|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Jovem é morta por balas perdidas enquanto dormia
Denilza Maria da Silva Nascimento, 21, foi atingida por três disparos durante tiroteio no morro da Providência, no Rio
Policiais realizavam no local uma operação para cumprir dez mandados de prisão; polícia vai investigar de onde partiram os tiros
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
A estudante do nível médio
Denilza Maria da Silva Nascimento, 21, foi passar a noite na
casa dos pais, no morro da Providência (centro do Rio), porque não quis dormir sozinha na
casa da tia, onde morava.
Morreu enquanto dormia,
deitada em um colchonete no
chão do quarto, atingida por
duas balas no peito e na barriga.
Os disparos furaram a parede
da casa, durante uma operação
policial para cumprir dez mandados de prisão. Ela estava com
casamento marcado para daqui
a dois meses.
"Acordei com os gritos dela:
"Ai, ai, ai!" Quando cheguei ao
quarto, vi Denilza toda ensanguentada", contou o padrasto,
Carlos Roberto da Silva.
Com a ajuda de vizinhos, a
estudante ainda foi levada para
o Hospital Souza Aguiar, mas
não resistiu. A mãe dela, Maria
do Carmo da Silva, estava em
estado de choque no fim da manhã de ontem.
Denilza morava na casa da tia
porque cuidava do primo pequeno, com problemas pulmonares crônicos. Na quarta-feira,
o menino foi internado e a tia o
acompanhou. A estudante resolveu voltar para a casa dos
pais, para não ficar só. Morreu
atingida por balas perdidas.
Marcas de balas
Havia marcas de balas nas
paredes, na televisão, na porta e
no sofá, além do corrimão de
ferro, do lado de fora da moradia. Moradores estranharam
que a casa tenha sido atingida
por tantos disparos, uma vez
que ficava depois de uma curva,
fora da linha de tiroteio.
A polícia prometeu apurar de
onde partiram os tiros. Policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais) e da DAS (Delegacia Anti-Seqüestro) depuseram sobre o caso até a noite
de ontem.
Parentes e conhecidos da jovem afirmaram que policiais se
recusaram a socorrê-la. Mas a
polícia informou que Denilza
foi levada ao hospital por carros
da Delegacia Anti-Seqüestro,
que comandava a ação, com
apoio do Bope.
Houve tiroteios intensos durante toda a manhã. Além de
Denilza, foi morto a tiros Rômulo Mendes do Amparo, o Pablo, 29, apontado pela polícia
como um dos chefes do tráfico
na Providência.
Três dos dez procurados foram presos -Leandro Ferreira
dos Santos, o Periquito, Alexandre José da Silva, o Xandico,
e Jorge de Oliveira Valdino da
Silva, o Tulipa.
Houve momentos em que até
jornalistas ficaram sob intenso
fogo cruzado, e tiveram de se
abrigar atrás do carro blindado
do Bope, conhecido como Caveirão (o símbolo da unidade é
uma caveira com um punhal
atravessado).
Sob forte tensão, mais de
dez repórteres, fotógrafos e cinegrafistas se protegeram dos
disparos em um pequeno depósito de cerca de dois metros
quadrados.
Texto Anterior: Pirataria: Prefeitura faz apreensão na 25 de março Próximo Texto: Frase Índice
|