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CASO DINIZ
Líder do grupo diz que não vai parar a greve de fome para retornar à cadeia; TJ julga hoje redução de pena
'Tenho medo de morrer', diz sequestrador
MALU GASPAR
da Reportagem Local
Um dia antes de ter a redução
das suas penas julgadas, o líder
dos sequestradores do empresário
Abílio Diniz, o argentino Humberto Paz, diz que tem medo de
morrer, mas que o grupo não vai
parar a greve mesmo que a Justiça
lhes dê uma sentença favorável.
Paz falou à Folha ontem por telefone do Hospital das Clínicas,
em São Paulo, onde está internado
com outros seis sequestradores.
O grupo, composto por sete homens e uma mulher, completa hoje 15 dias sem comer.
"Todos aqui temos medo de
morrer. Mas tomei uma decisão
com meus companheiros e pensamos sobre isso por muito tempo.
Não suspenderemos a greve até
termos liberdade. Não vamos parar tudo para voltar à cadeia."
Falando devagar e com a respiração ofegante, Paz contou que ele
e seus companheiros estão muito
enfraquecidos e sentindo tonturas
cada vez mais fortes.
Ele e os chilenos Sérgio Urtubia
e Hector Tapia tiveram "quedas
significativas" nos níveis de potássio e todos estão com pouco sódio no organismo, segundo o HC.
Essas reações ao jejum prolongado podem causar parada cardíaca.
Julgamento
Paz disse que o grupo não pretende parar a greve de fome se o
julgamento de hoje no Tribunal de
Justiça confirmar a redução das
penas dos sequestradores.
Quando a sessão foi suspensa,
na semana passada, dois dos dez
desembargadores do tribunal haviam votado pela redução. Mas, se
confirmadas, mesmo menores, as
novas penas não permitirão que
eles sejam soltos.
"Esse resultado não muda nossa situação, mas, se confirmado,
pode facilitar ao governo fazer
justiça conosco dessa vez", diz.
A decisão de hoje está sendo vista pelo governo federal como a
única forma de resolver o caso
com rapidez. A expulsão dos chilenos e argentinos e o indulto ao
brasileiro Äcondições para o fim
da greveÄ não são consideradas,
diz o Ministério da Justiça.
Para Paz, os presos têm "mais
razão e motivação" nesta greve
do que na anterior, que durou 16
dias em abril. "Já temos direito
até à liberdade condicional, mas
não cumpriram nenhuma das
promessas que nos fizeram."
Daquela vez, a greve foi suspensa devido a um compromisso da
Vara das Execuções Criminais de
São Paulo de julgar em 60 dias os
pedidos deles de regime semi-aberto, o que não ocorreu.
Ontem, eles receberam a visita
de parlamentares do PT. Formalmente, pediram desculpas ao partido pelo que consideram um "erro político". Às vésperas da eleição presidencial de 89, os presos
foram exibidos com camisetas do
PT e associados ao partido.
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