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BARBARA GANCIA
FHC e Lula deveriam fazer como Mick e Keith
Quem ousaria imaginar
uma inovação como essa
nos últimos minutos da derradeira hora?
Fernando Henrique passou dois
mandatos na base do feijão-com-arroz e, quando está na iminência de entregar a faixa, vem nos
surpreender com a transição de
governo mais aberta e límpida
que já se viu. Só mesmo entre os
pitorescos tapuias.
É mais ou menos como se o marido adúltero levasse a amante
para conhecer sua casa e para visitar a gaveta onde a mulher
guarda as calcinhas, sutiãs e
meias-calças, né não?
Bem, já que o Brasil está dando
exemplo na arte de fazer política
(alô, Tony Blair! Morra de inveja!
A terceira via somos nós!), que tal
estender a cordialidade a extremos e promover uma iniciativa
que irá revolucionar os costumes
políticos do planeta?
Minha proposta é a seguinte:
juntos, FHC e o presidente eleito,
Luiz Inácio Lula da Silva, promoveriam um périplo pela América
do Norte e pelos países da Comunidade Européia que poderia
também, se Fernando Henrique
assim desejasse, incluir a China e
o Japão, só para não ficar faltando nenhum carimbo no passaporte diplomático do nosso presidente "globetrotter".
O tour mundial serviria para
mostrar que o Brasil não é a Argentina e não está na bancarrota
e que tampouco Lula é o bicho-papão que muita gente, como o
secretário do Tesouro dos EUA,
Paul O"Neill, e as Redações de jornais, como o inglês "Financial Times" e o norte-americano "The
Washington Post", ainda está
imaginando.
Lula aprenderia de modo gradativo a comportar-se como
manda o figurino perante líderes
políticos e autoridades econômicas e poderia assumir já com uma
expectativa bem menos pessimista por parte do tal do Walter Mercado internacional.
E o que é mais importante: ninguém mais se chocaria com o fato
de ele ter um dedo a menos na
mão esquerda. Quando ele assumir, o fato já terá sido devidamente digerido pela imprensa internacional. Outro mérito seria o
de deixar a primeira-dama, dona
Marisa, mais à vontade em seu
novo papel para que ela nunca,
mas nunca mesmo, corra o risco
de ser confundida com aquela
primeira-dama carnavalesca dos
tempos do regime militar ou com
a outra, E.T. das Alagoas.
Quem sabe, em um momento
de descontração e lazer, FHC não
possa levar Lula até a região onde
se produz o Romanée-Conti, para
degustar in loco o vinho que tanta
polêmica provocou?
QUALQUER NOTA
Vandalismo
Quer apostar um picolé de limão como não demora para
a estátua do poeta Carlos
Drummond de Andrade sentado em um banco no calçadão de Copacabana amanhecer com pichações do Comando Vermelho ou até vestindo a camisa do Flamengo?
Quem já visitou a estátua de
Carlos Gardel, em seu túmulo em Buenos Aires, sabe bem
do que estou falando.
E agora, Luiz Inácio?
Em homenagem ao poeta
centenário, apresento o meu
verso: Tem uma Heloísa Helena no meio do caminho,/
No meio do caminho tem
uma Heloísa Helena.
E-mail - barbara@uol.com.br
Internet - www.uol.com.br/barbaragancia/
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