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CRIME NO RIO
Suposto assassino dos americanos, mortos enquanto dormiam, trabalhava na casa vizinha e alega vingança
Caseiro confessa a morte do casal Staheli
DA SUCURSAL DO RIO
A polícia prendeu na madrugada de ontem o caseiro Jociel Conceição dos Santos, 20. Ele é apontado como assassino do executivo
da Shell Zera Todd Staheli e da
sua mulher, Michelle. Antes, a Secretaria de Segurança Pública do
Estado do Rio havia apresentado
pelo menos seis versões para o
crime. Em entrevista coletiva à
noite, conduzida pelo secretário
Anthony Garotinho (PMDB),
Santos confessou o assassinato.
O crime ocorreu na madrugada
do dia 30 de novembro, na casa
em que a família americana morava havia três meses, no condomínio Porto dos Cabritos (Barra
da Tijuca, zona oeste do Rio).
Embora tenha realizado exames
sofisticados, a polícia só chegou
ao suposto assassino por acaso.
De acordo com a versão da secretaria, Santos, por volta das 4h, foi
flagrado ao pular o muro da casa
onde mora o cônsul da Grécia,
que fica no mesmo condomínio
dos Staheli. A mulher do cônsul
viu o invasor e gritou. Santos acabou detido por seguranças, que
chamaram a polícia.
Na delegacia, segundo a secretaria, o caseiro, que trabalha em
uma casa vizinha à da família
americana, confessou ter matado
o casal. Santos afirmou que pretendia roubar a casa do cônsul.
Na entrevista, ele disse que foi
duas vezes à 16ª DP (Delegacia de
Polícia), na Barra da Tijuca (zona
oeste), a fim de confessar o crime.
Nas duas ocasiões, os policiais teriam dito para ele voltar depois
porque o delegado não estava.
Santos disse que golpeou o executivo e sua mulher com um pé-de-cabra (alavanca de ferro). A
suposta arma do crime foi localizada pela polícia, assim como as
roupas que ele estaria vestindo
quando ocorreu o crime. O objeto
estava na caixa de ferramentas da
casa em que ele trabalhava. Santos
levou os policiais até o local onde
o escondera.
Após o crime, teria lavado as
mãos em uma torneira ao lado da
cozinha. Garotinho considerou
"um detalhe" o fato de a perícia
policial não ter descoberto digitais na torneira.
Ele afirmou que conhecia a casa
porque era amigo do caseiro dos
Staheli, Alex Carneiro. Santos
inocentou Carneiro.
Segundo Garotinho, o relato de
Santos não o convenceu completamente. "Acho que tem mais
pessoas envolvidas no crime",
disse, acrescentando que Carneiro será convocado a depor.
Versões
Antes da prisão, a polícia já
apresentara diversas versões para
o crime. Na primeira delas, a suspeita recaiu sobre a filha mais velha do casal. Wesley, 13, chegou a
ser impedida de sair do país pelo
Juizado de Menores.
Depois, o motorista do casal, Sebastião Moura, foi investigado.
Exames com a substância luminol, que identifica vestígios imperceptíveis de secreções humanas, detectaram uma substância
que poderia ser sangue no carro
de Moura. Dias depois, descobriram que a substância era resquício de uma bebida isotônica.
O vigia Jonatas Basile de Almeida, que trabalhava no condomínio, foi o suspeito seguinte. Nada
ficou provado contra ele.
Policiais investigaram também
a possível ligação da morte dos
Staheli, que eram mórmons, com
a do aposentado José Prata Frossard, 61, freqüentador da mesma
igreja que a família.
Em janeiro, a polícia começou a
suspeitar que o crime poderia ter
motivos profissionais e decidiu
investigar a vida dos Staheli na
Arábia Saudita, onde moraram.
Depois, um operário que teria
trabalhado na casa antes de o casal se mudar entrou na lista de
suspeitos. O crime teria sido cometido a mando de um ex-colega
de Staheli na Shell. O operário teria sido o executor do crime. Mais
uma vez, nada foi provado.
No último dia 16, em entrevista,
Garotinho apresentou a última
versão policial. Ele disse que o crime "teve conexões internacionais".
(MARIO HUGO MONKEN, MURILO FIUZA DE MELO E TALITA FIGUEIREDO)
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