São Paulo, segunda-feira, 01 de dezembro de 2008

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"Triste é ficar e suportar toda a tristeza", diz ex-moradora do Alto do Baú

DO ENVIADO A ILHOTA

A imagem de pânico no rosto de Teresinha Floriano, 40, ao ser resgatada de helicóptero não era só reação momentânea por ter ficado três dias sob ameaça de deslizamentos de terra no Alto do Baú, região de Ilhota mais atingida pelas enchentes em SC.
As lágrimas no rosto que continuam até hoje a cada abraço, a cada conversa, eram também um sinal de desespero por ter deixado de lado a máquina de lavar recém-adquirida e que tem três prestações por vencer, a moto cuja última parcela foi quitada nas semanas anteriores, a comida do mês que ela comprou fiado por R$ 150 e que prometeu pagar no dia 5.
Sem falar no emprego de costureira na cooperativa do bairro e onde também trabalhavam a filha, a irmã e a cunhada. Tudo foi por água e terra abaixo.
"Quem morreu pelo menos descansou. Triste é ter que ficar e suportar toda a tristeza", afirmou ela, ao ser localizada pela Folha num abrigo em Gaspar, quatro dias após seu resgate pelo Exército.
Hoje ela deverá ir embora de lá com a família para outro alojamento, em Ilhota, por ser habitante do município.
"Estamos sem emprego, sem casa, sem dinheiro, só vivendo de favor", disse.
Teresinha sempre morou no Alto do Baú, mas já foi informada: "nunca mais vai dar pra voltar". Ou então, se conseguir retornar, dificilmente encontrará o imóvel em pé, pois é cercado por um rio.
No dia do resgate, ela, seu marido, Maureci, 37, e os três filhos (Jéssica Thais, 16, Tiago Augusto, 9, e Nathan, 3) ficaram por mais de dez horas olhando para cima à espera da ajuda anunciada por vizinhos e pela emissora de rádio. "Quando chegou, a gente nem acreditava", contou. (ALENCAR IZIDORO)


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