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GUERRA URBANA
Promotor diz que pode ter recebido laudos
Um dia após afirmar que governo só encaminhou 39% dos dados, assessor diz que documentos "podem ter sido entregues"
Ministério Público investiga se ocorreram abusos da polícia ou a morte de inocentes durante onda de atentados liderada pelo PCC
FABIO SCHIVARTCHE
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público Estadual de São Paulo admitiu ontem que pode ter recebido da
Secretaria da Segurança Pública todos os laudos necroscópicos de suspeitos mortos em
confronto com a polícia durante a onda de violência do PCC
em São Paulo. A informação, do
promotor Neudival Mascarenhas Filho, assessor da Procuradoria, contradiz o que ele
próprio havia dito anteontem.
Em entrevista coletiva na
noite de quarta-feira, Mascarenhas Filho afirmou que apenas
39% dos rascunhos de laudos
haviam chegado ao Ministério
Público -de uma lista de 162
mortos, entre agentes de segurança e supostos criminosos.
Ontem, no entanto, ele mudou
o discurso, horas após o superintendente da Polícia Técnico-Científica, Celso Perioli, ter
exibido à imprensa um protocolo que confirmava a entrega
de material ao Gecep (Grupo de
Atuação Especial e Controle
Externo da Atividade Policial)
-órgão do Ministério Público.
Questionado sobre as diferentes versões da Promotoria e
da polícia, Mascarenhas Filho
disse que os laudos "podem ter
sido entregues na quarta". Mas
não deu detalhes sobre a possível confusão que ele teria cometido e disse que hoje a imprensa terá acesso ao material.
A assessoria de imprensa do
Ministério Público tampouco
falou sobre a divergência de informações entre Mascarenhas
Filho e a polícia paulista.
Perioli disse que 122 laudos
de suspeitos mortos já haviam
sido entregues ao Gecep. E que
ontem 24 laudos necroscópicos
de policiais mortos durante
ataques do PCC ou em confronto com suspeitos também foram remetidos à Promotoria
-essa seria a última pendência
em relação à Promotoria.
Segundo a secretaria da Segurança, a promotora Tatiana
Bicudo recebeu os laudos dos
policiais. O Ministério Público
não confirmou a informação.
No dia 22 de maio, o procurador-geral de Justiça de São
Paulo, Rodrigo Pinho, deu um
prazo de 72 horas para a secretaria entregar os nomes dos
suspeitos mortos e os boletins
de ocorrência, e cinco dias para
o IML (Instituto Médico Legal)
entregar os laudos.
A entrega dos laudos é importante para investigar se
ocorreram abusos pela polícia
ou a morte de inocentes entre
os suspeitos de participar das
ações do PCC. Na opinião de
Perioli, entretanto, o laudo por
si só não pode indicar se houve
excesso nas ações da polícia. "O
laudo do IML é apenas uma das
peças do processo. São necessárias outras."
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