São Paulo, quinta-feira, 02 de março de 2000


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INVESTIGAÇÃO
Polícia vai investigar suposta existência de movimento revolucionário criado por Marcinho VP
Secretário vê traficante como subversivo

da Sucursal do Rio

O secretário de Segurança Pública do Rio, Josias Quintal, disse ontem que a polícia está investigando a suposta existência do movimento social "favelania", que teria sido criado pelo traficante de drogas Márcio Amaro de Oliveira, o Marcinho VP, 30.
"Favelania" foi um conceito criado pelo traficante e mencionado em entrevista à TV Globo -a expressão designa uma proposta de conscientização política de moradores de favelas.
O secretário de Segurança determinou que a polícia investigue se está em curso a formação de um movimento revolucionário que possa atentar contra a soberania nacional.
Como Marcinho VP afirmara também que teria sido ajudado por artistas e políticos, Quintal quer saber se o traficante recebeu "assessoramento intelectual".
Segundo Quintal, se houver indícios de crime federal, a Polícia Federal será chamada.
De acordo com o secretário, o coordenador de movimentos sociais em favelas André Fernandes -que trabalhou no morro Dona Marta, em Botafogo (zona sul), reduto de Marcinho VP-, será convocado a depor para esclarecer se estaria ajudando o traficante a difundir o conceito de "favelania", como suspeita a polícia. Fernandes não foi localizado ontem para comentar o assunto.
A polícia espera prender até amanhã o traficante, que foi pivô de uma crise na cúpula da Segurança Pública do Rio.
De acordo com o diretor da DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Polícia Civil), delegado Cláudio Vieira, ele deverá ser preso antes do Carnaval. Segundo a polícia, Marcinho deixou a Argentina, onde havia se refugiado no final de 99, e estaria escondido em uma favela do Rio.
O fato de Marcinho VP ter recebido ajuda financeira do cineasta João Moreira Salles para escrever um livro gerou divergências públicas entre Josias Quintal, que condenou a iniciativa, e o coordenador da área de Segurança, Luiz Eduardo Soares, que não viu crime na iniciativa de Salles.
O cineasta foi convocado a comparecer hoje de manhã na Corregedoria de Polícia Civil para esclarecer denúncia de que teve seu telefone grampeado e foi alvo de chantagem de policiais. Salles também será convocado a depor na CPI do Narcotráfico e na Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa do Rio.
O governo do Estado e a Prefeitura do Rio vão urbanizar o morro Dona Marta, que tem 12 mil moradores, a um custo de R$ 12,8 milhões. Ontem à noite, foi anunciado o vencedor do concurso de idéias para urbanização do morro. O projeto escolhido é da arquiteta Fernanda Maria Salles Amaral, que vai receber R$ 18 mil.



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