São Paulo, quinta-feira, 02 de setembro de 2004

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CLIMA DESÉRTICO

Ar seco reduz atividade física nas escolas

Baixa umidade em Ribeirão afeta aulas e traz ameaça de incêndio

MARCELO TOLEDO
DA FOLHA RIBEIRÃO

No dia mais quente do ano, a umidade relativa do ar em Ribeirão Preto chegou a 18% ontem. Em Barretos, o índice caiu a 15% -a OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda evitar atividades físicas pesadas quando com 13% de umidade relativa.
O pico do clima seco em Ribeirão ocorreu entre as 15h e as 15h30, segundo o LabGeo (Laboratório de Geotecnologia), da Unaerp (Universidade de Ribeirão Preto). Foi o segundo dia em que a umidade ficou abaixo de 20% desde segunda-feira.
Para piorar a sensação de desconforto, a temperatura atingiu 33,3C no mesmo horário, a mais alta do ano em Ribeirão.
A Secretaria da Educação de Ribeirão Preto orientou as escolas municipais a suspender exercícios considerados mais desgastantes, como o futebol.
Com esse cenário quente, o Corpo de Bombeiros também está em estado de alerta em razão da possibilidade de incêndios.
Se não chover nos próximos dias -a previsão é de sol e 32C hoje em Ribeirão-, os funcionários administrativos e os de folga vão ser convocados para formar minibrigadas para atender as ocorrências, que devem crescer, segundo o tenente-coronel Enio Antonio de Morais, coordenador do 9º Grupamento de Bombeiros, que cobre o nordeste do Estado.
"Uma frente fria é aguardada para o final de semana. Se não vier, a situação ficará complicada, já que o clima está desértico."
Na região, são registradas em média dez incêndios por dia em 11 unidades da corporação, número que dobra com o clima seco.
Anteontem,os bombeiros combateram incêndios em Jaboticabal (cinco), Franca (três), Orlândia e Sertãozinho (dois em cada) e Ribeirão, Bebedouro, Araraquara, Matão, Taquaritinga e Ibitinga (um em cada município).

Nas ruas
Obrigados a trabalhar diariamente em toda a cidade, os carteiros estão entre os mais expostos diretamente ao calor.
É o caso de João Paulo dos Santos, 22, que trocou o emprego no escritório de contabilidade arejado e com ar-condicionado em que trabalhava até o ano passado para entregar cartas.
"O calor está absurdo, desgastamos muito com esse tempo", afirmou. A assessoria dos Correios afirmou que a empresa fornece protetor solar aos carteiros que apresentarem receita médica.
Para tentar amenizar os efeitos do clima, o motorista de ônibus Marco Antonio Amaro de Freitas, 31, andava ontem pelas ruas da cidade com uma toalha úmida na cabeça. "Quando não consigo carona, coloco a toalha molhada para cobrir o rosto", afirmou.
"O clima está ficando mais árido do que se esperava. Havia a expectativa de chuva no último final de semana, que não veio e agravou a situação em toda a região", afirmou o pesquisador do Cepagri Hilton Silveira Pinto.

Ozônio
A poluição do ar em Ribeirão causada por ozônio (O3) aumenta no período da tarde, entre as 12h e as 17h, segundo as medições realizadas pela Cetesb em agosto.
No dia 25, a concentração de ozônio ficou em nível considerado inadequado das 13h às 16h, com um auge de 174 microgramas por m3 por volta das 13h. A quantidade máxima para que o ar seja considerado adequado é de 160 microgramas/ m3, conforme o PQAR (Padrão Nacional de Qualidade do Ar). Na maioria dos outros dias do mês, a concentração de ozônio ficou em nível considerado regular à tarde.
Por ser tóxico, o ozônio causa efeitos mesmo em baixa concentração: pode causar irritação de olhos, nariz e garganta, dor de cabeça, tosse, fadiga e agravar doenças respiratórias.


Colaboraram AFRA BALAZINA, free-lance para a Folha Ribeirão, e EDSON SILVA, repórter fotográfico da Folha Ribeirão

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