|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BADIN RAID (1908-2009)
As melhores coisas da vida por um centenário libanês namorador
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Na cadernetinha que deixou em casa, Badin Raid anotava as coisas importantes da
vida. Registrou, por exemplo,
a data de nascimento de cada
um dos 13 filhos, que era para
não se esquecer de ninguém.
Nas observações que julgou
relevante rabiscar, consta
ainda a quantidade de namoradas que teve: 28, se não lhe
falhou a memória.
Mulherengo, como revela a
filha Jacira, 27, casou-se quatro vezes. A quantidade de netos e bisnetos não foi calculada pela família.
Como tornou-se pai cedo,
aos 18, certa vez calhou de ele
e o filho gostarem da mesma
moça. Ao tomar conhecimento da situação, mandou a polícia dar um susto no rapaz, que
passou a noite na cadeia.
Mostrou ao filho quem era o
dono do pedaço.
Nascido no Líbano, Badin
veio ao país em 1914, ano da
Primeira Guerra. Os pais,
mascates, estabeleceram-se
em São Miguel Arcanjo (SP).
Também aos 18, entrou para o Exército e naturalizou-se
brasileiro. Morou em várias
cidades de São Paulo, Paraná
e Minas Gerais, foi comerciante, funcionário da Estrada de Ferro Sorocabana e do
Mercado Municipal de Itapetininga (SP), cobrador de ônibus na capital e dono de restaurante. Parou de trabalhar
ao 84, como porteiro de uma
pensão. "Homem simples",
preocupava-se apenas em se
alimentar bem.
Deixou de chupar seis laranjas por dia e de fazer café
para os coletores de lixo de
sua rua, pois morreu quinta,
aos cem anos, de insuficiência
cardíaca, em Itapetininga.
obituario@grupofolha.com.br
Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Sumiço de papéis da merenda vira alvo de inquérito Índice
|