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Parcerias com ONGs atendem procura
DA REPORTAGEM LOCAL
A demanda pela educação de
jovens e adultos, segundo Maria
Clara Di Pierro, assessora de políticas públicas da ONG Ação Educativa, vem crescendo devido a
dois fatores. Primeiro, porque
pessoas que não puderam estudar
quando eram mais novas hoje se
vêem pressionadas pela sociedade e pelo mercado de trabalho a
obter escolarização. Além disso,
há os jovens "vítimas do fracasso
escolar", que repetem várias vezes
de ano e preferem a educação de
jovens e adultos como forma de
acelerar a conclusão dos ensinos
fundamental e médio.
O atendimento desta demanda,
segundo ela, vem sendo feito
principalmente por meio de parcerias entre o Estado e o terceiro
setor. "A educação de jovens e
adultos sempre foi algo marginal
no sistema público e o terceiro setor assume uma responsabilidade
que é do Estado, e é legítimo que
ele demande verba pública", disse. "Para o Estado também é bom
porque as ONGs apresentam um
baixo custo e são eficientes."
A ação das organizações não-governamentais, de sindicatos,
associações e outras instituições
seria incentivada ainda pela necessidade de trabalhos educativos
mesmo em outras atividades.
"Todo trabalho sociopolítico com
população adulta esbarra na
questão da baixa escolaridade.
Quando a Pastoral vai fazer uma
campanha para diminuir a mortalidade infantil, percebe, por
exemplo, que a falta de escolaridade das mães é um obstáculo para melhorar a nutrição das crianças. Então a Pastoral acaba expandindo suas atividades para a educação de jovens e adultos", afirmou Di Pierro.
Realidade
Ela ressalta ainda que os dados
apresentados pelo MEC podem
não corresponder fielmente à realidade. Com a criação do Fundef
em 1998, as verbas repassadas para Estados e municípios eram
proporcionais ao número de matrículas nos ensinos fundamental
e médio, não constando educação
de jovens e adultos. Isso fez com
que alguns Estados passassem a
contar seus alunos mais velhos
como de educação regular para
não perderem verbas.
Já em 2001, com o programa
"Recomeço" do governo federal,
voltado especificamente para
educação de jovens e adultos, o
repasse para os 14 Estados com
IDH (Índice de Desenvolvimento
Humano) mais baixo das regiões
Norte e Nordeste passou a ser feito para cada matrícula nessa modalidade de estudo. Isso fez com
que os Estados voltassem a ter um
incentivo para declarar seus estudantes jovens e adultos separadamente dos ensinos fundamental e
médio. "Apenas uma checagem
in loco poderia atestar esses números", disse Di Pierro.
(ANDRÉ NICOLETTI)
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