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SEGURANÇA
No último dia 16, o secretário Roberto Aguiar recebeu gravação em que traficante falava de ação do Comando Vermelho
Governo sabia de plano para aterrorizar Rio
DA SUCURSAL DO RIO
O secretário de Segurança Pública do Estado do Rio, Roberto
Aguiar, recebeu no último dia 16,
do procurador-geral de Justiça,
José Muiños Piñeiro Filho, gravações em que traficantes ligados à
facção criminosa CV (Comando
Vermelho), presos na penitenciária Bangu 1 (zona oeste), planejavam ações como a de anteontem
na região metropolitana do Rio,
quando o comércio fechou em
pelo menos 36 bairros da capital e
em municípios vizinhos.
As gravações feitas pelo Ministério Público Estadual mostram
conversas em que o traficante
Marco Antônio Tavares, o Marquinho Niterói, dizia que o CV
aterrorizaria os fluminenses.
"Nas gravações, o traficante
[Marquinho Niterói" afirmou que
quem não participasse da ação seria alemão [inimigo"", disse
Aguiar, acrescentando não estar
ainda convencido de que a ação
de anteontem teria sido realizada
por ordem do tráfico. Niterói é ligado a Luiz Fernando da Costa, o
Fernandinho Beira-Mar.
O secretário disse que, a partir
do dia 16, colocou toda a polícia
em alerta, mas que não pôde evitar o fechamento do comércio
porque as gravações não mencionavam dia, hora e local em que
ocorreria a ação.
Em nota oficial, o Ministério
Público informou que não quis
tornar público o conteúdo das
gravações para não criar "um pânico social e dar tempo" à cúpula
da segurança "de se preparar para
o enfrentamento".
Aguiar disse que não descarta
ser do CV um documento distribuído ontem em várias redações
de jornais cariocas, em uma emissora de TV e em pontos da cidade.
Supostamente assinado pela facção, a nota informa que o fechamento do comércio é uma retaliação à falta de regalias de traficantes presos no Batalhão de Choque,
vindos de Bangu 1.
O secretário informou que investiga também a possibilidade
de a carta ter sido enviada por
funcionários públicos. Em fax encaminhado a um jornal, apareceu
o número de um aparelho que
pertence ao Iperj (Instituto de
Previdência do Estado do Rio de
Janeiro). Os telefones do órgão estão sendo rastreados.
O "aviso" informa que o fechamento do comércio não foi terrorismo nem ato político, mas um
manifesto contra o "tratamento
arbitrário" sofrido pelos líderes
do motim no presídio de Bangu 1,
levados para o Batalhão de Choque". A nota afirma que, se não
houver providências, o comércio
terá de fechar de novo suas portas.
No batalhão, estão Fernandinho
Beira-Mar e Elias Maluco.
Apesar do anúncio de reforço
de policiamento feito pelo governo, com 43.500 homens nas ruas,
a Folha circulou ontem por bairros das zonas norte e sul, das 11h
às 15h30 de ontem, e não viu policiamento ostensivo.
Aos poucos, a tranquilidade
voltou, mas ainda havia vestígios
do medo. O comércio voltou ao
normal pela manhã, com as lojas
abrindo entre 30 minutos e uma
hora mais tarde do que o horário
normal. Durante a madrugada,
muitos bares e restaurantes ficaram fechados.
(MARIO HUGO MONKEN, FERNANDA DA ESCÓSSIA E TALITA FIGUEIREDO)
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