Choveu 230,7 mm na capital paulista, volume 63% maior do que média do mês

Outras cidades do Estado também tiveram chuva acima da média no mês, como Campos do Jordão, Ubatuba e Franca

FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Há 28 anos o paulistano não enfrentava tanta chuva em novembro. Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), choveu 230,7 mm (230,7 litros por m2) em São Paulo no mês. O volume é 63% maior do que a média histórica para todo o mês -141 mm- e o mais alto desde 1978, quando o índice ficou em 424 mm.
Segundo o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências), a cidade teve 22 pontos de alagamento ontem. A zona sul foi a mais atingida. No entorno do shopping Morumbi, lojas, postos de gasolina, bancas, lanchonetes e algumas casas foram prejudicados.
Trinta famílias precisaram ir para um abrigo no Campo Limpo, segundo a Defesa Civil, que ontem 20 registrou ocorrências, sendo sete deslizamentos. Houve ainda três desabamentos de muro na zona leste. Outras cidades do Estado também tiveram chuva acima da média em novembro, como Campos do Jordão, Ubatuba e Franca. Em Franca, foram 356 mm no mês -77,1% acima da média histórica. Anteontem, a chuva abriu uma cratera em uma avenida. Um carro caiu no buraco, mas não houve feridos.
Em Ubatuba (litoral norte de SP), a prefeitura decretou estado de atenção. Nos últimos três dias, choveu 129 mm na cidade -121 mm somente nas últimas 24 horas-, o que aumentou o risco de deslizamentos de terra. A cheia do rio Tavarez deixou pelo menos 35 pessoas desabrigadas.
Em Bananal (348 km de SP), na divisa com o Rio, a chuva provocou, anteontem à noite, a erosão de um trecho de cinco metros da SP-68, antiga Rio-São Paulo, conhecida como Estrada dos Tropeiros. A cratera, com cerca de quatro metros de profundidade, impede a passagem de veículos em ambos os sentidos da estrada. De acordo com a Polícia Rodoviária, as obras de recuperação devem começar ainda hoje.

Umidade e calor
Segundo meteorologistas, uma chuva contínua atinge a capital paulista há uma semana. A situação é resultado da alta umidade associada às temperaturas elevadas registradas na região nos últimos dias. O cenário favorece a formação de nuvens e, por conseqüência, a ocorrência de chuvas.
"Além disso, foram verificados deslocamentos de ar na atmosfera, que chamamos de cavados e que ajudaram a deixar o tempo nublado por tanto tempo", disse Kelen Andrade, meteorologista do Cptec (Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos). Segundo Andrade, apesar de acima da média, o índice pluviométrico é considerado normal para esta época do ano.
De acordo com o Cptec, a previsão é que a chuva diminua em São Paulo. Há possibilidade de chuva hoje, mas o final de semana deverá ser de sol e tempo aberto. No litoral, as chuvas devem continuar, mas com menor intensidade. Para dezembro, de acordo com o Inmet, a previsão é que a capital paulista registre chuvas dentro da média histórica do mês, que é de 205 mm.