina e não está na bancarrota e que tampouco Lula é o bicho-papão que muita gente, como o secretário do Tesouro dos EUA, Paul O"Neill, e as Redações de jornais, como o inglês "Financial Times" e o norte-americano "The Washington Post", ainda está imaginando.
Lula aprenderia de modo gradativo a comportar-se como manda o figurino perante líderes políticos e autoridades econômicas e poderia assumir já com uma expectativa bem menos pessimista por parte do tal do Walter Mercado internacional.
E o que é mais importante: ninguém mais se chocaria com o fato de ele ter um dedo a menos na mão esquerda. Quando ele assumir, o fato já terá sido devidamente digerido pela imprensa internacional. Outro mérito seria o de deixar a primeira-dama, dona Marisa, mais à vontade em seu novo papel para que ela nunca, mas nunca mesmo, corra o risco de ser confundida com aquela primeira-dama carnavalesca dos tempos do regime militar ou com a outra, E.T. das Alagoas.
Quem sabe, em um momento de descontração e lazer, FHC não possa levar Lula até a região onde se produz o Romanée-Conti, para degustar in loco o vinho que tanta polêmica provocou?

QUALQUER NOTA

Vandalismo
Quer apostar um picolé de limão como não demora para a estátua do poeta Carlos Drummond de Andrade sentado em um banco no calçadão de Copacabana amanhecer com pichações do Comando Vermelho ou até vestindo a camisa do Flamengo? Quem já visitou a estátua de Carlos Gardel, em seu túmulo em Buenos Aires, sabe bem do que estou falando.

E agora, Luiz Inácio?
Em homenagem ao poeta centenário, apresento o meu verso: Tem uma Heloísa Helena no meio do caminho,/ No meio do caminho tem uma Heloísa Helena.

E-mail - barbara@uol.com.br

Internet - www.uol.com.br/barbaragancia/


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