São Paulo, segunda, 2 de março de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SEGURANÇA
Líderes do motim, que durou mais de 28 horas em Belém (PA), teriam sido assassinados pelos próprios presos
Rebelião em presídio deixa três mortos

LÉO SOUZA
free-lance para a Agência Folha, em Belém A rebelião no presídio São José, em Belém (PA), terminou ontem, por volta das 15h, com a morte de três pessoas, todas líderes do movimento. Duas pessoas -um refém e um preso- ficaram feridas.
Iniciada às 10h30 de anteontem, a rebelião durou mais de 28 horas e fez nove reféns -o padre João Maria Sandorem, cinco agentes prisionais e três integrantes da Pastoral Carcerária. A diretora do presídio, Giani Slazer, e vários funcionários conseguiram sair do prédio antes do início da rebelião.
Todos os reféns foram liberados, um deles com ferimentos. O preso Cláudio Gomes da Silva ficou gravemente ferido após ter sido jogado pelos detentos do alto do prédio, de uma altura de 20 metros.
Principal líder do movimento, José Augusto Viana David, o Ninja, condenado por latrocínio e assalto a banco, foi morto com um tiro na cabeça. Segundo a PM, Ninja teria sido morto pelos próprios presos.
O outro líder do motim -Francenildo Pereira, condenado pelo assassinato do deputado estadual José Nassar, no ano passado- também teria sido assassinado por presos. O outro líder morto foi identificado como Carequinha.
Após terem dominado o presídio, os detentos rebelados se colocaram em posições estratégicas -no portão principal, nas muralhas e no telhado- sempre apontando as armas em direção às cabeças dos reféns.
No início da rebelião, os presos divulgaram uma lista de exigências para encerrar o movimento: um rádio (única exigência atendida), um telefone celular, um carro-forte com tanque cheio, quatro automóveis (dois Vectras e dois Santanas), 20 pistolas, cinco metralhadoras, 20 coletes à prova de bala e munição calibre 7.62 para armas pesadas.
A PM informou que não iria atender os pedidos. No final da tarde de anteontem, foi desligado o fornecimento de energia elétrica e água do prédio. Os detentos ameaçaram, em vão, matar um refém se a energia não fosse religada.
Foram para o local policiais militares, do Pelotão de Choque e da Companhia de Operações Especiais. Protegidos por escudos de aço, eles ainda tentaram se aproximar, mas foram recebidos a tiros e retornaram para um local a 300 metros de distância.
O final da rebelião aconteceu depois que a Polícia Militar informou que autorizaria a entrada dos parentes dos presos em troca dos reféns e das armas de fogo, que teriam sido passadas a eles pelas janelas do prédio. O grupo rebelado -a polícia não soube informar quantos- se rendeu.
O telhado do presídio foi danificado, e o setor administrativo foi totalmente destruído.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.