|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
VIOLÊNCIA
Assassinato é investigado como represália por prisão de gerente da facção na zona norte; arma usada é de guerra
PCC é suspeito de fuzilar PM com 37 tiros
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Integrantes da facção criminosa
PCC (Primeiro Comando da Capital) são suspeitos de ter assassinado, com 37 tiros, o soldado da
PM Carlos da Silva Cardoso, 31. A
arma utilizada foi um fuzil 5.56
mm, de uso restrito do Estado.
O fuzilamento aconteceu às
22h30 de domingo, na porta de
uma padaria na Vila Santista, na
região da Casa Verde (na zona
norte). Ao menos quatro homens,
que estavam em um Fiorino, teriam participação no crime. Outros dois carros deram cobertura
aos assassinos, que estavam usando toucas tipo "ninja".
PM havia 13 anos, pai de dois filhos e casado, Cardoso trabalhava
na tropa de elite do 23º Batalhão,
na região de Perdizes (zona oeste), e, segundo testemunhas, se
preparava para entrar em seu carro, um Opala Comodoro, quando
foi surpreendido pelos assassinos.
Fora do horário de serviço, o
PM estava armado com uma pistola .380 mm. Ele também vestia
um colete à prova de balas, que foi
destruído pelos tiros. "Aonde
quer que fosse, ele estava com o
colete por baixo da camisa", disse
ontem um colega da corporação,
durante o velório, no Cemitério
Chora Menino, no Imirim.
A maior parte dos tiros atingiu a
cabeça, as costas e as nádegas do
PM. No código não-escrito da criminalidade, tiros nas nádegas têm
um significado: vingança contra
um possível delator.
A Fiorino usada para levar os
atiradores, segundo a Polícia Civil, havia sido roubada no último
dia 23 de fevereiro, na Freguesia
do Ó (zona norte), e estava com as
placas clonadas. Minutos depois
do crime, o veículo foi abandonado em uma rua da Casa Verde.
Dentro do carro havia uma touca "ninja" manchada de sangue.
Existe a suspeita de que um dos
atiradores tenha sido ferido, ainda que de raspão, por uma das balas do fuzil disparadas contra o
PM e que ricocheteou nas paredes
externas da padaria.
A morte de Cardoso, segundo
seus colegas disseram, foi uma represália da cúpula do PCC à prisão, no último dia 12 de abril, de
Marcelo Vieira, 34, conhecido
com Capetinha, uma espécie de
gerente da facção criminosa para
toda a região da zona norte da capital. Quando foi preso pela PM,
Vieira andava pela Vila Brasilândia, bairro próximo ao local onde
o policial foi fuzilado ontem.
Ontem à tarde, vários homens
da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), ex-companheiros
da vítima, e do 23º Batalhão estiveram no velório. Muito deles,
longe dos parentes da vítima, disseram que, com o fuzilamento do
soldado da PM, "uma guerra estava declarada na zona norte, já que
o PCC estava cobrando com sangue a prisão de Capetinha".
Vieira também é acusado de ter
participação no seqüestro e morte, em março deste ano, de quatro
pessoas que seriam da facção
CRBC (Comando Revolucionário
Brasileiro da Criminalidade), rival do PCC. Outra acusação contra ele é sua ordenação para que
membros do PCC cometessem
atentados contra bases da PM.
Alguns PMs afirmaram, inclusive, que tinham conseguido fotos
de três suspeitos de participação
no ataque contra Cardoso, isso
mesmo diante da informação de
que os atiradores usavam toucas
no momento do crime.
Segundo dados da Secretaria da
Segurança Pública, em 2005 22
PMs foram assassinados, em todo
o Estado, durante o trabalho. Nas
estatísticas fornecidas pela pasta,
porém, não aparece o número de
policiais militares mortos quando
estavam de folga.
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Saúde: Médico quer rastrear câncer do intestino Índice
|