São Paulo, Terça-feira, 02 de Março de 1999
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ENCHENTE
Desabamento na zona sul soterrou seis pessoas; carros ficaram sob as águas no túnel do vale do Anhangabaú
Chuva mata de novo e faz SP virar mar

Niels Andreas/Folha Imagem
Carros na alameda Barão de Limeira, região central, que ficou inundada por causa da chuva


da Reportagem Local

A chuva forte que atingiu São Paulo ontem à tarde provocou alagamentos em praticamente toda a cidade, deixou a região central completamente ilhada, virou carros de cabeça para baixo, voltou a provocar desabamentos e fez com que a Defesa Civil Municipal decretasse estado de emergência.
Até as 20h, o Corpo de Bombeiros confirmava pelo menos uma morte em um desabamento envolvendo vários barracos, no Jardim Miriam (zona sul). Seis pessoas teriam sido soterradas. Apenas uma já havia sido socorrida com vida e levada para o hospital. Dez carros de bombeiros estavam no local tentando resgatar outras vítimas.
Uma mulher teria sido arrastada pela enchente no córrego Pirajussara e ainda não havia sido localizada pelos bombeiros.
O túnel do vale do Anhangabau voltou a ficar submerso, com carros boiando. Desesperados, os motoristas foram retirados de dentro de seus carros pelos bombeiros. Até as 20h, não havia informações sobre vítimas.
De acordo com o coordenador do programa de manutenção de túneis da prefeitura, Paulo Taliba, as bombas instaladas para retirar a água do túnel estavam funcionando, mas não deram conta do volume de água que descia como um rio das avenidas 9 de Julho e 23 de Maio, arrastando vários carros e provocando colisões.
A maior intensidade da chuva ocorreu entre as 14h30 e as 18h. Segundo a prefeitura, foram registrados no centro 118 mm em duas horas -um tipo de chuva que só ocorre a cada cem anos.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) registrou pontos de alagamento nos principais corredores da cidade.
A pista expressa da marginal Tietê foi interditada nos dois sentidos próximo à ponte da Casa Verde e no sentido Lapa-Penha, junto à ponte Aricanduva. Junto à ponte da Anhanguera, a marginal Tietê estava completamente bloqueada: nas duas pistas e nos dois sentidos. O trânsito na marginal Tietê fez com que o fluxo de veículos no sentido interior-capital da rodovia Castelo Branco tivesse de ser desviado no quilômetro 16 para a marginal Pinheiros.
Havia alagamentos também na Radial Leste, avenida do Estado, 23 de Maio, ligação leste-oeste, Rangel Pestana, entre outros. O congestionamento às 19h30 chegou a 120 km.
O bairro de Campos Elíseos (região central) foi um dos mais atingidos. A água chegou ao capô dos carros, que eram arrastados pelas águas e chegaram a virar.
O volume de água que corria pelas ruas fez com que a operação do trecho Sé-Barra Funda, na linha leste-oeste do metrô, tivesse de ser interrompida.
Segundo a assessoria de imprensa do Metrô, a água das ruas estava invadindo as estações e impedindo seu funcionamento. A previsão era de que o metrô voltasse a funcionar por volta de 21h.
Um muro cedeu na Secretária de Segurança Pública fazendo com que dois carros caíssem no quintal de casas vizinhas, que ficavam em nível mais baixo.
Dois deslizamentos de terra também ocorreram nas ruas Barata Ribeiro e Plínio Barreto, próximo à 9 de Julho. Não houve feridos.
A Defesa Civil Estadual havia registrado de 7 de janeiro até anteontem 21 mortes no Estado. Entre dezembro de 97 e abril de 98, houve 25 mortes pela chuva no Estado.


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