SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA

Pelo menos nove pessoas morreram -sendo quatro de uma mesma família- no naufrágio do barco de pesca Estrela Guia 1, no litoral do Maranhão, na madrugada de ontem. Outras três pessoas continuavam desaparecidas até a conclusão desta edição.
Segundo a Capitania dos Portos do Maranhão, o Estrela Guia 1, de 7,8 m de comprimento, só poderia ser usado para a pesca, com autorização para transportar apenas dois tripulantes. Testemunhas relataram que havia pelo menos 30 pessoas na embarcação.
Entre os mortos estão duas meninas de um e de quatro anos de idade, um menino de 12 e dois adolescentes.
O barco, que não tinha autorização para transportar passageiros, levava a bordo adolescentes do grupo de dança folclórica portuguesa "Marinheiros de Portugal", de São José de Ribamar.
Eles voltavam de uma apresentação no município vizinho. Familiares acompanhavam os jovens na viagem.
O barco saiu do povoado de Mirijuí, no município de Icatu, onde o grupo havia se apresentado anteontem à noite, por volta das 2h30 de ontem em direção a São José de Ribamar, a cerca de 10 km.
Um outro barco, também de pesca, acompanhava o Estrela Guia 1, com outros integrantes do grupo. Segundo o relato de sobreviventes, os dois barcos estavam superlotados, com cerca de 30 pessoas cada um. Ventava forte e o mar estava bastante agitado.
Por volta das 4h30, também de acordo com sobreviventes, o Estrela Guia 1 foi atingido lateralmente por uma onda e virou.
Superlotado, o outro barco não teve como resgatar os náufragos.
Seus ocupantes foram desembarcados no cais de São José de Ribamar. A embarcação voltou ao local do naufrágio, mas o mar já havia arrastado o Estrela Guia 1 para outro lugar.
Os sobreviventes foram resgatados por barcos de pesca que estavam na baía.

Mar aberto
Segundo a Capitania dos Portos, o naufrágio ocorreu a 8 km da costa, local considerado como sendo mar aberto, apesar de estar dentro da baía de São José.
"O naufrágio foi a 8 km mar adentro, isso é mar aberto. Não é exatamente uma baía abrigada, é mar aberto mesmo, onde o vento estava muito forte. Parece que o vento e as ondas contribuíram [para o naufrágio], além do excesso de passageiros, que já confirmamos", disse o capitão-de-mar-e-guerra Luiz Augusto Oliveira de Freitas, capitão dos Portos do Estado do Maranhão.
A Capitania, órgão da Marinha responsável pelas buscas aos náufragos, não foi avisada do acidente. Segundo o capitão Freitas, ele soube do acidente pela imprensa, que entrou em contato com ele por volta das 8h30 de ontem em busca de informações.
O comandante do GTA (Grupo Tático Aéreo), Laércio Costa, que participou da operação de busca, disse que o Corpo de Bombeiros só foi acionado próximo das 7h. O helicóptero usado no resgate encontrou apenas corpos.
Segundo a Capitania dos Portos, ainda não foi possível determinar o número de pessoas que estavam a bordo do Estrela Guia 1 nem quantos foram resgatados ou estão desaparecidos.
As buscas foram suspensas ao pôr-do-sol de ontem e serão reiniciadas hoje cedo.
Ontem mesmo a Capitania dos Portos do Maranhão abriu um inquérito administrativo para apurar as causas e as circunstâncias do naufrágio. Depois de concluído, o resultado da investigação será remetido ao Tribunal Marítimo, no Rio de Janeiro, que irá julgar os responsáveis pelo acidente.
O dono do Estrela Guia 1 não foi encontrado ontem para prestar esclarecimentos e o comandante da embarcação no momento do naufrágio, que ainda não foi identificado, fugiu do local.


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