São Paulo, quarta-feira, 02 de julho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Consumo de bebida alcoólica caiu 25%, afirma associação de bares

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os brasileiros beberam menos no primeiro fim de semana depois do aumento do rigor contra motoristas. Segundo a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), a queda percebida pelos proprietários foi de 25% em relação ao fim de semana anterior.
A pesquisa foi feita pelas subsedes da entidade com respostas de associados e sem critérios científicos. Em São Paulo, a queda média considerada foi de 15%. Em Porto Alegre (RS), o índice foi o dobro, de 30%, e, em Belo Horizonte (MG), 40%.
"É preocupante", diz o diretor-jurídico da associação, Percival Maricato. Segundo ele, só em São Paulo há 50 mil bares e restaurantes que podem ser prejudicados. Para Maricato, o número vai crescer com a divulgação de casos de motoristas presos e multados.
O diretor teme que o fato de não poder beber faça as pessoas deixarem de freqüentar bares e restaurantes. Ele estuda entrar na Justiça com uma ação civil pública em nome da entidade contra a nova lei. "Queremos que os níveis aceitos sejam compatíveis com Estados Unidos [onde o limite de álcool que torna ilegal dirigir fica entre oito e dez decigramas por litro de sangue] e Canadá [oito decigramas por litro] e não os mais baixos do mundo [no Brasil, é ilegal dirigir a partir de dois decigramas por litro]", diz. No entanto, ele diz que a data de ajuizamento do processo ainda não foi definida.
Maricato diz ainda que vai ajuizar até amanhã no Tribunal de Justiça um pedido de habeas corpus contra a Polícia Militar e a Secretaria de Estado da Segurança por abuso de autoridade nas blitze em que motoristas são forçados a fazer o teste com o bafômetro. Segundo a polícia, o motorista pode se recusar a fazer o teste, mas pode ser levado para prestar esclarecimentos na delegacia.
O diretor da associação de gastronomia e cultura da Vila Madalena Thomas Migliano diz que no bairro, na zona oeste de SP, a venda de bebidas alcoólicas caiu cerca de 50% no primeiro final de semana em que a lei esteve em vigor. "Agora, tem gente vindo de táxi ou combinando quem não vai beber."
Morador do Parque São Domingos (zona norte de SP), Marcello Zuim, 29, advogado, estava ontem em um bar na Vila Madalena com a irmã Ana Carolina Zuim, 25. Os dois combinaram que ela beberia só meio copo de chope para poder dirigir. Eles pretendem se revezar. "Acho que a lei é boa, mas pode virar corrupção", diz ele.
(CINTHIA RODRIGUES E LUIS KAWAGUTI)


Texto Anterior: Entrevista: Beber não está proibido, diz relator da MP
Próximo Texto: Essa lei é muito boa, diz taxista que trabalha na Vila Madalena
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.