São Paulo, segunda-feira, 02 de março de 2009

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BADIN RAID (1908-2009)

As melhores coisas da vida por um centenário libanês namorador

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Na cadernetinha que deixou em casa, Badin Raid anotava as coisas importantes da vida. Registrou, por exemplo, a data de nascimento de cada um dos 13 filhos, que era para não se esquecer de ninguém. Nas observações que julgou relevante rabiscar, consta ainda a quantidade de namoradas que teve: 28, se não lhe falhou a memória.
Mulherengo, como revela a filha Jacira, 27, casou-se quatro vezes. A quantidade de netos e bisnetos não foi calculada pela família.
Como tornou-se pai cedo, aos 18, certa vez calhou de ele e o filho gostarem da mesma moça. Ao tomar conhecimento da situação, mandou a polícia dar um susto no rapaz, que passou a noite na cadeia. Mostrou ao filho quem era o dono do pedaço.
Nascido no Líbano, Badin veio ao país em 1914, ano da Primeira Guerra. Os pais, mascates, estabeleceram-se em São Miguel Arcanjo (SP).
Também aos 18, entrou para o Exército e naturalizou-se brasileiro. Morou em várias cidades de São Paulo, Paraná e Minas Gerais, foi comerciante, funcionário da Estrada de Ferro Sorocabana e do Mercado Municipal de Itapetininga (SP), cobrador de ônibus na capital e dono de restaurante. Parou de trabalhar ao 84, como porteiro de uma pensão. "Homem simples", preocupava-se apenas em se alimentar bem.
Deixou de chupar seis laranjas por dia e de fazer café para os coletores de lixo de sua rua, pois morreu quinta, aos cem anos, de insuficiência cardíaca, em Itapetininga.

obituario@grupofolha.com.br


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