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Aparelho médico está encostado há 3 anos
Único equipamento de ressonância magnética da rede municipal de SP nunca foi usado porque gestão Kassab ainda não fez obra necessária
Secretaria da Saúde atribui o atraso à "complexidade e a requisitos técnicos'; 6.500 pessoas/mês precisam do exame na rede paulistana
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Há três anos, repousa embalado em plásticos, num depósito da zona norte de São Paulo,
um aparelho de ressonância
magnética de 13 toneladas, com
preço avaliado em US$ 130 mil,
que poderia ser usado na rede
municipal de saúde paulistana.
O equipamento foi comprado pela Amplus, empresa contratada pela prefeitura em
2006 para prestar serviços de
diagnóstico por imagem, mas
ainda não foi instalado porque
a gestão do prefeito Gilberto
Kassab (DEM) não concluiu as
obras necessárias para acomodá-lo no hospital do Campo
Limpo, na zona sul da cidade.
O sistema municipal de saúde não conta com nenhum
equipamento de ressonância
magnética -eficaz no diagnóstico de doenças, principalmente do sistema nervoso.
Mensalmente, as cerca de
6.500 pessoas atendidas na rede paulistana que precisam do
exame acabam encaminhadas a
hospitais estaduais ou usam os
laboratórios da Amplus.
Em junho do ano passado, a
Folha revelou que as obras para abrigar o aparelho de ressonância magnética não tinham
sequer começado. Na ocasião, a
gestão Kassab prometeu concluí-las e colocar o equipamento em uso em 30 de setembro.
A prefeitura chegou a iniciar
as obras, mas, a cinco dias do
fim do prazo, recebeu um ofício
de um técnico da Amplus que
fez uma vistoria apontando
problemas para sua instalação:
1) A cobertura do local estava
apoiada em vigas de ferro, o que
contraria as normas de uso do
equipamento, já que, quando
ele é ligado, transforma-se numa espécie de imã;
2) Não havia rampa para entrada de equipamentos na sala
(o local fica num barranco);
3) Tubos das instalações elétricas eram expostos;
4) As portas eram estreitas
(com 70 cm de largura), fora
dos padrões para serviços de
saúde (média de 90 cm);
5) Próximo à porta, havia um
cano de esgoto com vazamento.
Procurada pela Folha, a Secretaria Municipal da Saúde
atribui o atraso à "complexidade e a requisitos técnicos".
A pasta não se comprometeu
com prazos para colocar o aparelho de ressonância (com preço próximo de R$ 310 mil) em
funcionamento nem para concluir as obras. O custo da reforma seria de R$ 500 mil.
O contrato da prefeitura
paulistana com a Amplus foi
julgado irregular pelo Tribunal
de Contas do Município em junho do ano passado.
Além de apontar problemas
como a não-instalação da ressonância, os conselheiros questionaram a forma da contratação (pregão) para um acordo de
valor alto: R$ 108 milhões por
três anos. Eles defendem a concorrência pública. A prefeitura
recorreu da decisão.
O contrato acaba no próximo
dia 16. A prefeitura pretende
substituir os serviços da Amplus pelas Organizações Sociais, que administram AMAs
(Atendimento Médico Ambulatorial) e hospitais públicos.
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