São Paulo, quarta-feira, 02 de março de 2005

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PRAZO DE VALIDADE

Prefeitura tirou camelôs para reformar pça. Fernando Costa; em 15 dias, porém, eles voltam a dominar o local

Praça renasce, mas já com os dias contados

RICARDO BRANDT
DA REPORTAGEM LOCAL

Quem passar nos próximos dias pela região do parque Dom Pedro, próximo à rua 25 de Março, na região central de São Paulo, terá uma surpresa. No meio de uma enorme quantidade de barracas de camelôs surgiu uma praça. Não uma nova praça, mas uma antiga, que havia desaparecido debaixo de um amontado de barracas do comércio informal. É a praça Fernando Costa.
Desde o último final de semana, a praça -que abrigava cerca de 600 barracas de camelôs em dois bolsões- foi desocupada e passa agora por uma reforma, que deve durar 15 dias, de acordo com a prefeitura. Depois disso, no entanto, os camelôs voltam para o local e a praça some de novo.
Ontem começaram as obras de reestruturação do espaço. O piso, o sistema de drenagem de água e as calçadas serão recuperados pela prefeitura. A aglomeração desorganizada dos camelôs deu espaço aos funcionários contratados pela prefeitura.
A reestruturação da praça Fernando Costa servirá para uma melhor ordenação dos camelôs no local. Eles voltarão para o espaço assim que a obra for concluída.
No entanto, haverá planejamento de disposição das barracas, aumento da metragem dos espaços para cada comerciante, além da possível construção de uma cobertura de 3.300 m2, que seria feita pelos próprios vendedores ambulantes e que depende de autorização da prefeitura.

Exclusão
Até a desocupação, existiam 600 barracas divididas em dois bolsões. Com a reestruturação, um dos bolsões deixará de existir e voltarão a trabalhar no local 358 camelôs. Os demais 242 ficarão fora porque não possuem o TPU (Termo de Permissão de Uso).
Para que as obras pudessem ser realizadas, os camelôs tiveram as barracas transferidas provisoriamente para os arredores da praça.
"Para nós será ótimo, pois melhorando o visual do lugar, talvez aumente a nossa clientela", diz o comerciante Pedro Francisco da Silva, 38, que há oito anos tem uma barraca na praça.
A reforma, de acordo com o subprefeito da Sé, Andrea Matarazzo, faz parte dos processos de revitalização do centro da cidade e de atualização dos Termos de Permissão de Uso. "Queremos melhorar as condições de uso do local, disciplinando a disposição das barracas para facilitar o acesso dos pedestres." Ao todo, existem 1.244 TPUs em São Paulo.
"Para os ambulantes que estão trabalhando de maneira irregular, a alternativa seria os pop centers [espécie de shoppings populares]", disse Matarazzo.
Vivendo há seis anos do comércio informal, Sônia Maria Costa, 42, depende do trabalho para sustentar o marido, um filho e duas netas.
"Não tenho a permissão, mas preciso voltar a trabalhar. Se me impedirem de montar minha barraca, não sei como vamos sobreviver em casa."
O presidente do sindicado dos ambulantes regularizados, Alcides Oliveira, apóia a medida e diz que a reforma foi aceita pela maioria dos ambulantes, pois permitirá uma melhor disposição das barracas.
"Os únicos descontentes são os comerciantes que ficarão fora do bolsão."


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