São Paulo, sexta-feira, 02 de março de 2007

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Prédio na 1ª vila operária de SP é fechado

Mesmo degradada, antiga escola servia de cenário para peça teatral; parte do forro e das vigas que sustentam o telhado já caiu

Vila Maria Zélia, que é tombada pelos conselhos estadual e municipal de patrimônio histórico, ainda aguarda restauração

AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

O prédio da "escola dos meninos" da Vila Maria Zélia, primeira vila operária de São Paulo e marco de sua industrialização, foi fechado em janeiro em razão do grave estado de degradação e risco de desabamentos.
O local funcionou como escola só para garotos no século passado, tornou-se escola privada -que ficou em atividade até 1991- e, de 2005 até o fim de 2006, servia de cenário para a peça teatral "Hygiene".
Recentemente, parte do forro e das vigas que sustentam o telhado do edifício caiu. As janelas estão despedaçando e o chão, com entulho. E os outros prédios de uso social da vila não estão em melhores condições.
Tombada pelos conselhos municipal e estadual do patrimônio histórico, a área no Belenzinho (zona leste), ainda aguarda restauração. A vila foi construída entre 1912 e 1916 para abrigar os funcionários da Companhia Nacional de Tecidos de Juta.
Há seis meses, a Prefeitura de São Paulo firmou convênio com o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), que lhe cedeu a posse, por cinco anos, de seis prédios de uso social. Dessa forma, eles poderiam começar a ser restaurados. Até agora, porém, nada foi feito.
"A prefeitura esteve aqui para fazer vistoria e disse que o local não poderia mais ser usado porque estava perigoso. Pediram para que eu avisasse os atores", disse o aposentado Edelcio Pereira Pinto, 58. Nascido e criado na Maria Zélia, ele é um de seus guardiões.
"Quanto mais tempo demorar para iniciar a restauração, mais a situação se agrava. A descaracterização está ocorrendo, há árvores crescendo dentro dos imóveis", diz Paulo Solano, do Museu a Céu Aberto. A ONG acaba de apresentar à prefeitura uma proposta de restauro -com captação de recursos da iniciativa privada.

Lentidão
Ricardo Thomaz, assessor especial de Habitação da Subprefeitura da Mooca, diz que a lentidão para o início das obras não prejudicará o trabalho. Segundo ele, apesar da degradação, é possível recuperar a vila.
Um dos imóveis mais deteriorados é o chamado de "multiuso". Ele não tem mais telhado e algumas das paredes internas já cederam. "Os vizinhos escutam o prédio estalar e têm receio de que caia para os lados, atingindo suas casas. Com as chuvas, o problema só aumenta", diz a presidente da Associação Cultural Vila Maria Zélia, Éride Albertini, 54.
O prédio, assim como as duas escolas -havia também uma para meninas-, permanece trancado. Ali já funcionaram, concomitantemente, uma sorveteria, um restaurante, um salão de festas, e uma barbearia.
A reportagem procurou a prefeitura e a Secretaria Municipal da Cultura. A prefeitura informou que só se manifestaria após 6 de março, quando haverá uma reunião com os órgãos envolvidos na restauração.


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