São Paulo, sexta-feira, 02 de junho de 2006

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GUERRA URBANA

Promotor diz que pode ter recebido laudos

Um dia após afirmar que governo só encaminhou 39% dos dados, assessor diz que documentos "podem ter sido entregues"

Ministério Público investiga se ocorreram abusos da polícia ou a morte de inocentes durante onda de atentados liderada pelo PCC

FABIO SCHIVARTCHE
AFRA BALAZINA

DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério Público Estadual de São Paulo admitiu ontem que pode ter recebido da Secretaria da Segurança Pública todos os laudos necroscópicos de suspeitos mortos em confronto com a polícia durante a onda de violência do PCC em São Paulo. A informação, do promotor Neudival Mascarenhas Filho, assessor da Procuradoria, contradiz o que ele próprio havia dito anteontem.
Em entrevista coletiva na noite de quarta-feira, Mascarenhas Filho afirmou que apenas 39% dos rascunhos de laudos haviam chegado ao Ministério Público -de uma lista de 162 mortos, entre agentes de segurança e supostos criminosos. Ontem, no entanto, ele mudou o discurso, horas após o superintendente da Polícia Técnico-Científica, Celso Perioli, ter exibido à imprensa um protocolo que confirmava a entrega de material ao Gecep (Grupo de Atuação Especial e Controle Externo da Atividade Policial) -órgão do Ministério Público.
Questionado sobre as diferentes versões da Promotoria e da polícia, Mascarenhas Filho disse que os laudos "podem ter sido entregues na quarta". Mas não deu detalhes sobre a possível confusão que ele teria cometido e disse que hoje a imprensa terá acesso ao material.
A assessoria de imprensa do Ministério Público tampouco falou sobre a divergência de informações entre Mascarenhas Filho e a polícia paulista.
Perioli disse que 122 laudos de suspeitos mortos já haviam sido entregues ao Gecep. E que ontem 24 laudos necroscópicos de policiais mortos durante ataques do PCC ou em confronto com suspeitos também foram remetidos à Promotoria -essa seria a última pendência em relação à Promotoria.
Segundo a secretaria da Segurança, a promotora Tatiana Bicudo recebeu os laudos dos policiais. O Ministério Público não confirmou a informação.
No dia 22 de maio, o procurador-geral de Justiça de São Paulo, Rodrigo Pinho, deu um prazo de 72 horas para a secretaria entregar os nomes dos suspeitos mortos e os boletins de ocorrência, e cinco dias para o IML (Instituto Médico Legal) entregar os laudos.
A entrega dos laudos é importante para investigar se ocorreram abusos pela polícia ou a morte de inocentes entre os suspeitos de participar das ações do PCC. Na opinião de Perioli, entretanto, o laudo por si só não pode indicar se houve excesso nas ações da polícia. "O laudo do IML é apenas uma das peças do processo. São necessárias outras."


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