São Paulo, sábado, 02 de setembro de 2006

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Guerra Urbana

Quadrilha comprou prédio de R$ 1,2 mi

Roberto Vinicius/Correio do Povo
Presos flagrados escavando túnel que levaria a duas agência bancárias de Porto Alegre são levados em caminhão pela PF


Responsável pela negociação foi preso pela PF ontem, em São Paulo; acusado prometeu pagar valor em quatro vezes

A PF suspeita que o dinheiro para a aquisição do imóvel saiu do "lucro" obtido com o furto dos R$ 164,8 milhões levados do BC de Fortaleza

DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM PORTO ALEGRE

Para tentar realizar mais um assalto a banco, o grupo preso ontem pela PF em Porto Alegre chegou a comprar um prédio, no valor de R$ 1,2 mi. O responsável por negociar a compra do imóvel foi preso ontem pela manhã, em São Paulo, exatamente ao mesmo tempo em que os escavadores do túnel eram surpreendidos pelos agentes da Polícia Federal.
Há pouco mais de dois meses, Fabrisio Oliveira Santos, o Boy, assinou um termo de compromisso com os proprietários do prédio. No documento, Boy se comprometeu a pagar R$ 1,2 milhão pelo imóvel, localizado bem no centro de Porto Alegre.
O valor total seria pago, ainda segundo o documento, em quatro prestações de R$ 300 mil. A segunda parcela seria paga no dia 5 de outubro. As demais, em novembro e em dezembro.
Para a PF, o dinheiro investido no imóvel é proveniente do furto de R$ 164,8 milhões, em agosto de 2005, do Banco Central de Fortaleza. Em São Paulo, agentes da PF tentam descobrir quantos e quais imóveis foram adquiridos pelos criminosos com o dinheiro do furto.
Das pessoas presas ontem, duas são apontadas como suspeitas de participação direta no furto de Fortaleza: Raimundo Laurindo Barbosa, detido em Parnaíba (PI), e Lucivaldo Laurindo, um dos presos na escavação do túnel em Porto Alegre. Lucivaldo, segundo apontam as investigações da PF, era ligado ao traficante Luiz Fernando Ribeiro, o Fê, que, em 7 de outubro de 2005, foi seqüestrado por uma quadrilha supostamente liderada por policiais.
Ligado ao PCC, Fê contribuiu com R$ 300 mil para a realização do furto ao BC de Fortaleza. Mesmo com o pagamento de um resgate de R$ 2 milhões feito por seus familiares, ele foi achado morto, em 20 de outubro, em Camanducaia (MG).
Mesmo com as prisões de ontem, a PF ainda não conseguiu prender os líderes do assalto em Fortaleza e muito menos recuperar o total furtado.

Uniformes
Segundo a polícia, o prédio em Porto Alegre funcionava como uma obra. Os escavadores trabalhavam de uniforme.
Na entrada metálica do edifício, tipicamente comercial, tudo está em escombros. Depois de uma sala, no térreo, está o local onde começava o túnel, que não conta com sistema de iluminação. Subindo a escada, no terceiro andar, estavam os pertences dos presos, que dormiam no local. Diversos colchões com lençóis e cobertores, achocolatados, revistas de mulheres nuas, garrafas de 20 litros de água mineral, toalhas, caixas de leite, óleo de soja, panelas, cigarros, sabonetes, licor, mostarda e até uma lingüiça pendurada foram achados.
Um dos objetos, levado pelo superintendente para o prédio da PF, era uma estatueta de Nossa Senhora Aparecida. ""Vou levar porque é a nossa padroeira", brincou José Francisco Mallmann. (LÉO GERCHMANN E ANDRÉ CARAMANTE)


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