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Para especialista, GCM deve proteger patrimônio
DA REPORTAGEM LOCAL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Especialistas criticaram a
atuação dos guardas-civis municipais que anteontem se envolveram no tiroteio que resultou na morte de uma jovem de
17 anos em Heliópolis. Já a
GCM de São Caetano do Sul defendeu seus integrantes.
Para dois profissionais que
trabalham com segurança pública ouvidos pela Folha, a
atuação dos guardas deveria se
restringir à proteção ao patrimônio público, e não ao bem
particular. No caso, a GCM
perseguiu suspeitos de roubar
o veículo de uma universitária.
Para Paulo Sette Câmara, ex-delegado da Polícia Federal e
ex-secretário da Segurança Pública do Pará e de Roraima, nenhum guarda-civil poderia fazer policiamento ostensivo.
"A guarda pode atuar para
prevenir o crime, mas, quando
ele ocorre, não deve ir atrás do
criminoso. Isso cabe à polícia.
É obvio que, se um criminoso
estiver tentando matar um cidadão, a guarda vai usar a força
necessária para evitar isso."
A falta de preparo dos policiais é outro ponto questionado. "Assim como a polícia é
despreparada quando sai atirando no meio da rua, a guarda
também age de uma maneira
errada quando faz isso."
O ex-procurador de Justiça
em SP e criminalista Eduardo
Silveira Melo Rodrigues também pondera que a GCM não
"tem poder de polícia".
Os dois especialistas divergem quanto ao limite de atuação dos guardas. Para Câmara,
eles não poderiam perseguir
suspeitos fora do município
onde atuam. Já Rodrigues diz
que isso poderia acontecer, caso se tratasse de um flagrante.
Outro lado
O secretário de Segurança
Pública de São Caetano do Sul,
Moacir Rodrigues, disse que a
GCM da cidade tem treinamento para realizar perseguições. Segundo ele, a Polícia Federal exige capacitação para
conceder o porte de arma a
guardas municipais.
O secretário afirmou que as
avenidas da divisa com São
Paulo são rotas de fuga de criminosos. Por isso, segundo ele,
os guardas são obrigados muitas vezes a atravessar o limite
municipal, sob pena de a GCM
ser classificada como omissa.
Porém, o secretário diz que
os guardas acionam imediatamente a PM quando é necessário sair da área do município.
Para justificar a perseguição,
ele disse que todas as pessoas
têm o direito de dar voz de prisão para um suspeito. Ele se baseia na Constituição Federal,
que afirma que a segurança pública é "dever do Estado, direito
e responsabilidade de todos".
(AFONSO BENITES E PABLO SOLANO)
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