São Paulo, segunda-feira, 02 de junho de 2008

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Em dia de show, CET "isola" bairro nobre de SP

Acesso a ruas no entorno foi fechado para evitar "estacionamento abusivo"

Companhia informou que iniciativa partiu dela, mas sociedade de moradores disse ter solicitado o bloqueio para coibir transtornos

Rafael Hupsel/Folha Imagem
AMONTOADOS Apesar do frio de 15º C e da garoa, o show de jazz gratuito da cantora Macy Gray e do pianista Herbie Hancock no parque Villa-Lobos reuniu cerca de 80 mil pessoas, segundo a Telefônica Open Jazz, organizadora do evento; a PM não realizou contagem

KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) de São Paulo determinou ontem o bloqueio de 12 das 16 ruas de acesso ao City Boaçava, bairro de alto padrão na zona oeste, "para evitar estacionamentos abusivos na região do Parque Villa-Lobos", conforme comunicado distribuído a motoristas com um mapa do bloqueio. Irritados, alguns acharam a medida abusiva.
O órgão informou que a interdição foi iniciativa própria por conta do show musical do Herbie Hancock Quartet e da cantora Macy Gray no parque. O evento teve entrada franca e foi o segundo da série Telefônica Open Jazz, que começou em 2007 com a apresentação de Diana Krall, no mesmo lugar.
Segundo a CET, o bloqueio das vias se fez necessário para não prejudicar o acesso à região, já que havia expectativa da chegada de grande número de veículos. De acordo com o órgão, as pessoas "largam o carro na rua", o que compromete também a marginal Pinheiros. A organização diz que 80 mil pessoas foram ao show.
A medida irritou os motoristas que queriam deixar o carro em uma rua próxima ao parque. "Tive de dar a volta para entrar no bairro e estacionar aqui. Só entrei porque conheço a entrada. Não concordo com isso. Onde já se viu fechar praticamente um bairro todo?", disse o securitário Mauro Pisani, 25, que estava com amigos.
Funcionários da CET afirmaram que o estacionamento do parque, que é gratuito e tem capacidade para mil veículos, já estava lotado. Quem chegou por volta das 15h, horário do início do show, foi obrigado a estacionar nas ruas próximas.
Os cavaletes usados para bloquear a entrada de carros -não foi impedida a circulação de pessoas- nas vias que margeiam a avenida Professor Fonseca Rodrigues eram da organização do show, disse a CET.
Fiscais do evento distribuíam informes aos motoristas, com logos da CET e da prefeitura, indicando que a única forma de entrar no bairro ou sair dele era pelas ruas Baicuri, Laiana, Bandim e Anunze. Além dos moradores, eram permitidos veículos de visitantes.

Transtornos
A Sociedade Amigos do Bairro City Boaçava, diferentemente do que informou a CET, afirmou que a decisão de pedir o fechamento das 12 vias partiu dela. A entidade representa as mais de 500 casas do local -os imóveis são avaliados entre R$ 800 mil e R$ 2 milhões.
Jane Sampaio Pontes Penteado, presidente da sociedade, disse que o motivo é o fato de que, em dias de show, ocorrem muitos transtornos. "Com a aglomeração de pessoas, aumenta até a tentativa de assalto a residências, além das queixas de moradores que não podem entrar nas casas porque há carros na frente das garagens."
Segundo ela, foi a segunda vez que a entidade pediu o bloqueio. A primeira foi no encerramento da Virada Cultural Paulista, em 18 de maio.


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