São Paulo, sexta-feira, 02 de abril de 2010

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EUA pedem adesão de brasileiros ao censo

Consulados fazem campanha para que brasileiros, com ou sem permissão para morar no país, assumam a condição de imigrantes

Os órgãos do Brasil temem que os moradores não queiram responder ao formulário porque temem ser descobertos pela imigração

CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK

Os brasileiros que vivem nos EUA, com ou sem permissão, são alvo de uma campanha dos consulados naquele país para que assumam sua condição de imigrantes no censo americano de 2010, cujos primeiros formulários -cerca de 134 milhões- começaram a ser distribuídos em meados de março.
O governo americano informou que 54% dos residentes haviam encaminhado suas respostas até ontem, Dia Nacional do Censo. Para incentivar a população a participar, o presidente dos EUA, Barack Obama, divulgou uma foto sua preenchendo o questionário.
Quem não respondeu até ontem deve receber um novo formulário; a partir de maio, funcionários do governo visitarão aqueles que não participarem.
Os órgãos do Brasil temem que os "indocumentados" (nunca chamados de "ilegais" pelos consulados) não queiram responder às questões, com medo de serem descobertos pelo setor de imigração. Nem o governo brasileiro sabe quantos emigrantes estão nos EUA.
Embora os dados sejam "confidenciais e protegidos por lei", segundo o US Census Bureau, responsável pelas estatísticas, o fato de a pesquisa exigir nome, telefone e endereço pode amedrontar.
No último censo, em 2000, só 212.430 brasileiros foram registrados como moradores dos EUA; o Consulado do Brasil em Nova York diz que a estimativa "conservadora" é que cerca de 350 mil brasileiros vivam na região sob sua jurisdição (Nova York, Nova Jersey, Pensilvânia, Delaware e Bermudas).
Registrados no consulado, porém, estão 12.791 brasileiros, número considerado pelo órgão "muito modesto".
"Dado o perfil dos trabalhadores brasileiros nos EUA, é muito difícil ter dados precisos", informou o Consulado do Brasil em Nova York à Folha. Com base na prestação de serviços consulares, os dez consulados e a Embaixada do Brasil nos EUA estimam que haja 1,24 milhão de brasileiros no país.
Em texto da campanha pela participação no censo, o Consulado em NY explica como o brasileiro deve se identificar: é necessário, primeiro, responder que não tem origem "hispânica, latina ou espanhola", uma das dez questões; na pergunta seguinte, referente à "raça" do morador, marcar "outra raça" e escrever "brasileiro".
Para convencer os imigrantes a participar, a campanha, apoiada pelo Ministério das Relações Exteriores, enfatiza que "é importante que a comunidade [brasileira] conheça sua dimensão e procure se organizar melhor". Além disso, os números são usados pelos EUA para "orientar a alocação de recursos financeiros" da ordem de US$ 400 bilhões (R$ 700 bi) para serviços e obras públicas.
Mas não é só a boa vontade que fará com que os imigrantes participem. As respostas são obrigatórias por lei, e a multa por não respondê-las chega a US$ 100 (menos de R$ 200).
E, caso o morador não devolva o formulário, receberá, até julho, a visita de um funcionário do Census Bureau, que pedirá documentos e fará as mesmas perguntas do questionário. Se o preenchimento for feito, mas forem detectadas respostas mentirosas, a multa é de até US$ 500 (quase R$ 900).


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