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Dificuldade de locomoção esconde deficientes
DA REPORTAGEM LOCAL
Pelo menos 200 mil pessoas
precisam de cadeiras de rodas para se locomover só na cidade de
São Paulo. A estimativa, considerada modesta, é da Organização
Mundial da Saúde. Se elas não são
vistas ou percebidas, é porque
não têm cadeiras para se locomover, não contam com conduções
públicas para transportá-las de
um lugar a outro ou vivem tão deprimidas que preferem esconder-se nas suas casas.
O preconceito que pesa sobre o
deficiente físico começou a diminuir quando os filhos da classe
média e alta passaram a encabeçar a lista das vítimas de acidentes
de carro. Fabiano Puhlmann estima que a cada feriado prolongado
pelo menos 20 jovens se transformem em deficientes, vítimas de
batidas no trânsito, mergulhos
em piscina e açudes, além dos feridos por balas.
Foi essa legião de novas vítimas
que passou a exigir, nos EUA, direito a equipamentos adequados
e condições especiais de acesso
em lugares públicos.
No Brasil, o movimento cresceu
depressa e conquistou uma série
de mudanças nas leis que regulam
ocupações urbanas. A desinformação e o preconceito, no entanto, continuam sendo as principais
barreiras, diz Puhlmann. Ele cita
o caso dos profissionais que estão
em contato com os deficientes, de
médicos, psicólogos a cuidadores.
São tão inseguros, assustados e
mal pagos que, na maioria das vezes, angustiam ainda mais o deficiente e as famílias. "Em geral, os
profissionais contratados para
cuidar da pessoa, em lugar de
apontar para uma direção de qualidade de vida, indicam na direção
contrária."
Dez anos atrás, Puhlmann e um
amigo estiveram numa feira
mundial na Alemanha em busca
de acessórios. O psicólogo trouxe
uma bicicleta adaptada a uma cadeira de rodas que, "pedalada"
com as mãos, transformava-se
num veloz e confortável triciclo.
Um mecânico de São Paulo copiou o modelo e está desenvolvendo triciclos movidos a pés e
mãos. Em breve os parques estarão cheios deles.
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