|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SEGURANÇA
Líderes do motim, que durou mais de 28 horas em Belém (PA), teriam sido assassinados pelos próprios presos
Rebelião em presídio deixa três mortos
LÉO SOUZA
free-lance para a Agência Folha,
em Belém
A rebelião no presídio São José,
em Belém (PA), terminou ontem,
por volta das 15h, com a morte de
três pessoas, todas líderes do movimento. Duas pessoas -um refém e um preso- ficaram feridas.
Iniciada às 10h30 de anteontem,
a rebelião durou mais de 28 horas
e fez nove reféns -o padre João
Maria Sandorem, cinco agentes
prisionais e três integrantes da
Pastoral Carcerária. A diretora do
presídio, Giani Slazer, e vários
funcionários conseguiram sair do
prédio antes do início da rebelião.
Todos os reféns foram liberados,
um deles com ferimentos. O preso
Cláudio Gomes da Silva ficou gravemente ferido após ter sido jogado pelos detentos do alto do prédio, de uma altura de 20 metros.
Principal líder do movimento,
José Augusto Viana David, o Ninja, condenado por latrocínio e assalto a banco, foi morto com um
tiro na cabeça. Segundo a PM,
Ninja teria sido morto pelos próprios presos.
O outro líder do motim -Francenildo Pereira, condenado pelo
assassinato do deputado estadual
José Nassar, no ano passado-
também teria sido assassinado por
presos. O outro líder morto foi
identificado como Carequinha.
Após terem dominado o presídio, os detentos rebelados se colocaram em posições estratégicas
-no portão principal, nas muralhas e no telhado- sempre apontando as armas em direção às cabeças dos reféns.
No início da rebelião, os presos
divulgaram uma lista de exigências para encerrar o movimento:
um rádio (única exigência atendida), um telefone celular, um carro-forte com tanque cheio, quatro
automóveis (dois Vectras e dois
Santanas), 20 pistolas, cinco metralhadoras, 20 coletes à prova de
bala e munição calibre 7.62 para
armas pesadas.
A PM informou que não iria
atender os pedidos. No final da
tarde de anteontem, foi desligado
o fornecimento de energia elétrica
e água do prédio. Os detentos
ameaçaram, em vão, matar um refém se a energia não fosse religada.
Foram para o local policiais militares, do Pelotão de Choque e da
Companhia de Operações Especiais. Protegidos por escudos de
aço, eles ainda tentaram se aproximar, mas foram recebidos a tiros e
retornaram para um local a 300
metros de distância.
O final da rebelião aconteceu depois que a Polícia Militar informou que autorizaria a entrada dos
parentes dos presos em troca dos
reféns e das armas de fogo, que teriam sido passadas a eles pelas janelas do prédio. O grupo rebelado
-a polícia não soube informar
quantos- se rendeu.
O telhado do presídio foi danificado, e o setor administrativo foi
totalmente destruído.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|