São Paulo, terça-feira, 02 de maio de 2000


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Soldado deixa de prender suspeito no centro da cidade

da Reportagem Local

No centro de São Paulo, policiais solitários afirmaram à Folha que deixam de atender à população e prender criminosos por estarem sozinhos. O movimento intenso nas ruas e a impossibilidade de enfrentar mais de uma pessoa são apontados como justificativas para a pouca eficiência do policiamento solitário.
Segundo um policial que não quis se identificar, na maioria das vezes, o trabalho no centro consiste apenas em identificar supostos criminosos, chamar o reforço e observar o suspeito fugir. Para ilustrar o problema, ele relatou a seguinte situação.
Uma senhora o procurou, dizendo que dois rapazes haviam furtado o celular dela na rua. O policial afirmou que fez uma ronda de carro com a vítima pelas proximidades do local para tentar achar os rapazes.
A vítima identificou os supostos ladrões, mas o policial conta que, enquanto chamava reforço pelo rádio, os suspeitos perceberam o carro da polícia e fugiram.
O policial disse que se sentiu impotente diante de um crime fácil de resolver e que chegou a pedir desculpas à vítima do furto.
O setor de comunicação da Polícia Militar afirmou que a atitude do policial no caso foi correta e que ele seguiu o procedimento indicado para situações em que há desvantagem numérica.
Se policiais solitários que trabalham no centro reclamam, os que atuam em bairros nobres do centro expandido -como Itaim Bibi, Ibirapuera e Vila Nova Conceição, na zona sudoeste de SP- não se mostram tão insatisfeitos, tampouco amedrontados.
Entre uma ou outra ocorrência simples -infrações de trânsito ou perturbação da ordem pública-, eles dão informações e funcionam como uma vitrine, para mostrar a presença da polícia.
Essa é a opinião do soldado Ivanildo Menino da Silva, da 4ª Companhia do 12º Batalhão -que cobre uma área de classe média-alta que reúne Campo Belo, Moema, Vila Olímpia e Itaim Bibi.
Silva disse que fica tranquilo e que não tem problema em fazer o policiamento sozinho, especialmente num bairro "mais calmo". "Mas muitos colegas se mostram insatisfeitos", reconhece.

População diverge
A população também tem opiniões diversas sobre o policiamento solitário. Alguns dizem que é melhor ter um policial que não ter nenhum, outros acham que a estratégia não mudou em nada a situação em locais violentos e que os crimes vão continuar.
Para Bianca de Souto Greth, que trabalha numa loja na rua Barão de Itapetininga (centro de SP), o policiamento solitário "não vai adiantar muita coisa". "Até eles comunicarem o assalto e chamarem o reforço, o ladrão já levou tudo", disse Bianca.
Funcionários da drogaria SOS Farma, na praça Marechal Deodoro (também no centro), afirmaram que, como local é muito violento, um policial pode não ser suficiente. (MARIANA VIVEIROS)


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