São Paulo, terça-feira, 01 de novembro de 2005

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MALES DO PASSADO

Superintendente da Vigilância Sanitária do Rio é o 2º óbito que pode ter sido causado por picada do bicho

"Febre do carrapato" é suspeita de nova morte

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Suspeito de ter contraído febre maculosa, doença transmitida pelo carrapato, o superintendente da Vigilância Sanitária do Rio de Janeiro, Fernando Alves Martins Villas Boas Filho, 41, morreu no fim da tarde de ontem. É a segunda morte suspeita de febre maculosa em menos de uma semana.
Se for confirmada a causa, a morte dele e de um jornalista, ocorrida na última quarta, serão as primeiras por febre maculosa no Estado do Rio desde 2002. Há uma terceira pessoa internada. Todos estiveram em um casamento em uma pousada na região serrana do Rio de Janeiro.
Villas Boas Filho havia sido internado no dia 19, com suspeita de dengue hemorrágica. Na quarta, o jornalista Roberto Moura, 58, morreu, também com suspeita de ter sido febre maculosa. Moura havia sido internado no dia anterior com febre alta, manchas vermelhas no corpo e coagulação sangüínea -sintomas da febre maculosa, mas havia também suspeita de dengue hemorrágica.
O terceiro suspeito de contaminação é um professor de 62 anos internado no CTI do hospital São Lucas, onde ficou Roberto Moura. A pedido da família, não foi identificado. Segundo o boletim médico da tarde de ontem, o paciente encontrava-se "estável".

Diagnóstico difícil
A febre maculosa, causada pela bactéria Rickettisia rickettsii e transmitida pelo carrapato-estrela ou pelo carrapato-de-cavalo, tem diagnóstico difícil. Seu nome deriva de dois de seus principais sintomas, alta temperatura corporal e manchas no corpo, indícios semelhantes aos de outras doenças, como dengue, hepatite, leptospirose e meningite.
Os três tiveram sintomas semelhantes e foram a uma pousada em Itaipava para um casamento.
A doença, típica do meio rural, leva a complicações cardíacas, renais, pulmonares e neurológicas. O hospedeiro principal é o cavalo, que é mordido pelo carrapato e passa a ter a bactéria em seu organismo. O homem não transmite a doença, mas é o único a desenvolvê-la. O tratamento exige antibióticos e cuidados médicos.
Elba Sampaio de Lemos, do Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses do Instituto Oswaldo Cruz, disse que os resultados dos exames de sangue dos três serão divulgados até quinta. "O resultado pode dar negativo. Mas não quer dizer que não contraíram a doença. Os anticorpos demoram cerca de dez dias para aparecer."
Segundo a Fundação Oswaldo Cruz, as últimas mortes por febre maculosa no Estado do Rio ocorreram em 2002, em Barra do Piraí.


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