São Paulo, sexta-feira, 01 de dezembro de 2006

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Ação de PMs em 11 mortes é investigada

Semelhanças em cinco casos leva corregedoria a suspeitar que policiais tenham forjado tiroteios para justificar assassinatos

Os óbitos correspondem a 12% das 92 pessoas listadas como mortas em confronto com a polícia de 12 a 19 de maio, pico de ataque do PCC

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao menos 11 das 92 mortes (12%) de civis decorrentes de ocorrências classificadas como "resistência seguida de morte", entre os dias 12 e 19 de maio deste ano, são investigadas pela Corregedoria da PM sob a suspeita de terem sido resultado de tiroteios forjados por policiais da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) -a tropa de elite da polícia paulista- para justificar os homicídios.
As 11 mortes aconteceram no período mais crítico dos ataques da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) contra as forças de segurança do Estado.
Em Guarulhos, a Rota matou o presidiário Jefferson Morgado Britto, 31, e o ex-detento José Feliz Ramalho, 44, no dia 13; no dia 15, Jardel Silva de Oliveira, 17, e Edson de Oliveira, 25.
Em Poá, a menos de cem metros de distância, em dias diferentes, Luiz Carvalho de Brito, 49, e um homem não identificado, e depois Paulo Rodrigues, 24, e outro não identificado.
Na rodovia Régis Bittencourt, em Itapecerica da Serra (todas cidades da Grande São Paulo), os policiais afirmam ter trocado tiros com Leandro Araújo Santos, 18, Deived Furtado de Araújo, 17, e Gilson Furtado de Araújo, 21.
Todos os casos têm coincidências: a) em quatro dos cinco casos, os PMs mataram duas pessoas numa suposta troca de tiros em que nenhum policial nem o carro da Rota foram atingidos; b) sempre uma das duas vítimas portava documento que comprovava que ele estava cumprindo pena em alguma penitenciária; c) o cabo Renato Aparecido Russo está envolvido em três das cinco supostas trocas de tiros, nos dias 13, 14 e 15 de maio; d) as 11 vítimas foram levadas para hospitais, mesmo tendo sido atingidas em regiões vitais, como peito e cabeça. Russo tem ligação com seis dos 11 óbitos.
Em dois dos cinco casos, Russo estava com o segundo-tenente Francisco Laroca Júnior e o soldado Marco Pinheiro. Este, à corregedoria, disse ter sido atacado no último domingo, quando o prédio onde vive, em Osasco (Grande SP), foi invadido por homens que queriam se vingar dele. Sete PMs foram afastados das ruas: Laroca Júnior, Russo, Pinheiro, Alexandre de Lima Costa, Sérgio Kenji Ueda, Antonio da Costa Filho e Marcio H. S. Santos.


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