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MALES DO PASSADO
Superintendente da Vigilância Sanitária do Rio é o 2º óbito que pode ter sido causado por picada do bicho
"Febre do carrapato" é suspeita de nova morte
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Suspeito de ter contraído febre
maculosa, doença transmitida pelo carrapato, o superintendente
da Vigilância Sanitária do Rio de
Janeiro, Fernando Alves Martins
Villas Boas Filho, 41, morreu no
fim da tarde de ontem. É a segunda morte suspeita de febre maculosa em menos de uma semana.
Se for confirmada a causa, a
morte dele e de um jornalista,
ocorrida na última quarta, serão
as primeiras por febre maculosa
no Estado do Rio desde 2002. Há
uma terceira pessoa internada.
Todos estiveram em um casamento em uma pousada na região
serrana do Rio de Janeiro.
Villas Boas Filho havia sido internado no dia 19, com suspeita
de dengue hemorrágica. Na quarta, o jornalista Roberto Moura, 58,
morreu, também com suspeita de
ter sido febre maculosa. Moura
havia sido internado no dia anterior com febre alta, manchas vermelhas no corpo e coagulação
sangüínea -sintomas da febre
maculosa, mas havia também
suspeita de dengue hemorrágica.
O terceiro suspeito de contaminação é um professor de 62 anos
internado no CTI do hospital São
Lucas, onde ficou Roberto Moura. A pedido da família, não foi
identificado. Segundo o boletim
médico da tarde de ontem, o paciente encontrava-se "estável".
Diagnóstico difícil
A febre maculosa, causada pela
bactéria Rickettisia rickettsii e
transmitida pelo carrapato-estrela ou pelo carrapato-de-cavalo,
tem diagnóstico difícil. Seu nome
deriva de dois de seus principais
sintomas, alta temperatura corporal e manchas no corpo, indícios semelhantes aos de outras
doenças, como dengue, hepatite,
leptospirose e meningite.
Os três tiveram sintomas semelhantes e foram a uma pousada
em Itaipava para um casamento.
A doença, típica do meio rural,
leva a complicações cardíacas, renais, pulmonares e neurológicas.
O hospedeiro principal é o cavalo,
que é mordido pelo carrapato e
passa a ter a bactéria em seu organismo. O homem não transmite a
doença, mas é o único a desenvolvê-la. O tratamento exige antibióticos e cuidados médicos.
Elba Sampaio de Lemos, do Laboratório de Hantaviroses e Rickettsioses do Instituto Oswaldo
Cruz, disse que os resultados dos
exames de sangue dos três serão
divulgados até quinta. "O resultado pode dar negativo. Mas não
quer dizer que não contraíram a
doença. Os anticorpos demoram
cerca de dez dias para aparecer."
Segundo a Fundação Oswaldo
Cruz, as últimas mortes por febre
maculosa no Estado do Rio ocorreram em 2002, em Barra do Piraí.
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