|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
foco
"Triste é ficar e suportar toda a tristeza", diz ex-moradora do Alto do Baú
DO ENVIADO A ILHOTA
A imagem de pânico no rosto de Teresinha Floriano, 40,
ao ser resgatada de helicóptero não era só reação momentânea por ter ficado três dias
sob ameaça de deslizamentos
de terra no Alto do Baú, região de Ilhota mais atingida
pelas enchentes em SC.
As lágrimas no rosto que
continuam até hoje a cada
abraço, a cada conversa, eram
também um sinal de desespero por ter deixado de lado a
máquina de lavar recém-adquirida e que tem três prestações por vencer, a moto cuja
última parcela foi quitada nas
semanas anteriores, a comida
do mês que ela comprou fiado
por R$ 150 e que prometeu
pagar no dia 5.
Sem falar no emprego de
costureira na cooperativa do
bairro e onde também trabalhavam a filha, a irmã e a cunhada. Tudo foi por água e
terra abaixo.
"Quem morreu pelo menos
descansou. Triste é ter que ficar e suportar toda a tristeza",
afirmou ela, ao ser localizada
pela Folha num abrigo em
Gaspar, quatro dias após seu
resgate pelo Exército.
Hoje ela deverá ir embora
de lá com a família para outro
alojamento, em Ilhota, por
ser habitante do município.
"Estamos sem emprego,
sem casa, sem dinheiro, só vivendo de favor", disse.
Teresinha sempre morou
no Alto do Baú, mas já foi informada: "nunca mais vai dar
pra voltar". Ou então, se conseguir retornar, dificilmente
encontrará o imóvel em pé,
pois é cercado por um rio.
No dia do resgate, ela, seu
marido, Maureci, 37, e os três
filhos (Jéssica Thais, 16, Tiago Augusto, 9, e Nathan, 3) ficaram por mais de dez horas
olhando para cima à espera
da ajuda anunciada por vizinhos e pela emissora de rádio. "Quando chegou, a gente
nem acreditava", contou.
(ALENCAR IZIDORO)
Texto Anterior: Famílias aproveitam trégua das chuvas para limpar casas Próximo Texto: Enchente isola 2.000 famílias em Campos Índice
|