São Paulo, quinta-feira, 01 de dezembro de 2005

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EFEITO COLATERAL

Antipsicótico traz risco a idosos, aponta estudo

Risco de morte é mais alto com o uso de drogas antigas

FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Um estudo realizado por um hospital da universidade de Harvard (EUA) alerta sobre os riscos de morte no uso de anti-psicóticos em idosos. Os remédios são drogas psiquiátricas utilizadas contra alucinações e agressividade, quadros comuns em doenças desenvolvidas na terceira idade, como o Mal de Alzheimer.
A pesquisa, que avaliou os registros de morte de quase 23 mil pacientes que começaram a tomar as drogas entre 1994 e 2003, foi publicada na edição de terça da revista científica "New England Journal of Medicine".
Segundo o levantamento, o risco de morte é maior para idosos que usam remédios antigos, da primeira geração de antipsicóticos, como a clorpromazina (Amplictil, por exemplo) e o aloperidol (Haldol, por exemplo). Ele mostra que 18% dos pacientes que usavam as drogas antigas morreram nos seis primeiros meses de tratamento.
As drogas de primeira geração, que existem desde os anos 50, são amplamente utilizadas no sistema público de saúde. Segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria, o governo determina que nos três primeiros meses sejam aplicados esses remédios, de menor custo.
Entre os que usaram as drogas de última geração, mais caras, como a risperidona (Risperdal, Risperidon e Viverdal, por exemplo), também houve problemas, mostra o estudo: 15% morreram nos primeiros seis meses.
Em abril, o FDA (agência dos EUA para drogas e alimentos) já havia pedido aos fabricantes que acrescentassem uma advertência às bulas dos antipsicóticos de última geração. Também a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, no Brasil, alertou sobre o uso dessas drogas em idosos com demência. Os novos remédios são dos anos 90 e trazem menos efeitos colaterais. Segundo o FDA, pneumonia e problemas de coração causaram as mortes.
Segundo o psiquiatra Pedro Carneiro, nenhum paciente deve interromper o tratamento sem o médico saber. Para ele, talvez seja necessário rediscutir os remédios. O presidente da associação de psiquiatria, Josimar França, diz que, para alguns idosos, antipsicóticos antigos são mais seguros por não trazerem risco cardíaco.


Com agências internacionais

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