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EUA pedem adesão de brasileiros ao censo
Consulados fazem campanha para que brasileiros, com ou sem permissão para morar no país, assumam a condição de imigrantes
Os órgãos do Brasil temem que os moradores não queiram responder ao formulário porque temem ser descobertos pela imigração
CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK
Os brasileiros que vivem nos
EUA, com ou sem permissão,
são alvo de uma campanha dos
consulados naquele país para
que assumam sua condição de
imigrantes no censo americano
de 2010, cujos primeiros formulários -cerca de 134 milhões- começaram a ser distribuídos em meados de março.
O governo americano informou que 54% dos residentes
haviam encaminhado suas respostas até ontem, Dia Nacional
do Censo. Para incentivar a população a participar, o presidente dos EUA, Barack Obama,
divulgou uma foto sua preenchendo o questionário.
Quem não respondeu até ontem deve receber um novo formulário; a partir de maio, funcionários do governo visitarão
aqueles que não participarem.
Os órgãos do Brasil temem
que os "indocumentados"
(nunca chamados de "ilegais"
pelos consulados) não queiram
responder às questões, com
medo de serem descobertos pelo setor de imigração. Nem o
governo brasileiro sabe quantos emigrantes estão nos EUA.
Embora os dados sejam
"confidenciais e protegidos por
lei", segundo o US Census Bureau, responsável pelas estatísticas, o fato de a pesquisa exigir
nome, telefone e endereço pode amedrontar.
No último censo, em 2000,
só 212.430 brasileiros foram registrados como moradores dos
EUA; o Consulado do Brasil em
Nova York diz que a estimativa
"conservadora" é que cerca de
350 mil brasileiros vivam na região sob sua jurisdição (Nova
York, Nova Jersey, Pensilvânia,
Delaware e Bermudas).
Registrados no consulado,
porém, estão 12.791 brasileiros,
número considerado pelo órgão "muito modesto".
"Dado o perfil dos trabalhadores brasileiros nos EUA, é
muito difícil ter dados precisos", informou o Consulado do
Brasil em Nova York à Folha.
Com base na prestação de serviços consulares, os dez consulados e a Embaixada do Brasil
nos EUA estimam que haja 1,24
milhão de brasileiros no país.
Em texto da campanha pela
participação no censo, o Consulado em NY explica como o
brasileiro deve se identificar: é
necessário, primeiro, responder que não tem origem "hispânica, latina ou espanhola", uma
das dez questões; na pergunta
seguinte, referente à "raça" do
morador, marcar "outra raça" e
escrever "brasileiro".
Para convencer os imigrantes a participar, a campanha,
apoiada pelo Ministério das
Relações Exteriores, enfatiza
que "é importante que a comunidade [brasileira] conheça sua
dimensão e procure se organizar melhor". Além disso, os números são usados pelos EUA
para "orientar a alocação de recursos financeiros" da ordem
de US$ 400 bilhões (R$ 700 bi)
para serviços e obras públicas.
Mas não é só a boa vontade
que fará com que os imigrantes
participem. As respostas são
obrigatórias por lei, e a multa
por não respondê-las chega a
US$ 100 (menos de R$ 200).
E, caso o morador não devolva o formulário, receberá, até
julho, a visita de um funcionário do Census Bureau, que pedirá documentos e fará as mesmas perguntas do questionário. Se o preenchimento for feito, mas forem detectadas respostas mentirosas, a multa é de
até US$ 500 (quase R$ 900).
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