São Paulo, sábado, 02 de maio de 2009

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Mortes no trânsito de SP não caem com lei seca

DA REPORTAGEM LOCAL

As estatísticas sobre violência divulgadas pelo governo de São Paulo revelam que o número de mortes no trânsito na capital, nos três primeiros meses de 2009, é praticamente o mesmo de igual período do ano passado -antes da lei seca.
No primeiro trimestre deste ano, morreram 171 pessoas contra 172 em 2008 -uma queda de apenas 0,6%.
Em três regiões do Estado, mesmo com a legislação de combate à embriaguez ao volante em vigor, houve elevação do número de homicídios culposos (sem intenção) por acidentes de trânsito: São José do Rio Preto (18,7%), Piracicaba (10,1%) e Sorocaba (3,6%).
Essas regiões prejudicaram o desempenho do restante do Estado que, em média, conseguiu reduzir o número de mortes no trânsito em 7,3%. Esse foi um dos poucos pontos que a Secretaria da Segurança Pública conseguiu apontar de positivo nos três primeiros meses.
A região de São José dos Campos foi a campeã de redução, de 84 para 53 mortes, um percentual de 37% de queda (veja quadro nesta página).
A chamada lei seca entrou em vigor em julho do ano passado e seu principal objetivo é a redução do números de mortes.
Neste ano, por exemplo, o número de mortes ligadas ao trânsito foi um pouco menor que o de assassinatos: no trânsito foram 1.001 em todo o Estado, contra 1.143 homicídios com intenção de matar.
Além de uma multa bastante elevada para o infrator, a lei também prevê a prisão em flagrante do motorista. Há também a possibilidade de suspensão do direito de dirigir por até um ano e a perda da carteira.
Para o especialista em trânsito e transporte José Bernardes Felex, a explicação para a redução inexpressiva no número de mortes na capital paulista pode estar ligada ao aumento da frota de motocicletas em relação aos municípios do interior.
"O mau uso das motos tem gerado um acréscimo muito grande no número de acidentes na capital. Quando se fez o código de trânsito, foi vetada a lei que fazia com que as motos tivessem que andar como os carros andam, e não entre as faixas de circulação e fazendo ultrapassagens", disse Felex.
Felex disse ainda que a implantação da lei seca teve um impacto muito positivo nos primeiros dias, até pelo trabalho da imprensa, mas hoje esses efeitos não aparecem mais nas estatísticas porque as pessoas perderam o temor inicial.
É por essa razão, ainda segundo o especialista, que é preciso adotar uma fiscalização mais rigorosa por parte da polícia, até para que os números não voltem a crescer.
(ROGÉRIO PAGNAN E LUIS KAWAGUTI)


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