São Paulo, sexta-feira, 02 de junho de 2006

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Jovem é morta por balas perdidas enquanto dormia

Denilza Maria da Silva Nascimento, 21, foi atingida por três disparos durante tiroteio no morro da Providência, no Rio

Policiais realizavam no local uma operação para cumprir dez mandados de prisão; polícia vai investigar de onde partiram os tiros


RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

A estudante do nível médio Denilza Maria da Silva Nascimento, 21, foi passar a noite na casa dos pais, no morro da Providência (centro do Rio), porque não quis dormir sozinha na casa da tia, onde morava.
Morreu enquanto dormia, deitada em um colchonete no chão do quarto, atingida por duas balas no peito e na barriga. Os disparos furaram a parede da casa, durante uma operação policial para cumprir dez mandados de prisão. Ela estava com casamento marcado para daqui a dois meses.
"Acordei com os gritos dela: "Ai, ai, ai!" Quando cheguei ao quarto, vi Denilza toda ensanguentada", contou o padrasto, Carlos Roberto da Silva.
Com a ajuda de vizinhos, a estudante ainda foi levada para o Hospital Souza Aguiar, mas não resistiu. A mãe dela, Maria do Carmo da Silva, estava em estado de choque no fim da manhã de ontem.
Denilza morava na casa da tia porque cuidava do primo pequeno, com problemas pulmonares crônicos. Na quarta-feira, o menino foi internado e a tia o acompanhou. A estudante resolveu voltar para a casa dos pais, para não ficar só. Morreu atingida por balas perdidas.

Marcas de balas
Havia marcas de balas nas paredes, na televisão, na porta e no sofá, além do corrimão de ferro, do lado de fora da moradia. Moradores estranharam que a casa tenha sido atingida por tantos disparos, uma vez que ficava depois de uma curva, fora da linha de tiroteio.
A polícia prometeu apurar de onde partiram os tiros. Policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais) e da DAS (Delegacia Anti-Seqüestro) depuseram sobre o caso até a noite de ontem.
Parentes e conhecidos da jovem afirmaram que policiais se recusaram a socorrê-la. Mas a polícia informou que Denilza foi levada ao hospital por carros da Delegacia Anti-Seqüestro, que comandava a ação, com apoio do Bope.
Houve tiroteios intensos durante toda a manhã. Além de Denilza, foi morto a tiros Rômulo Mendes do Amparo, o Pablo, 29, apontado pela polícia como um dos chefes do tráfico na Providência.
Três dos dez procurados foram presos -Leandro Ferreira dos Santos, o Periquito, Alexandre José da Silva, o Xandico, e Jorge de Oliveira Valdino da Silva, o Tulipa.
Houve momentos em que até jornalistas ficaram sob intenso fogo cruzado, e tiveram de se abrigar atrás do carro blindado do Bope, conhecido como Caveirão (o símbolo da unidade é uma caveira com um punhal atravessado).
Sob forte tensão, mais de dez repórteres, fotógrafos e cinegrafistas se protegeram dos disparos em um pequeno depósito de cerca de dois metros quadrados.


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