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PRAZO DE VALIDADE
Prefeitura tirou camelôs para reformar pça. Fernando Costa; em 15 dias, porém, eles voltam a dominar o local
Praça renasce, mas já com os dias contados
RICARDO BRANDT
DA REPORTAGEM LOCAL
Quem passar nos próximos dias
pela região do parque Dom Pedro, próximo à rua 25 de Março,
na região central de São Paulo, terá uma surpresa. No meio de uma
enorme quantidade de barracas
de camelôs surgiu uma praça.
Não uma nova praça, mas uma
antiga, que havia desaparecido
debaixo de um amontado de barracas do comércio informal. É a
praça Fernando Costa.
Desde o último final de semana,
a praça -que abrigava cerca de
600 barracas de camelôs em dois
bolsões- foi desocupada e passa
agora por uma reforma, que deve
durar 15 dias, de acordo com a
prefeitura. Depois disso, no entanto, os camelôs voltam para o
local e a praça some de novo.
Ontem começaram as obras de
reestruturação do espaço. O piso,
o sistema de drenagem de água e
as calçadas serão recuperados pela prefeitura. A aglomeração desorganizada dos camelôs deu espaço aos funcionários contratados pela prefeitura.
A reestruturação da praça Fernando Costa servirá para uma
melhor ordenação dos camelôs
no local. Eles voltarão para o espaço assim que a obra for concluída.
No entanto, haverá planejamento de disposição das barracas, aumento da metragem dos
espaços para cada comerciante,
além da possível construção de
uma cobertura de 3.300 m2, que
seria feita pelos próprios vendedores ambulantes e que depende
de autorização da prefeitura.
Exclusão
Até a desocupação, existiam 600
barracas divididas em dois bolsões. Com a reestruturação, um
dos bolsões deixará de existir e
voltarão a trabalhar no local 358
camelôs. Os demais 242 ficarão
fora porque não possuem o TPU
(Termo de Permissão de Uso).
Para que as obras pudessem ser
realizadas, os camelôs tiveram as
barracas transferidas provisoriamente para os arredores da praça.
"Para nós será ótimo, pois melhorando o visual do lugar, talvez
aumente a nossa clientela", diz o
comerciante Pedro Francisco da
Silva, 38, que há oito anos tem
uma barraca na praça.
A reforma, de acordo com o
subprefeito da Sé, Andrea Matarazzo, faz parte dos processos de
revitalização do centro da cidade
e de atualização dos Termos de
Permissão de Uso. "Queremos
melhorar as condições de uso do
local, disciplinando a disposição
das barracas para facilitar o acesso dos pedestres." Ao todo, existem 1.244 TPUs em São Paulo.
"Para os ambulantes que estão
trabalhando de maneira irregular,
a alternativa seria os pop centers
[espécie de shoppings populares]", disse Matarazzo.
Vivendo há seis anos do comércio informal, Sônia Maria Costa,
42, depende do trabalho para sustentar o marido, um filho e duas
netas.
"Não tenho a permissão, mas
preciso voltar a trabalhar. Se me
impedirem de montar minha barraca, não sei como vamos sobreviver em casa."
O presidente do sindicado dos
ambulantes regularizados, Alcides Oliveira, apóia a medida e diz
que a reforma foi aceita pela
maioria dos ambulantes, pois
permitirá uma melhor disposição
das barracas.
"Os únicos descontentes são os
comerciantes que ficarão fora do
bolsão."
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