|
Próximo Texto | Índice
DESABAMENTO
Parentes protestam no enterro; até início da noite de ontem, os corpos de 7 dos 8 soterrados já haviam sido achados
Cinco vítimas são enterradas no Rio
Agência Folha no Rio
Os corpos de cinco vítimas do
desabamento do edifício Palace 2
foram enterrados ontem de manhã
no Rio. No final da tarde, foi encontrado mais um corpo, e há
mais um ainda sob os escombros.
O prédio, na Barra da Tijuca (zona sul), desabou parcialmente no
domingo de Carnaval e foi implodido anteontem. Oito pessoas
morreram. O primeiro corpo foi
localizado logo após o desabamento, mas, como o prédio ameaçava
cair, as buscas dos outros sete só
foram retomadas após a implosão.
Os sepultamentos foram marcados pelo desespero de pais e mães
que perderam os filhos e pela dor
de filhos que ficaram órfãos. Houve protestos contra o deputado
Sérgio Naya, dono da construtora
Sersan, e a falta de fiscalização.
No cemitério São Francisco Xavier, no Caju (zona norte), foram
enterradas quatro pessoas da mesma família: o médico Milton Luiz
Martins, 42, sua mulher, Rosângela Quaresma, 27, o filho do casal,
Miltinho, 5, e a filha do primeiro
casamento dele, Luísa, 12.
A mãe de Luísa, a médica Bárbara de Alencar, dizia acreditar que a
filha estivesse viva sob os escombros. O corpo de Luísa foi o primeiro a ser localizado, na tarde de
anteontem. No enterro, Bárbara
chorava. Não teve coragem para
ver o caixão ser coberto pela terra.
"É uma dor sem palavras", disse.
Os corpos do médico, de sua mulher e do garoto foram encontrados ontem às 2h sob a mesma laje.
Miltinho estava no colo da mãe. Os
três tiveram o enterro pago pela
prefeitura, e Luísa foi enterrada no
jazigo da família da mãe.
Rosângela Quaresma deixou um
filho do primeiro casamento, Rafael, 10, que mora com o pai. A mãe
de Rosângela, Arlete Quaresma,
chorava muito, com o neto no colo. Antônio de Souza Quaresma,
primo de Rosângela, criticou a falta de fiscalização da prefeitura.
O corpo do estudante Leonel Edgardo Benavides, 18, também foi
encontrado no sábado e identificado na madrugada de ontem pelo
pai, o síndico do Palace 2, Oswaldo
Benavides. No enterro, realizado
no cemitério de Jacarepaguá (zona
oeste), o pai fez um protesto quando o caixão era colocado na cova:
"Esse é o apartamento que eu paguei ao deputado Sérgio Naya: o
túmulo do meu filho".
O caixão de Leonel foi coberto
com as bandeiras da Argentina
-onde ele e o pai nasceram- e do
Flamengo, time pelo qual o rapaz
torcia. Colegas de Leonel acompanharam o enterro.
O corpo de uma mulher encontrado ontem às 16h50 é o de Fátima
Ferraz, 30. Ela foi identificada pelo
marido, Marcelo França, porque
carregava duas bolsas e usava uma
aliança de ouro de duas voltas. Ela
voltou ao apartamento depois que
o Palace 2 já tinha sido interditado
para pegar fantasias para desfilar.
Ela será enterrada em São Paulo,
em data ainda não definida.
(FERNANDA DA ESCÓSSIA, MARCELO
MONTEIRO e MARCELO MOTA)
Próximo Texto | Índice
|