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PM da Paraíba entra em alerta para evitar saques
ADELSON BARBOSA
em João Pessoa
Os dois batalhões da Polícia Militar paraibana, responsáveis pela
região do sertão, entraram em
alerta devido à onda de saques no
interior por conta da seca.
Os batalhões estão sediados nas
cidades de Patos e Cajazeiras e vão
tentar evitar saques a supermercados e estabelecimentos comerciais. Cada um deles tem um efetivo de cerca de mil homens.
O comandante do 3º Batalhão da
PM, sediado em Patos, major José
Alves de Morais, disse ontem que
diariamente recebe informações
de tentativas de saque por trabalhadores rurais famintos a depósitos de merenda escolar e ao comércio das pequenas cidades.
Morais disse que, em casos de saque, os policiais são orientados a
agir com calma e paciência.
Ele afirmou que não cabe à PM
resolver o problema da fome dos
trabalhadores rurais que saqueiam
depósitos de merenda escolar.
"Nós tentamos apaziguar a situação, enquanto esperamos aparecer uma autoridade competente,
geralmente os prefeitos, para resolver o problema."
Ele disse ainda que hoje, por ser
dia de feira livre em vários locais, o
alerta será máximo. "Tenho sob
minha jurisdição 61 cidades."
Sete das 14 cidades onde ocorreram manifestações de famintos estão na área do 3º Batalhão.
O comandante do 6º Batalhão,
capitão José de Almeida, disse que
também colocou sua tropa em
alerta máximo. "Temos informações de que há ameaças de saques
em várias cidades do interior."
A PM conseguiu evitar anteontem que cerca de 300 pessoas saqueassem o comércio do centro de
Santa Luzia, mas não evitaram o
saque a um depósito de merenda
escolar, no mesmo dia.
Cerca de 1.500 kg de comida foram levados por cem pessoas.
Cestas
A Sudene (Superintendência de
Desenvolvimento do Nordeste)
iniciou ontem em Sousa (420 km
de João Pessoa) a distribuição de
960 mil cestas básicas para os flagelados da seca no Nordeste.
O superintendente do órgão,
Sérgio Moreira, participou, com o
prefeito de Sousa, João Estrela
(PDT), da distribuição de 413 cestas no distrito Lagoa das Estrelas.
"Vim a Sousa distribuir alimentos devido ao nível de organização
da sociedade aqui."
Para ter direito às cestas, o município é obrigado a formar um
conselho municipal para cadastrar as famílias e coordenar a distribuição de alimentos.
O conselho é formado por representantes de sindicatos, associações comunitárias, Ministério Público, padres, pastores evangélicos, vereadores e até jornalistas.
Moreira afirmou que cada cesta
de alimento contém 5 kg de arroz,
3 kg de feijão e 2 kg de macarrão.
"A ordem do presidente da República é vencer a guerra da fome e
da seca no Nordeste."
Ele disse ainda que o presidente
quer o envolvimento de todos os
setores da sociedade na fiscalização da distribuição de cestas para
evitar manipulação e aproveitamento político.
Assim como Sousa, outros 15
municípios nordestinos começaram ontem a receber cestas.
O prefeito de Sousa disse que as
famílias receberão os alimentos
enquanto continuar a seca.
A quantidade de alimentos, segundo ele, deve aumentar para 19
kg por família a partir da próxima
distribuição. Foram entregues
2.470 cestas ontem.
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