São Paulo, sábado, 2 de maio de 1998

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PM da Paraíba entra em alerta para evitar saques

ADELSON BARBOSA
em João Pessoa

Os dois batalhões da Polícia Militar paraibana, responsáveis pela região do sertão, entraram em alerta devido à onda de saques no interior por conta da seca.
Os batalhões estão sediados nas cidades de Patos e Cajazeiras e vão tentar evitar saques a supermercados e estabelecimentos comerciais. Cada um deles tem um efetivo de cerca de mil homens.
O comandante do 3º Batalhão da PM, sediado em Patos, major José Alves de Morais, disse ontem que diariamente recebe informações de tentativas de saque por trabalhadores rurais famintos a depósitos de merenda escolar e ao comércio das pequenas cidades.
Morais disse que, em casos de saque, os policiais são orientados a agir com calma e paciência.
Ele afirmou que não cabe à PM resolver o problema da fome dos trabalhadores rurais que saqueiam depósitos de merenda escolar.
"Nós tentamos apaziguar a situação, enquanto esperamos aparecer uma autoridade competente, geralmente os prefeitos, para resolver o problema."
Ele disse ainda que hoje, por ser dia de feira livre em vários locais, o alerta será máximo. "Tenho sob minha jurisdição 61 cidades."
Sete das 14 cidades onde ocorreram manifestações de famintos estão na área do 3º Batalhão.
O comandante do 6º Batalhão, capitão José de Almeida, disse que também colocou sua tropa em alerta máximo. "Temos informações de que há ameaças de saques em várias cidades do interior."
A PM conseguiu evitar anteontem que cerca de 300 pessoas saqueassem o comércio do centro de Santa Luzia, mas não evitaram o saque a um depósito de merenda escolar, no mesmo dia.
Cerca de 1.500 kg de comida foram levados por cem pessoas.
Cestas
A Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste) iniciou ontem em Sousa (420 km de João Pessoa) a distribuição de 960 mil cestas básicas para os flagelados da seca no Nordeste.
O superintendente do órgão, Sérgio Moreira, participou, com o prefeito de Sousa, João Estrela (PDT), da distribuição de 413 cestas no distrito Lagoa das Estrelas. "Vim a Sousa distribuir alimentos devido ao nível de organização da sociedade aqui."
Para ter direito às cestas, o município é obrigado a formar um conselho municipal para cadastrar as famílias e coordenar a distribuição de alimentos.
O conselho é formado por representantes de sindicatos, associações comunitárias, Ministério Público, padres, pastores evangélicos, vereadores e até jornalistas.
Moreira afirmou que cada cesta de alimento contém 5 kg de arroz, 3 kg de feijão e 2 kg de macarrão. "A ordem do presidente da República é vencer a guerra da fome e da seca no Nordeste."
Ele disse ainda que o presidente quer o envolvimento de todos os setores da sociedade na fiscalização da distribuição de cestas para evitar manipulação e aproveitamento político.
Assim como Sousa, outros 15 municípios nordestinos começaram ontem a receber cestas.
O prefeito de Sousa disse que as famílias receberão os alimentos enquanto continuar a seca.
A quantidade de alimentos, segundo ele, deve aumentar para 19 kg por família a partir da próxima distribuição. Foram entregues 2.470 cestas ontem.



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