|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CLIMA
No dia 30 de março, geólogos concluirão o primeiro levantamento em 12 anos; hoje, técnicos monitoram 250 locais
SP só conhecerá área de risco após as chuvas
DAGUITO RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura de São Paulo só vai
saber quais e quantas são as áreas
de risco na cidade após o fim do
verão, quando a temporada de
chuvas se ameniza. No dia 30 de
março, será finalizado o primeiro
mapeamento dessas áreas em 12
anos, elaborado por geólogos do
Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e da Unesp (Universidade Estadual Paulista).
"Para planejar o tratamento do
doente, é preciso fazer o diagnóstico", disse o geólogo Fernando
Nogueira, da Secretaria de Governo. Ele explica que somente com
esse balanço a prefeitura vai poder realizar obras de prevenção
efetiva, começando pelas áreas da
cidade de maior risco.
Em dois anos de gestão Marta
Suplicy (PT), foram investidos
quase R$ 6 milhões em 32 obras
de contenção -23 já inauguradas-, R$ 130 milhões em obras
de drenagem -mais R$ 90 milhões emergenciais- e R$ 37 milhões em remoções de famílias.
Para 2003, está previsto investimento dos mesmos R$ 130 milhões em obras de drenagem e R$
7 milhões em 42 obras de contenção. Dez obras a mais do que nos
dois primeiros anos de governo.
O último mapeamento, realizado em 1990 durante a gestão da
então petista Luiza Erundina
(1989-1991), identificou e classificou cerca de 300 áreas. A Secretaria das Subprefeituras calcula 250
áreas em monitoramento por
geólogos atualmente.
"[A prefeitura] só vai resolver o
problema se houver um trabalho
permanente e científico, e não
distribuindo dinheiro depois do
acidente", disse Nogueira.
Com o novo balanço, diz o geólogo, a prefeitura deverá investir
exatamente nos pontos mais necessários. Ele cita o exemplo da
Chácara Santana (zona sul).
A Justiça determinou no ano
passado que 80 famílias fossem
retiradas do local, considerado de
risco. A partir de um mapeamento da região, a prefeitura definiu
que apenas duas realmente precisavam ser retiradas com urgência,
o restante permaneceu. Segundo
ele, deixou-se de investir em
transferências desnecessárias.
Carolina Michelin de Almeida,
26, está entre os 20 geólogos contratados emergencialmente pela
prefeitura no ano passado para
fiscalizar e avaliar áreas de risco.
Carolina trabalha, ao lado de
outro geólogo, na Freguesia do
Ó/Brasilândia. Ela conta que, desde outubro, a subprefeitura monitora as 31 áreas consideradas de
risco da região. Segundo a geóloga, eles estudam a aplicação de
pequenas obras para solucionar
os problemas -como a construção de calhas para a drenagem da
superfície-, mas, desde que chegaram à subprefeitura, disse ela,
nenhuma obra foi realizada.
"Não fizemos nada ainda, mas
indicamos os locais mais perigosos. Depende de muita coisa, é um
trabalho de "formiguinha". É difícil porque não há unidade habitacional disponível", disse.
A Subprefeitura do Jabaquara
(zona sul) aponta três áreas consideradas de risco. Um dos trechos
mais complicados são os 2,5 km
de favelas às margens do córrego
Água Espraiada, onde vivem cerca de 25 mil pessoas.
"Eles [a prefeitura] tiram os barracos do barranco, mas dali a
pouco [os moradores] voltam a
construir de novo", diz a moradora Maria Helena da Silva, 56. Os
moradores voltam aos locais por
não terem outro lugar para ir.
O chefe de gabinete da Subprefeitura do Jabaquara, Homero
Saes, disse que a prefeitura enfrenta dificuldades nessas áreas.
Segundo ele, tentou-se criar Nudecs (Núcleos Comunitários de
Defesa Civil) nessas favelas e até
instalar um alarme para situações
de emergências, mas não teria havido aceitação popular. "Eu queria ter conjuntos habitacionais
para levar essas pessoas", disse.
Texto Anterior: País importa produto europeu Próximo Texto: Moradores convivem com o perigo Índice
|