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Prédio na 1ª vila operária de SP é fechado
Mesmo degradada, antiga escola servia de cenário para peça teatral; parte do forro e das vigas que sustentam o telhado já caiu
Vila Maria Zélia, que é tombada pelos conselhos estadual e municipal de patrimônio histórico, ainda aguarda restauração
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
O prédio da "escola dos meninos" da Vila Maria Zélia, primeira vila operária de São Paulo e marco de sua industrialização, foi fechado em janeiro em
razão do grave estado de degradação e risco de desabamentos.
O local funcionou como escola só para garotos no século
passado, tornou-se escola privada -que ficou em atividade
até 1991- e, de 2005 até o fim
de 2006, servia de cenário para
a peça teatral "Hygiene".
Recentemente, parte do forro e das vigas que sustentam o
telhado do edifício caiu. As janelas estão despedaçando e o
chão, com entulho. E os outros
prédios de uso social da vila não
estão em melhores condições.
Tombada pelos conselhos
municipal e estadual do patrimônio histórico, a área no Belenzinho (zona leste), ainda
aguarda restauração. A vila foi
construída entre 1912 e 1916
para abrigar os funcionários da
Companhia Nacional de Tecidos de Juta.
Há seis meses, a Prefeitura
de São Paulo firmou convênio
com o INSS (Instituto Nacional
do Seguro Social), que lhe cedeu a posse, por cinco anos, de
seis prédios de uso social. Dessa
forma, eles poderiam começar
a ser restaurados. Até agora,
porém, nada foi feito.
"A prefeitura esteve aqui para fazer vistoria e disse que o local não poderia mais ser usado
porque estava perigoso. Pediram para que eu avisasse os
atores", disse o aposentado
Edelcio Pereira Pinto, 58. Nascido e criado na Maria Zélia, ele
é um de seus guardiões.
"Quanto mais tempo demorar para iniciar a restauração,
mais a situação se agrava. A
descaracterização está ocorrendo, há árvores crescendo
dentro dos imóveis", diz Paulo
Solano, do Museu a Céu Aberto. A ONG acaba de apresentar
à prefeitura uma proposta de
restauro -com captação de recursos da iniciativa privada.
Lentidão
Ricardo Thomaz, assessor
especial de Habitação da Subprefeitura da Mooca, diz que a
lentidão para o início das obras
não prejudicará o trabalho. Segundo ele, apesar da degradação, é possível recuperar a vila.
Um dos imóveis mais deteriorados é o chamado de "multiuso". Ele não tem mais telhado e algumas das paredes internas já cederam. "Os vizinhos
escutam o prédio estalar e têm
receio de que caia para os lados,
atingindo suas casas. Com as
chuvas, o problema só aumenta", diz a presidente da Associação Cultural Vila Maria Zélia,
Éride Albertini, 54.
O prédio, assim como as duas
escolas -havia também uma
para meninas-, permanece
trancado. Ali já funcionaram,
concomitantemente, uma sorveteria, um restaurante, um salão de festas, e uma barbearia.
A reportagem procurou a
prefeitura e a Secretaria Municipal da Cultura. A prefeitura
informou que só se manifestaria após 6 de março, quando haverá uma reunião com os órgãos envolvidos na restauração.
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