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Mortes no trânsito de SP não caem com lei seca
DA REPORTAGEM LOCAL
As estatísticas sobre violência divulgadas pelo governo de
São Paulo revelam que o número de mortes no trânsito na capital, nos três primeiros meses
de 2009, é praticamente o mesmo de igual período do ano passado -antes da lei seca.
No primeiro trimestre deste
ano, morreram 171 pessoas
contra 172 em 2008 -uma queda de apenas 0,6%.
Em três regiões do Estado,
mesmo com a legislação de
combate à embriaguez ao volante em vigor, houve elevação
do número de homicídios culposos (sem intenção) por acidentes de trânsito: São José do
Rio Preto (18,7%), Piracicaba
(10,1%) e Sorocaba (3,6%).
Essas regiões prejudicaram o
desempenho do restante do Estado que, em média, conseguiu
reduzir o número de mortes no
trânsito em 7,3%. Esse foi um
dos poucos pontos que a Secretaria da Segurança Pública conseguiu apontar de positivo nos
três primeiros meses.
A região de São José dos
Campos foi a campeã de redução, de 84 para 53 mortes, um
percentual de 37% de queda
(veja quadro nesta página).
A chamada lei seca entrou
em vigor em julho do ano passado e seu principal objetivo é a
redução do números de mortes.
Neste ano, por exemplo, o
número de mortes ligadas ao
trânsito foi um pouco menor
que o de assassinatos: no trânsito foram 1.001 em todo o Estado, contra 1.143 homicídios
com intenção de matar.
Além de uma multa bastante
elevada para o infrator, a lei
também prevê a prisão em flagrante do motorista. Há também a possibilidade de suspensão do direito de dirigir por até
um ano e a perda da carteira.
Para o especialista em trânsito e transporte José Bernardes
Felex, a explicação para a redução inexpressiva no número de
mortes na capital paulista pode
estar ligada ao aumento da frota de motocicletas em relação
aos municípios do interior.
"O mau uso das motos tem
gerado um acréscimo muito
grande no número de acidentes
na capital. Quando se fez o código de trânsito, foi vetada a lei
que fazia com que as motos tivessem que andar como os carros andam, e não entre as faixas
de circulação e fazendo ultrapassagens", disse Felex.
Felex disse ainda que a implantação da lei seca teve um
impacto muito positivo nos primeiros dias, até pelo trabalho
da imprensa, mas hoje esses
efeitos não aparecem mais nas
estatísticas porque as pessoas
perderam o temor inicial.
É por essa razão, ainda segundo o especialista, que é preciso adotar uma fiscalização
mais rigorosa por parte da polícia, até para que os números
não voltem a crescer.
(ROGÉRIO PAGNAN E LUIS KAWAGUTI)
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