São Paulo, sexta-feira, 02 de janeiro de 2004

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RÉVEILLON

Metrô funcionou sem parar, mas houve espera; de acordo com a Polícia Militar, 1,9 milhão de pessoas foram à festa

Público recorde enfrenta filas na Paulista

DA REPORTAGEM LOCAL

DO "AGORA'

Quem foi para a Paulista no Réveillon enfrentou filas do começo ao fim. Quase 2 milhões de pessoas participaram do evento de virada do ano na avenida.
O número superou a expectativa dos organizadores, que aguardavam 1,5 milhão de pessoas. De acordo com a Polícia Militar, 1,9 milhão de pessoas estavam no local na hora da virada.
No início da noite, as filas foram para chegar ao palco da festa. Os policiais militares instalaram barreiras nas ruas que davam acesso à Paulista e, munidos de detectores de metal, revistavam todos.
Ao final da festa, mais filas -desta vez, em busca de transporte para voltar para casa. O Metrô iria encerrar as atividades às 3h, mas, devido ao grande fluxo de pessoas, decidiu manter em operação as três estações da avenida Paulista.
Entre a 0h e as 4h40 passaram pela linha verde -que atende a Paulista- 26.632 pessoas, quase duas vezes mais do que no ano anterior, quando o público foi de 9.828 e o metrô fechou às 3h.
Para fugir da fila, muita gente preferiu permanecer na avenida Paulista até que a multidão que aguardava o metrô se dispersasse. Uma garoa tornou a espera ainda mais comprida.
"A festa deveria ter terminado mais tarde", reclamou o analista de qualidade Luciano Soares, 28.
O grafiteiro César Tadeu Reis Cunha, 34, aproveitou o tempo de espera para paquerar as garotas no ponto de ônibus. "Na festa só tinha homem e as poucas mulheres não queriam saber de nada", reclamou.

Aniversário
Além da passagem de ano, a festa teve o apelo de ser o primeiro evento comemorativo do 450º aniversário da cidade, que ocorre no próximo dia 25.
A prefeita Marta Suplicy (PT) abriu o evento de forma simbólica, às 18h30, mas não passou o Réveillon na avenida. Comemorou a data em casa.
A virada aconteceu ao som do grupo de reggae Cidade Negra e com queima de 80 mil fogos de artifício, enquanto os telões mostravam imagens da cidade.
Não houve tumultos, segundo a polícia. Um menino de oito anos e seus pais sofreram queimaduras de segundo e terceiro grau ao soltarem rojões.

Veteranos e novatos
Para a empregada doméstica Maria Helena Zanfonato Nascimento, 44, já são seis anos de festa na Paulista. Desde 1998, no dia 31 de dezembro ela cumpre a mesma rotina: participa da corrida de São Silvestre à tarde e à noite festeja a virada do ano.
Desta vez, no entanto, foi um pouco diferente. Com o joelho operado, ela não pôde participar da maratona. Mesmo assim, não dispensou a festa. "Eu tinha que vir de qualquer jeito para ficar de olho nas minhas três filhas, que viriam com ou sem mãe", conta.
O marido ficou em casa, fazendo o churrasco que a família ia comer após o Réveillon. Gaúcha, Nascimento mora em São Paulo há 24 anos e se disse satisfeita por participar das festividades dos 450 anos. "É uma cidade muito acolhedora e hospitaleira, tanto para o rico como para o pobre."
Já as amigas Maria Auxiliadora dos Santos, 44, e Janete Calazans da Silva, 46, passaram pela primeira vez o Réveillon na avenida Paulista. "Estou adorando, mas deveria ter mais cantores", queixava-se Santos, citando nomes como Elba Ramalho e Ivete Sangalo a título de sugestão.
Mas mesmo sem as cantoras e com um problema na perna direita, decorrente de paralisia infantil, ela não deixou de se divertir.



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