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FAVELAS
Na Vila Prudente, mais de 185 barracos foram destruídos; horas depois, também na zona leste, fogo atingiu mais dez barracos
Incêndios deixam 195 famílias desabrigadas
DO "AGORA"
Dois incêndios em favelas na
zona leste de São Paulo deixaram
pelo menos 195 famílias desabrigadas ontem. O primeiro deles teve início por volta do meio-dia, na
Vila Prudente, e destruiu completamente 190 barracos. Horas depois, no início da noite, foi a vez
de o fogo atingir dez moradias na
favela Tiquatira, no Cangaíba.
Chovia quando o fogo começou
em um dos barracos na favela Jacareípe, na Vila Prudente. Segundo uma moradora, o fogo se alastrou rapidamente. "Eu ouvi uns
estalos e depois o fogo vindo para
a minha casa. Só deu para pegar
os documentos e sair correndo.
Perdi tudo", disse a dona-de-casa
Maria do Carmo Silva.
Mais de 120 homens e 30 veículos do Corpo de Bombeiros foram
deslocados para o local, mas o incêndio só conseguiu ser contido
três horas depois. Eles tiveram
problemas com a falta d'água no
início do combate ao fogo, já que
não há hidrantes perto da favela.
Mais da metade da favela foi
destruída, segundo a prefeitura.
Até a conclusão desta edição, os
bombeiros não sabiam dizer o
que teria provocado o incêndio.
Moradores levaram para a rua
os poucos móveis que conseguiram salvar. "De meu, só sobraram
os filhos", disse o porteiro Arlindo Delmond Lopes, 33, que morava com a mulher e os três filhos
havia 14 anos no local.
A desempregada Risonete Gonzaga da Silva, 26, também diz ter
perdido tudo. "Fui procurar emprego e, quando voltei, vi tudo pegando fogo", conta ela.
Muitos dos desabrigados colocaram móveis e roupas na avenida do Estado, que ficou interditada durante uma hora no sentido
Vila Prudente, segundo a CET
(Companhia de Engenharia de
Tráfego).
De acordo com a prefeitura,
mais de 1.200 pessoas ficaram desabrigadas. Segundo os bombeiros, não houve mortos ou feridos,
à exceção de uma mulher grávida
que, nervosa, foi encaminhada ao
pronto-socorro. Ela foi medicada
e liberada em seguida.
A prefeita Marta Suplicy (PT)
visitou a favela e prometeu abrigo
para 85 famílias. Os desabrigados
seriam levados para o Centro Esportivo Educacional Flávio Calabreiro, na rua da Municipalidade.
Já as outras cem famílias desabrigadas, segundo a prefeitura,
optaram por ir à casa de parentes
e seis caminhões iriam fazer a
mudança.
Na favela, Marta criticou os governos estadual e federal por, segundo ela, não liberarem verba
para a área da habitação.
O segundo incêndio na favela
Tiquatira (Vila Matilde) teve menores proporções. Dez dos quase
450 barracos, segundo cadastro
da Sabesp, foram destruídos, mas
há risco de o fogo ter atingido o
viaduto Vila Matilde.
O fogo começou por volta das
18h30 e, somente por volta das
20h, 11 carros dos bombeiros da
capital e mais os reforços do 5º
Grupamento de Guarulhos conseguiram apagar o incêndio.
Um dos carros teve de jogar
água de cima do viaduto para ajudar a combater o fogo. Segundo
os bombeiros, ninguém se feriu. A
exemplo do que aconteceu na Vila Prudente, os bombeiros também não souberam explicar as razões do incêndio.
Aproximadamente duas mil
pessoas moram na favela, onde já
houve um incêndio em 1997.
Chuva
Além da avenida do Estado, o
motorista enfrentou trânsito lento em outras vias da cidade, principalmente por conta da chuva.
Os índices de congestionamento,
registrados pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego),
se mantiveram acima da média de
dias considerados normais.
No período da manhã, o pico de
lentidão foi de 99 quilômetros,
quando, normalmente são registrados 60 quilômetros de congestionamento neste horário.
Colaboraram a Folha Online e a Reportagem Local
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