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OUTONO DO PATRIARCA
Segundo estudo da Febem e da USP, em 48% dos casos, mãe conduz família porque pai abandonou o lar
Mulher chefia 50% das famílias de infratores
ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local
As mães são chefes em metade
das famílias de jovens infratores
recolhidos a unidades da Febem
(Fundação Estadual do Bem-Estar
do Menor), em São Paulo.
Esse é um dos resultados de pesquisa financiada pelo Ministério
da Justiça e realizada em conjunto
pela Febem e pela Faculdade de
Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo), concluída no
segundo semestre deste ano.
O estudo mostra que, nessas famílias de infratores dirigidas por
mulheres, 13% são conduzidas
por mulheres sozinhas e 37% contam com novos maridos ou familiares. Foram ouvidas 292 famílias
de infratores, em São Paulo.
"O levantamento revela que há
uma diminuição da presença do
pai na família", diz a socióloga
Rosane Silva Vianna, da Assessoria de Planejamento da Febem.
Os dados do estudo revelam que
o principal motivo da transmissão
para a mulher da responsabilidade
de condução da família é o abandono do lar pelo pai: 48% dos casos. O levantamento levou em
consideração situações como, por
exemplo, morte do marido.
No entanto Rosane não atribui
exclusivamente à falta do pai a
transformação do jovem em infrator. "A infração está ligada à sociedade de consumo. O jovem de
classe baixa, que não consegue
comprar, pode roubar."
Ela aponta o desemprego como
um fator que pode "fragilizar" a
figura do pai. De acordo com o estudo, o percentual de infratores
com pais desempregados passou
de 2,3% para 17% no último ano.
Para o presidente da Febem,
Eduardo Roberto Domingues da
Silva, a "figura do pai foi se tornando distanciada".
"Não tendo o limite que deveria
ser imposto pelo pai, a vida do jovem fica menos disciplinada. Mas
isso não quer dizer que todos os
adolescentes que contam com o
pai possam estar livre disso (da indisciplina)", afirma Silva.
Segundo Rosane, o fato de o jovem ter se tornado infrator não está associado a uma desestruturação familiar.
"A maioria das famílias entrevistadas de jovens infratores é pobre (ganha em torno de cinco salários mínimos), mas não é miserável, possui casa própria e mora em
lugar com infra-estrutura de água,
esgoto e iluminação", diz Silva.
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