São Paulo, quarta-feira, 02 de maio de 2007 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GILBERTO DIMENSTEIN O resumo da ópera
A regente Muriel Waldman ficava muito decepcionada quando, nos concertos, percebia a ausência de jovens Mas Muriel estava convencida de que seu futuro estava na música. Voltou a estudar, desta vez para se formar maestrina. Em 2005, concluiu seu mestrado na USP; já estava, então, rumando aos 60 anos de idade. Transformou-se em regente da Orquestra Laetare e dos corais Catincorum Jubilum e Vox Aeterna. Mesmo que as apresentações fossem boas, ela se incomodava com a faixa etária da platéia. Muriel ficava muito decepcionada quando, nos concertos, percebia a ausência de jovens. "Nos meus pesadelos, imaginava platéias vazias para a música erudita. Por que o rock é tão mais atrativo para eles?" Misturou, então, sua vivência de professora de física com a habilidade de maestrina e saiu à procura de apoio para tentar demonstrar, entre crianças e jovens, o preconceito contra a música erudita. Conseguiu sensibilizar a Secretaria Estadual da Cultura para que uma orquestra de 20 integrantes, quatro deles adolescentes, fizesse aula-espetáculo em escolas públicas -as apresentações ocorrerão todos os sábados gratuitamente. "Quero mostrar, com calma, a beleza das composições." Ilusão? Talvez. No mínimo um grande desafio. Não só o desafio de fazer crianças e adolescentes ouvirem Bach e Mozart no final de semana mas o de mudar os ouvidos mais acostumados a rock, samba e pagode. "Se eles se sensibilizarem, provavelmente estarão mais abertos a uma sala de concerto", aposta. A aposta de Muriel tem raízes naquele dia em que o seu pai a levou para ver a ópera em Alexandria, quando ela nunca mais foi a mesma -e passou a acreditar que as crianças seriam encantáveis pela música erudita. PS - Neste final de semana, durante a Virada Cultural, o barracão da escola de samba Vai-Vai, no Bexiga, talvez sirva como um modelo de fazer jovens gostarem de música erudita. A bateria da Vai-Vai executará Bach e Beethoven acompanhada da Orquestra Bachiana, regida por João Carlos Martins. Se o sambista não vai à sala de concerto, a sala de concerto vai à escola de samba. gdimen@uol.com.br Texto Anterior: Metrô anuncia melhorias a médio prazo Próximo Texto: A cidade é sua: Morador do Jaçanã reclama de funcionamento de feira livre Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |