São Paulo, sábado, 02 de outubro de 2004

Próximo Texto | Índice

EFEITO COLATERAL

Começa no dia 8 o reembolso a usuários do remédio, recolhido por causa do risco de problemas cardiovasculares

Vioxx poderá ser devolvido em farmácias

VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A Merck Sharp & Dohme anunciou ontem que irá reembolsar, a partir do próximo dia 8, os pacientes que compraram o medicamento Vioxx e interromperam seu consumo em razão do anúncio feito anteontem, por parte da empresa, da retirada do produto das farmácias. A Merck Sharp & Dohme é a subsidiária brasileira da Merck & Co. Inc., que produzia o Vioxx.
De acordo com a empresa, o paciente que quiser ser reembolsado deverá, a partir da próxima sexta-feira, se dirigir à farmácia em que comprou o produto, levando a embalagem -caixa ou o suporte dos comprimidos- do medicamento. O reembolso será no valor total de compra, mesmo que o produto tenha sido parcialmente consumido.
O Vioxx foi retirado do mercado voluntariamente pela Merck, em todo o mundo, em razão de estudos que indicaram o aumento da chance de ocorrerem doenças cardiovasculares em pacientes que usaram o medicamento continuamente por, pelo menos, um ano e meio.
Até o dia 8, a Merck vai habilitar as drogarias para que elas tenham condições de efetuar os pagamentos aos clientes. A empresa anunciou que o processo de reembolso e recolhimento dos medicamentos será acompanhado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e pelos órgãos fiscalizadores estaduais e municipais.
Segundo a Merck, não será necessário que o paciente apresente a prescrição médica, exigida para a compra, ou a nota fiscal do produto, no momento em que for pedir o reembolso. Caixas ou suportes do Vioxx que não contiverem nenhum comprimido não serão reembolsados.
Caso o consumidor encontre dificuldades na obtenção do dinheiro nas farmácias, a solicitação poderá ser feita com o envio das embalagens à fabricante. Outras informações podem ser obtidas na própria empresa pelo telefone 0800-122232, ou no site www.msdonline.com.br.

Retirada mundial
O Vioxx, um dos remédios mais vendidos no mundo, era comercializado em 80 países. As vendas mundiais do produto, apenas no ano passado, somaram US$ 2,5 bilhões.
A decisão foi tomada após um estudo interno da empresa indicar que o uso prolongado do medicamento, analgésico e antiinflamatório, aumenta as chances de que o paciente tenha problemas cardiovasculares.
O estudo demonstrou que após 18 meses de uso continuado, as chances de o paciente ter problemas, como enfartes e derrames, pode dobrar. O uso por períodos mais curtos do que esse não ofereceu riscos aos pacientes, ainda de acordo com a análise da empresa.
O Vioxx liderava o mercado nacional de antiinflamatórios, respondendo por 12% das vendas do setor. O medicamento gerava U$ 30 milhões por ano para a Merck Sharp & Dohme no Brasil, por meio das 500 mil caixas que eram vendidas mensalmente.
Apesar do uso largamente disseminado do medicamento, o presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia, Caio Moreira, afirmou que não há motivos para preocupações entre os usuários do Vioxx. Segundo ele, existem outros remédios no mercado que podem substituí-lo.
O médico disse que já trabalhou com pacientes que usaram o Vioxx por um período superior a 18 meses, e que não registrou nenhum caso de acidente cardiovascular motivado pelo remédio.
Moreira afirmou que os médicos não podem sugerir remédios para o lugar do Vioxx sem analisar o histórico de cada paciente. Por isso, ele recomenda aos usuários do medicamento que suspendam seu uso e procurem imediatamente seus médicos. A mesma orientação foi feita pela Merck e pela Abrafarma (associação de redes de farmácias).


Próximo Texto: No 1º dia, SP vistoria 2 farmácias
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.