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Guerra Urbana
Quadrilha comprou prédio de R$ 1,2 mi
Roberto Vinicius/Correio do Povo
![](../images/c0209200601.jpg) |
Presos flagrados escavando túnel que levaria a duas agência bancárias de Porto Alegre são levados em caminhão pela PF |
Responsável pela negociação foi preso pela PF ontem, em São Paulo; acusado prometeu pagar valor em quatro vezes
A PF suspeita que o dinheiro para a aquisição do imóvel saiu do "lucro" obtido com o furto dos R$ 164,8 milhões levados do BC de Fortaleza
DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM PORTO ALEGRE
Para tentar realizar mais um
assalto a banco, o grupo preso
ontem pela PF em Porto Alegre
chegou a comprar um prédio,
no valor de R$ 1,2 mi. O responsável por negociar a compra do
imóvel foi preso ontem pela
manhã, em São Paulo, exatamente ao mesmo tempo em
que os escavadores do túnel
eram surpreendidos pelos
agentes da Polícia Federal.
Há pouco mais de dois meses, Fabrisio Oliveira Santos, o
Boy, assinou um termo de compromisso com os proprietários
do prédio. No documento, Boy
se comprometeu a pagar R$ 1,2
milhão pelo imóvel, localizado
bem no centro de Porto Alegre.
O valor total seria pago, ainda
segundo o documento, em quatro prestações de R$ 300 mil. A
segunda parcela seria paga no
dia 5 de outubro. As demais, em
novembro e em dezembro.
Para a PF, o dinheiro investido no imóvel é proveniente do
furto de R$ 164,8 milhões, em
agosto de 2005, do Banco Central de Fortaleza. Em São Paulo, agentes da PF tentam descobrir quantos e quais imóveis foram adquiridos pelos criminosos com o dinheiro do furto.
Das pessoas presas ontem,
duas são apontadas como suspeitas de participação direta no
furto de Fortaleza: Raimundo
Laurindo Barbosa, detido em
Parnaíba (PI), e Lucivaldo Laurindo, um dos presos na escavação do túnel em Porto Alegre.
Lucivaldo, segundo apontam as
investigações da PF, era ligado
ao traficante Luiz Fernando Ribeiro, o Fê, que, em 7 de outubro de 2005, foi seqüestrado
por uma quadrilha supostamente liderada por policiais.
Ligado ao PCC, Fê contribuiu com R$ 300 mil para a realização do furto ao BC de Fortaleza. Mesmo com o pagamento
de um resgate de R$ 2 milhões
feito por seus familiares, ele foi
achado morto, em 20 de outubro, em Camanducaia (MG).
Mesmo com as prisões de ontem, a PF ainda não conseguiu
prender os líderes do assalto
em Fortaleza e muito menos
recuperar o total furtado.
Uniformes
Segundo a polícia, o prédio
em Porto Alegre funcionava como uma obra. Os escavadores
trabalhavam de uniforme.
Na entrada metálica do edifício, tipicamente comercial, tudo está em escombros. Depois
de uma sala, no térreo, está o local onde começava o túnel, que
não conta com sistema de iluminação. Subindo a escada, no
terceiro andar, estavam os pertences dos presos, que dormiam no local. Diversos colchões com lençóis e cobertores,
achocolatados, revistas de mulheres nuas, garrafas de 20 litros de água mineral, toalhas,
caixas de leite, óleo de soja, panelas, cigarros, sabonetes, licor,
mostarda e até uma lingüiça
pendurada foram achados.
Um dos objetos, levado pelo
superintendente para o prédio
da PF, era uma estatueta de
Nossa Senhora Aparecida.
""Vou levar porque é a nossa padroeira", brincou José Francisco Mallmann.
(LÉO GERCHMANN E ANDRÉ CARAMANTE)
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