São Paulo, sexta-feira, 02 de setembro de 2005

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EDUCAÇÃO

Manifestantes, que fizeram coro contra Alckmin, foram pressionar deputados a derrubar veto do governador

Ato na Assembléia por verbas reúne 1.500

FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

Mesmo com a pressão de 1.500 manifestantes nas galerias da Assembléia Legislativa de São Paulo, os deputados não chegaram a apreciar ontem o veto do governador Geraldo Alckmin (PSDB) ao mecanismo que poderia gerar mais verbas para a educação.
Participaram da manifestação estudantes, funcionários e professores da USP, da Unicamp, da Unesp e da Fatec (faculdade tecnológica), além de docentes da rede estadual de ensino básico.
Vieram a São Paulo 25 ônibus, de Campinas, São José do Rio Preto, Marília, Bauru, Botucatu e Assis. Os manifestantes da capital utilizaram 30 ônibus.
A Polícia Militar, que estimou em 1.500 o número de presentes, informou que não houve incidentes. A organização do movimento afirmou que reuniu 2.000 pessoas.
A presidência da Assembléia permitiu a entrada de todos os manifestantes, que se distribuíram pelas galerias da casa. Aqueles que não conseguiram chegar ao salão principal assistiram às discussões por telões.
A PM revistou os manifestantes para evitar a entrada de instrumentos musicais. Na última terça-feira, os manifestantes andaram pela casa fazendo batuque.
No protesto de ontem, os manifestantes puxaram coro nas galerias contra Alckmin e deputados aliados ao governo. Uma das frases foi "Geraldo, ladrão, destrói a educação". O líder do governo, Edson Aparecido (PSDB), sofreu vaias durante discursos, em que disse que o assunto não havia sido discutido e, por isso, a base do governo não poderia votá-lo. Em protesto, a platéia ficou de costas.
No momento em que Aparecido disse no microfone que os deputados sob a sua liderança não concordavam com a apreciação do veto, a platéia reagiu: "Vamos trabalhar, vagabundos".

LDO
Os manifestantes querem a derrubada do veto ao item incluído pelos deputados na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) que sobe as despesas com educação de 30% para 31% do Orçamento. A estimativa é que esse aumento pudesse gerar R$ 470 milhões extras para a área em 2006.
No veto, o governador alega que a vinculação para o ensino já é muito alta e que seu aumento prejudicaria outros setores.
Para que o assunto fosse discutido, era necessário que 48 deputados votassem pela inversão da ordem do dia, ou seja, que o veto da LDO, 191º tema da lista, fosse o primeiro assunto a ser analisado.
Para isso, a oposição precisava de um acordo com parte da base do governo -o que não ocorreu. Apenas 27 deputados registraram o voto. ""Não houve acordo porque ainda não houve discussão [do veto, entre os partidos]", declarou Aparecido.
O tucano afirmou que o governo quer discutir não só o veto ""mas também o papel das universidades na sociedade", o que foi refutado pela oposição. ""Não aceitamos nada que não seja a votação do veto", rebateu o líder do PT, Renato Simões.
Quando não havia mais meios de colocar o assunto em discussão, os manifestantes, das galerias, começaram a jogar bolinhas de papel no plenário.
Os partidos vão discutir o tema na terça-feira. ""A pressão vai continuar", disse o vice-presidente da Adusp (associação dos docentes da USP), Francisco Miraglia.
Após o final da sessão, os manifestantes saíram em passeata, da Assembléia até a avenida Paulista, onde interditaram duas faixas do sentido Consolação. O protesto, terminou às 21h, no Masp.


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