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QUALIDADE DE VIDA
Subprefeitura tem primeira horta urbana, central de coleta seletiva e ponto de entrega de entulho
Sem verde, Mooca é vanguarda ambiental
MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando se trata de citar áreas da
cidade de São Paulo que se destacam pela preocupação ambiental,
a Subprefeitura da Mooca, na zona leste, certamente não é das primeiras que vêm à mente. A região
sempre esteve associada ao passado industrial da capital. Lá está o
que sobrou dessa era: fábricas, vilas operárias, galpões e também
baixos índices de área verde per
capita, as maiores temperaturas e
problemas com lixo e entulho.
E é exatamente por tudo isso
que os distritos da região saíram
na frente e se tornaram uma espécie de vanguarda ambiental.
Foi no Tatuapé que a coleta seletiva com ex-catadores de rua começou há quase um ano e onde
vem se desenvolvendo melhor.
Das 11 centrais de triagem da cidade, a da região, operada pela
Cooperativa Tietê, é a única que
tem uma coleta porta a porta própria e um relacionamento mais
estreito com as comunidades, sobretudo os condomínios.
A primeira horta urbana da capital começou a ser cultivada, em
meados de 2003, na Mooca. A iniciativa mostrou que o projeto dá
certo e já resultou na implantação
de uma segunda horta em Guaianazes, na zona leste.
Próximo à horta, mas no distrito do Brás, está também o primeiro e único ecoponto da cidade,
para recebimento de entulho -o
qual, ao dar uma alternativa de
deposição para resíduos de pequenas obras, evita que eles parem nas ruas e córregos. O projeto
de descentralização do Limpurb
(Departamento de Limpeza Urbana), que data do segundo ano
da gestão petista, não decolou no
resto da cidade.
E serão os empresários da região da subprefeitura os primeiros da capital -talvez do país- a
receber, ainda neste ano, um selo
verde por seu envolvimento em
projetos de arborização, recuperação de praças e construção de
calçadas verdes (parte de concreto, parte de grama) nos bairros.
Desde 2001, foram fechados 22
termos de cooperação com empresas e universidades -5 deles
em 2004- e há 4 em negociação.
Isso fora projetos que ainda estão no papel (a transformação de
um clube municipal em parque e
a formação de uma cooperativa
para reaproveitar os restos de tecidos das confecções do Brás) e a
reforma, com recursos próprios,
de 21 das 200 praças da região.
"Fome e vontade de comer"
As razões para o investimento
"verde" podem ser resumidas na
popular expressão "junção da fome com a vontade de comer".
A forma de industrialização da
cidade, despreocupada com as
questões ambientais, deixou a
Subprefeitura da Mooca com
uma média de área verde de 3,6
m2 por habitante. A média geral
da cidade é de 73,65 m2 per capita.
A falta de cobertura verde é decisiva para que a região registre
temperaturas até 4C acima das
da av. Paulista, e a impermeabilização do solo agrava as enchentes
porque facilita o escoamento da
água para os rios e córregos.
A falta de qualidade ambiental é
literalmente sentida na pele pelos
moradores, que, razoavelmente
bem servidos de infra-estrutura
básica, escolas e unidades de saúde, pediram, no plano diretor regional e no orçamento participativo, árvores, maior atenção em
relação ao lixo, projetos de reciclagem e mais opções de lazer.
As reivindicações encontraram
na subprefeita Harmi Takiya, 43,
um bom "ouvido". Geóloga, funcionária de carreira da Secretaria
do Verde e do Meio Ambiente e
uma das coordenadoras do Atlas
Ambiental do Município, ela admite: "Gosto da temática ambiental, me identifico com ela".
"Cada subprefeitura tem de eleger sua prioridade. A da Lapa são
os idosos; a da Sé, o centro; a de
Santana, áreas de risco; a nossa é o
ambiente", diz Takiya. "Mas tudo
é em resposta a uma demanda
dos moradores, que também estão sensibilizados. Acho que isso
tem a ver com o fato de, em geral,
a população da região viver aqui
há bastante tempo e ter suas raízes em imigrantes", afirma.
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