|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
No planalto e na região oeste de SC, o problema é a seca
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
As enchentes no Vale do Itajaí e no litoral não são os únicos
problemas da agropecuária catarinense. A crise financeira internacional e a falta de chuvas
no planalto e no oeste do Estado de Santa Catarina já preocupam o setor.
""É um paradoxo. Chuvas torrenciais há mais de 90 dias no
Vale do Itajaí e no litoral, e um
veranico [período sem chuvas
que prejudica a agricultura] de
mais de 20 dias no oeste e no
planalto. Isso pode expandir os
prejuízos a todo o Estado", diz
Enori Barbieri, vice-presidente
da Faesc (Federação da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina).
As enchentes já provocaram
perdas de R$ 415,5 milhões no
setor. Enquanto isso, a escassez
de chuvas atinge as lavouras de
soja e, especialmente, as de milho, principal produto agrícola
do Estado, com expectativa de
produção de 4 milhões de toneladas.
""O veranico surgiu exatamente durante a época da floração do milho. E, se não chover nos próximos dias, os prejuízos serão enormes", afirma
Barbieri.
Para a produção de carnes
(aves e suínos), a maioria para
exportação, Santa Catarina
consome, por ano, 6 milhões de
toneladas de milho.
Seca continua
Se depender das previsões
meteorológicas, a estiagem deve perdurar no planalto (norte)
e no oeste de Santa Catarina
nos dez primeiros dias de dezembro, pelo menos, prejudicando o plantio -já atrasado-
da soja.
A previsão inicial era de produção de 1 milhão de toneladas
no Estado.
Segundo Rosandro Minuzzi,
agrometeorologista da Epagri
(Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina), a previsão é de que
as chuvas -em nível satisfatório- só ocorrerão no oeste a
partir do próximo dia 12, daqui
a quase duas semanas
""É uma situação extremamente crítica. O milho que eu
plantei já apresenta amarelão
nas folhas, fenômeno típico de
escassez hídrica, e a soja vai ter
que ser replantada, pois o sol
quente impediu o crescimento
deste grão", afirma o produtor
Wilson Locateli, 67, de Chapecó (cidade a 583 km a oeste de
Florianópolis).
Mauro Zandavalli, secretário
municipal da Agricultura de
Chapecó, aponta que o oeste é
responsável por 35% da produção de grãos de todo o Estado.
""A estiagem pode aumentar os
problemas não só na agricultura como também na avicultura
e suinocultura, que dependem
dos grãos."
O agrometeorologista Rosandro Minuzzi afirma ainda
que as chuvas, depois da primeira quinzena de novembro,
têm sido isoladas tanto no planalto como no no oeste, ""com
alguns municípios sofrendo
mais que outros os efeitos da
estiagem".
Segundo ele, em Itapiranga
(extremo oeste de SC), os produtores convivem com a seca
há mais de um mês, desde 13 de
outubro.
Texto Anterior: Helicópteros já resgataram 1.024 pessoas Próximo Texto: Frase Índice
|