São Paulo, quarta-feira, 02 de outubro de 2002

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FAVELAS

Na Vila Prudente, mais de 185 barracos foram destruídos; horas depois, também na zona leste, fogo atingiu mais dez barracos

Incêndios deixam 195 famílias desabrigadas

DO "AGORA"

Dois incêndios em favelas na zona leste de São Paulo deixaram pelo menos 195 famílias desabrigadas ontem. O primeiro deles teve início por volta do meio-dia, na Vila Prudente, e destruiu completamente 190 barracos. Horas depois, no início da noite, foi a vez de o fogo atingir dez moradias na favela Tiquatira, no Cangaíba.
Chovia quando o fogo começou em um dos barracos na favela Jacareípe, na Vila Prudente. Segundo uma moradora, o fogo se alastrou rapidamente. "Eu ouvi uns estalos e depois o fogo vindo para a minha casa. Só deu para pegar os documentos e sair correndo. Perdi tudo", disse a dona-de-casa Maria do Carmo Silva.
Mais de 120 homens e 30 veículos do Corpo de Bombeiros foram deslocados para o local, mas o incêndio só conseguiu ser contido três horas depois. Eles tiveram problemas com a falta d'água no início do combate ao fogo, já que não há hidrantes perto da favela.
Mais da metade da favela foi destruída, segundo a prefeitura. Até a conclusão desta edição, os bombeiros não sabiam dizer o que teria provocado o incêndio.
Moradores levaram para a rua os poucos móveis que conseguiram salvar. "De meu, só sobraram os filhos", disse o porteiro Arlindo Delmond Lopes, 33, que morava com a mulher e os três filhos havia 14 anos no local.
A desempregada Risonete Gonzaga da Silva, 26, também diz ter perdido tudo. "Fui procurar emprego e, quando voltei, vi tudo pegando fogo", conta ela.
Muitos dos desabrigados colocaram móveis e roupas na avenida do Estado, que ficou interditada durante uma hora no sentido Vila Prudente, segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).
De acordo com a prefeitura, mais de 1.200 pessoas ficaram desabrigadas. Segundo os bombeiros, não houve mortos ou feridos, à exceção de uma mulher grávida que, nervosa, foi encaminhada ao pronto-socorro. Ela foi medicada e liberada em seguida.
A prefeita Marta Suplicy (PT) visitou a favela e prometeu abrigo para 85 famílias. Os desabrigados seriam levados para o Centro Esportivo Educacional Flávio Calabreiro, na rua da Municipalidade.
Já as outras cem famílias desabrigadas, segundo a prefeitura, optaram por ir à casa de parentes e seis caminhões iriam fazer a mudança.
Na favela, Marta criticou os governos estadual e federal por, segundo ela, não liberarem verba para a área da habitação.
O segundo incêndio na favela Tiquatira (Vila Matilde) teve menores proporções. Dez dos quase 450 barracos, segundo cadastro da Sabesp, foram destruídos, mas há risco de o fogo ter atingido o viaduto Vila Matilde.
O fogo começou por volta das 18h30 e, somente por volta das 20h, 11 carros dos bombeiros da capital e mais os reforços do 5º Grupamento de Guarulhos conseguiram apagar o incêndio.
Um dos carros teve de jogar água de cima do viaduto para ajudar a combater o fogo. Segundo os bombeiros, ninguém se feriu. A exemplo do que aconteceu na Vila Prudente, os bombeiros também não souberam explicar as razões do incêndio.
Aproximadamente duas mil pessoas moram na favela, onde já houve um incêndio em 1997.

Chuva
Além da avenida do Estado, o motorista enfrentou trânsito lento em outras vias da cidade, principalmente por conta da chuva. Os índices de congestionamento, registrados pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), se mantiveram acima da média de dias considerados normais.
No período da manhã, o pico de lentidão foi de 99 quilômetros, quando, normalmente são registrados 60 quilômetros de congestionamento neste horário.
Colaboraram a Folha Online e a Reportagem Local

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