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Policial é suspeito também de matar colega
Augusto Peña, preso anteontem acusado de extorquir dinheiro do PCC, também é investigado pelo assassinato de investigador
Promotoria suspeita que Peña e a vítima brigaram após o sumiço de uma carga apreendida pela equipe
em que ambos atuavam
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O policial civil Augusto Peña,
preso anteontem sob a acusação de ter seqüestrado o enteado de um dos chefes da facção
criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) e exigido R$
300 mil para não prendê-lo,
também é investigado pela corregedoria da corporação sob
suspeita de participação no assassinato do investigador Douglas Pereira dos Santos, 42.
Santos foi assassinado em 14
de setembro. Ele foi atingido
por sete tiros pelas costas
quando fazia bico como segurança no Clube Atlético Paradise, no Itaim Bibi, bairro nobre
da zona oeste de São Paulo.
Peña, segundo sua ex-mulher Regina Célia de Carvalho
declarou à Folha, é amigo e
protegido do atual secretário-adjunto da Segurança de São
Paulo, Lauro Malheiros Neto.
O secretário-adjunto nega.
Ontem, o delegado Nelson
Silveira Guimarães, ex-chefe
do Demacro (Departamento de
Polícia Judiciária da Macro São
Paulo), afirmou que, em 18 de
abril, confirmou ao Gaerco
(Grupo de Atuação Especial
Regional de Combate e Repressão ao Crime Organizado), do
Ministério Público de Guarulhos (Grande SP), que recebeu
uma ligação de Malheiros Neto
solicitando que Peña fosse
transferido de Suzano (Grande
SP), onde realizava tarefas administrativas, para o Deic (Departamento de Investigações
Sobre o Crime Organizado). A
transferência foi feita.
À época, Peña estava afastado das ruas por suspeita de negociar com o PCC, por R$ 40
mil, a libertação de um acusado
de tráfico. A libertação não
aconteceu e a facção atacou a
delegacia de Suzano, matando
sete pessoas em abril de 2006.
Em 1993, Peña e Malheiros
Neto, à época delegado, foram
colegas no DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa). O escritório de
advocacia da família do secretário-adjunto já atuou para Peña em duas ações cíveis -uma
delas a separação do investigador e Regina Célia.
Desde a prisão de Peña, na
quarta, a Folha pede, sem sucesso, que a Secretaria da Segurança viabilize um contato com
o policial. Também não foi informado se ele já tem advogado. Foi preso ainda o policial
José Roberto de Araújo, do
Deic, também sob acusação de
extorsão ao PCC.
Suspeita de assassinato
Peña (lotado hoje na Divisão
de Investigação de Crimes contra a Fazenda) e o investigador
Santos trabalharam juntos, em
parte do ano passado, na equipe
Vênus 60 da 3ª Delegacia de Estelionato do Deic.
A corregedoria suspeita que
o crime tenha sido motivado
por uma discussão entre Santos e Peña causada pelo desaparecimento de uma carga de videogames Playstation apreendida pela equipe Vênus 60. Em
depoimento ao Gaerco, a ex-mulher de Peña afirmou que a
carga foi vendida pelo policial.
Os investigadores Santos e
Oto Frederico Rangel, ao perceberem que toda a equipe responderia pelo sumiço, teriam
ameaçado denunciar Peña.
No banco de dados sobre investigações que mantinha em
seu computador pessoal, Peña
tinha vários documentos sobre
essa apreensão. Um deles é o
relatório assinado por Santos
em 18 de junho de 2007, no
qual são descritos, entre outros
aparelhos, 95 Playstations.
Seqüestro
O investigador Peña foi preso
sob a acusação de, em março de
2005, ter exigido R$ 300 mil
para não prender Rodrigo Olivatto de Morais, 28, enteado de
Marco Willians Herbas Camacho, Marcola, apontado pela
polícia como chefe do PCC.
No computador de Peña havia escutas telefônicas em que
Morais foi flagrado na negociação de linhas telefônicas para
presidiários. Esse foi o motivo
alegado por Peña para mantê-lo na delegacia de Suzano (por
48 horas) até que os integrantes do PCC pagassem os R$ 300
mil para libertá-lo.
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