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CLIMA DESÉRTICO
Ar seco reduz atividade física nas escolas
Baixa umidade em Ribeirão afeta aulas e traz ameaça de incêndio
MARCELO TOLEDO
DA FOLHA RIBEIRÃO
No dia mais quente do ano, a
umidade relativa do ar em Ribeirão Preto chegou a 18% ontem.
Em Barretos, o índice caiu a 15%
-a OMS (Organização Mundial
da Saúde) recomenda evitar atividades físicas pesadas quando com
13% de umidade relativa.
O pico do clima seco em Ribeirão ocorreu entre as 15h e as
15h30, segundo o LabGeo (Laboratório de Geotecnologia), da
Unaerp (Universidade de Ribeirão Preto). Foi o segundo dia em
que a umidade ficou abaixo de
20% desde segunda-feira.
Para piorar a sensação de desconforto, a temperatura atingiu
33,3C no mesmo horário, a mais
alta do ano em Ribeirão.
A Secretaria da Educação de Ribeirão Preto orientou as escolas
municipais a suspender exercícios considerados mais desgastantes, como o futebol.
Com esse cenário quente, o Corpo de Bombeiros também está em
estado de alerta em razão da possibilidade de incêndios.
Se não chover nos próximos
dias -a previsão é de sol e 32C
hoje em Ribeirão-, os funcionários administrativos e os de folga
vão ser convocados para formar
minibrigadas para atender as
ocorrências, que devem crescer,
segundo o tenente-coronel Enio
Antonio de Morais, coordenador
do 9º Grupamento de Bombeiros,
que cobre o nordeste do Estado.
"Uma frente fria é aguardada
para o final de semana. Se não
vier, a situação ficará complicada,
já que o clima está desértico."
Na região, são registradas em
média dez incêndios por dia em 11
unidades da corporação, número
que dobra com o clima seco.
Anteontem,os bombeiros combateram incêndios em Jaboticabal
(cinco), Franca (três), Orlândia e
Sertãozinho (dois em cada) e Ribeirão, Bebedouro, Araraquara,
Matão, Taquaritinga e Ibitinga
(um em cada município).
Nas ruas
Obrigados a trabalhar diariamente em toda a cidade, os carteiros estão entre os mais expostos
diretamente ao calor.
É o caso de João Paulo dos Santos, 22, que trocou o emprego no
escritório de contabilidade arejado e com ar-condicionado em
que trabalhava até o ano passado
para entregar cartas.
"O calor está absurdo, desgastamos muito com esse tempo", afirmou. A assessoria dos Correios
afirmou que a empresa fornece
protetor solar aos carteiros que
apresentarem receita médica.
Para tentar amenizar os efeitos
do clima, o motorista de ônibus
Marco Antonio Amaro de Freitas,
31, andava ontem pelas ruas da cidade com uma toalha úmida na
cabeça. "Quando não consigo carona, coloco a toalha molhada para cobrir o rosto", afirmou.
"O clima está ficando mais árido do que se esperava. Havia a expectativa de chuva no último final
de semana, que não veio e agravou a situação em toda a região",
afirmou o pesquisador do Cepagri Hilton Silveira Pinto.
Ozônio
A poluição do ar em Ribeirão
causada por ozônio (O3) aumenta
no período da tarde, entre as 12h e
as 17h, segundo as medições realizadas pela Cetesb em agosto.
No dia 25, a concentração de
ozônio ficou em nível considerado inadequado das 13h às 16h,
com um auge de 174 microgramas por m3 por volta das 13h. A
quantidade máxima para que o ar
seja considerado adequado é de
160 microgramas/ m3, conforme o
PQAR (Padrão Nacional de Qualidade do Ar). Na maioria dos outros dias do mês, a concentração
de ozônio ficou em nível considerado regular à tarde.
Por ser tóxico, o ozônio causa
efeitos mesmo em baixa concentração: pode causar irritação de
olhos, nariz e garganta, dor de cabeça, tosse, fadiga e agravar doenças respiratórias.
Colaboraram AFRA BALAZINA, free-lance para a Folha Ribeirão, e EDSON SILVA,
repórter fotográfico da Folha Ribeirão
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