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QUARTEIRÃO DA JUSTIÇA
Edifício será construído quase em frente à sede atual, no centro; obra será paga pela Nossa Caixa
TJ irá gastar R$ 180 milhões em novo prédio
FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL
O TJ (Tribunal de Justiça) de
São Paulo vai construir no centro
da cidade uma nova sede, um prédio de 20 andares com orçamento
inicial de R$ 180 milhões.
O edifício de 145 mil m2 será erguido entre as ruas Tabatingüera
e Conde de Sarzedas, quase na
frente do Palácio da Justiça -que
abriga sob sua construção neoclássica italiana a presidência do
órgão e salas de julgamento da segunda instância da Justiça paulista, entre outras dependências.
A construção será paga pela
Nossa Caixa, banco do governo
paulista, que concordou em arcar
com as despesas desde que continue gerenciando os depósitos judiciais do Estado.
Para José Raul de Almeida, juiz
do TJ e assessor da presidência do
órgão, a nova sede trará economia
de recursos a longo prazo.
"Hoje temos vários prédios com
gabinetes de desembargadores
espalhados pela cidade. E os processos têm de ser transportados o
tempo todo, o que gera um custo
administrativo imenso", afirma.
O problema, segundo Almeida,
se agravou em dezembro de 2004,
com a reforma do Judiciário paulista, que extinguiu o Tribunal de
Alçada Criminal e os dois cíveis.
Com a mudança, São Paulo, que
tinha 132 desembargadores, passou a ter 360, além de 1.587 funcionários administrativos.
"Cada julgamento é feito num
prédio diferente. Assim fica difícil
operacionalizar e tornar a Justiça
mais célere", diz Almeida.
Hoje, o TJ tem sedes no Pátio do
Colégio, na rua Conselheiro Furtado, no Fórum João Mendes (os
três no centro da cidade), na avenida Paulista e na alameda Jaú (os
dois últimos nos Jardins), entre
outros locais.
Segundo Marcelo Fortes Barbosa Filho, outro assessor da presidência do TJ, a desativação de alguns dos prédios alugados a partir de 2008, data prevista para a
inauguração da nova sede do tribunal, irá gerar uma economia estimada em R$ 1 milhão por mês.
"A longo prazo, teremos uma
economia do dinheiro público",
diz Barbosa Filho.
Para comparação: a sede do Fórum Trabalhista de São Paulo,
com 19 andares em 96 mil m2, conhecida pelas acusações de desvio
de verbas envolvendo o juiz aposentado Nicolau dos Santos Neto,
custou mais do que o previsto para o prédio do TJ -consumiu
mais de R$ 235 milhões ao longo
dos 12 anos em que foi erguida na
Barra Funda (na zona oeste). Só o
desvio de dinheiro gerou um
rombo de R$ 169,5 milhões.
Terreno
O terreno de 11 mil m22, que hoje abriga um estacionamento e escritórios pequenos do TJ, além de
cortiços e lojas que vendem discos
evangélicos, começou a ser desapropriado pelo governo paulista
em 1975. Originalmente, o local
seria a sede do fórum criminal,
que acabou, no entanto, sendo
construído na década passada na
Barra Funda.
O projeto inicial já está pronto.
O desenho foi aprovado pela presidência do TJ e enviado para análise da prefeitura paulistana e do
Condephaat (o conselho estadual
de preservação do patrimônio
histórico de São Paulo) -que solicitou providências para que a
demolição dos atuais imóveis não
danifique a estrutura de uma capela centenária construída no
mesmo quarteirão (leia texto nesta página).
Se não houver impedimentos
legais, a construção da nova sede
do TJ deve começar no ano que
vem, após a troca da presidência
do tribunal -marcada para dezembro. Mas o atual ocupante do
cargo, o desembargador Luiz
Elias Tâmbara, quer marcar a
obra como realização sua.
É ele pessoalmente quem está
agilizando esse projeto e a informatização do tribunal, numa tentativa de reverter a imagem de
lentidão do Judiciário -hoje, um
processo pode levar mais de cinco
anos para ir da primeira para a segunda instância.
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