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PEDÁGIO
Entidade que reúne concessionárias de rodovias pretende recorrer contra a decisão de não reajustar valor em 33 das 78 praças
Empresas criticam congelamento de tarifa
DA REPORTAGEM LOCAL
As concessionárias de rodovias de São Paulo oficializaram ontem sua discordância em relação à decisão do Estado de segurar o reajuste da tarifa de pedágio em 33
das 78 praças sob controle da iniciativa privada, disseram que podem até ir à Justiça para revertê-la e avaliaram que ela coloca em risco os investimentos na malha.
"Primeiro vamos fazer um recurso administrativo. Se não houver resultados, vamos estudar as
medidas judiciais", afirmou
Moacyr Duarte, diretor-presidente da ABCR (Associação Brasileira
de Concessionárias de Rodovias).
Os contratos firmados a partir
de 1998 com 12 concessionárias
estabeleceram reajustes anuais
dos pedágios, a partir de 1º de julho. A variação do IGP-M é a base
de cálculo -desde a última elevação tarifária, ela somou 8,88%.
A Artesp (Agência Reguladora
de Serviços Públicos Delegados
de Transportes do Estado de São
Paulo) decidiu aplicar os reajustes
a partir de ontem apenas nas estradas com pista dupla. Duarte
disse que não houve negociação
com as empresas para que os contratos fossem descumpridos.
Em nota distribuída à imprensa,
a ABCR diz que houve "uma quebra das regras estabelecidas" e
que "essa ruptura atinge gravemente a credibilidade dos Programas de Concessões de Rodovias,
estendendo-se, de modo geral,
aos Programas de Desestatização,
implementados nas várias esferas
de governo para atrair investimentos privados na área de prestação de serviços públicos e afeta a
imagem internacional do Brasil".
A entidade também rebate a sugestão feita por Silvio Augusto
Minciotti, presidente da Artesp ,
de dar subsídios às empresas caso
não haja aumento da demanda.
"O ressarcimento da perda de
receita, decorrente desse ato unilateral, com recursos do Tesouro
do Estado, além de não retirar a
sua característica de descumprimento das regras contratuais,
transferiria para a sociedade, como um todo, o ônus da medida",
afirma a nota da ABCR.
A Artesp, criada pela gestão Geraldo Alckmin para regular as
concessões, estima que a perda de
arrecadação possa atingir perto
de R$ 1,2 milhão por mês.
"A substituição de parte da receita de pedágio por recursos provenientes de verbas orçamentárias é, por fatos notórios, vista com restrições pelos investidores e pelos financiadores nacionais e internacionais, o que pode dificultar os desembolsos nos financiamentos já contratados e a formalização dos que estão em negociação, colocando em risco o programa de investimentos", completa outro trecho da nota.
Segundo a Artesp, a intenção é descontar a suposta verba subsidiada do ônus que é pago mensalmente pelas concessionárias.
O presidente da ABCR não quis comentar a relação do congelamento dos pedágios com a proximidade das eleições. Mas disse acreditar que a decisão não tenha sido tomada apenas por técnicos da Artesp, criada no final de abril sob a promessa de ser autônoma e independente. "Ela foi condicionada pela posição do governo."
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