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Soldado deixa de prender suspeito no centro da cidade
da Reportagem Local
No centro de São Paulo, policiais solitários afirmaram à Folha
que deixam de atender à população e prender criminosos por estarem sozinhos. O movimento intenso nas ruas e a impossibilidade
de enfrentar mais de uma pessoa
são apontados como justificativas
para a pouca eficiência do policiamento solitário.
Segundo um policial que não
quis se identificar, na maioria das
vezes, o trabalho no centro consiste apenas em identificar supostos criminosos, chamar o reforço
e observar o suspeito fugir. Para
ilustrar o problema, ele relatou a
seguinte situação.
Uma senhora o procurou, dizendo que dois rapazes haviam
furtado o celular dela na rua. O
policial afirmou que fez uma ronda de carro com a vítima pelas
proximidades do local para tentar
achar os rapazes.
A vítima identificou os supostos
ladrões, mas o policial conta que,
enquanto chamava reforço pelo
rádio, os suspeitos perceberam o
carro da polícia e fugiram.
O policial disse que se sentiu
impotente diante de um crime fácil de resolver e que chegou a pedir desculpas à vítima do furto.
O setor de comunicação da Polícia Militar afirmou que a atitude
do policial no caso foi correta e
que ele seguiu o procedimento indicado para situações em que há
desvantagem numérica.
Se policiais solitários que trabalham no centro reclamam, os que
atuam em bairros nobres do centro expandido -como Itaim Bibi, Ibirapuera e Vila Nova Conceição, na zona sudoeste de SP-
não se mostram tão insatisfeitos,
tampouco amedrontados.
Entre uma ou outra ocorrência
simples -infrações de trânsito
ou perturbação da ordem pública-, eles dão informações e funcionam como uma vitrine, para
mostrar a presença da polícia.
Essa é a opinião do soldado Ivanildo Menino da Silva, da 4ª Companhia do 12º Batalhão -que cobre uma área de classe média-alta
que reúne Campo Belo, Moema,
Vila Olímpia e Itaim Bibi.
Silva disse que fica tranquilo e
que não tem problema em fazer o
policiamento sozinho, especialmente num bairro "mais calmo".
"Mas muitos colegas se mostram
insatisfeitos", reconhece.
População diverge
A população também tem opiniões diversas sobre o policiamento solitário. Alguns dizem
que é melhor ter um policial que
não ter nenhum, outros acham
que a estratégia não mudou em
nada a situação em locais violentos e que os crimes vão continuar.
Para Bianca de Souto Greth, que
trabalha numa loja na rua Barão
de Itapetininga (centro de SP), o
policiamento solitário "não vai
adiantar muita coisa". "Até eles
comunicarem o assalto e chamarem o reforço, o ladrão já levou
tudo", disse Bianca.
Funcionários da drogaria SOS
Farma, na praça Marechal Deodoro (também no centro), afirmaram que, como local é muito
violento, um policial pode não ser
suficiente.
(MARIANA VIVEIROS)
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