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EFEITO COLATERAL
Começa no dia 8 o reembolso a usuários do remédio, recolhido por causa do risco de problemas cardiovasculares
Vioxx poderá ser devolvido em farmácias
VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Merck Sharp & Dohme
anunciou ontem que irá reembolsar, a partir do próximo dia 8, os
pacientes que compraram o medicamento Vioxx e interromperam seu consumo em razão do
anúncio feito anteontem, por parte da empresa, da retirada do produto das farmácias. A Merck
Sharp & Dohme é a subsidiária
brasileira da Merck & Co. Inc.,
que produzia o Vioxx.
De acordo com a empresa, o paciente que quiser ser reembolsado
deverá, a partir da próxima sexta-feira, se dirigir à farmácia em que
comprou o produto, levando a
embalagem -caixa ou o suporte
dos comprimidos- do medicamento. O reembolso será no valor
total de compra, mesmo que o
produto tenha sido parcialmente
consumido.
O Vioxx foi retirado do mercado voluntariamente pela Merck,
em todo o mundo, em razão de
estudos que indicaram o aumento
da chance de ocorrerem doenças
cardiovasculares em pacientes
que usaram o medicamento continuamente por, pelo menos, um
ano e meio.
Até o dia 8, a Merck vai habilitar
as drogarias para que elas tenham
condições de efetuar os pagamentos aos clientes. A empresa anunciou que o processo de reembolso
e recolhimento dos medicamentos será acompanhado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e pelos órgãos fiscalizadores estaduais e municipais.
Segundo a Merck, não será necessário que o paciente apresente
a prescrição médica, exigida para
a compra, ou a nota fiscal do produto, no momento em que for pedir o reembolso. Caixas ou suportes do Vioxx que não contiverem
nenhum comprimido não serão
reembolsados.
Caso o consumidor encontre dificuldades na obtenção do dinheiro nas farmácias, a solicitação poderá ser feita com o envio das embalagens à fabricante. Outras informações podem ser obtidas na
própria empresa pelo telefone
0800-122232, ou no site
www.msdonline.com.br.
Retirada mundial
O Vioxx, um dos remédios mais
vendidos no mundo, era comercializado em 80 países. As vendas
mundiais do produto, apenas no
ano passado, somaram US$ 2,5
bilhões.
A decisão foi tomada após um
estudo interno da empresa indicar que o uso prolongado do medicamento, analgésico e antiinflamatório, aumenta as chances de
que o paciente tenha problemas
cardiovasculares.
O estudo demonstrou que após
18 meses de uso continuado, as
chances de o paciente ter problemas, como enfartes e derrames,
pode dobrar. O uso por períodos
mais curtos do que esse não ofereceu riscos aos pacientes, ainda de
acordo com a análise da empresa.
O Vioxx liderava o mercado nacional de antiinflamatórios, respondendo por 12% das vendas do
setor. O medicamento gerava U$
30 milhões por ano para a Merck
Sharp & Dohme no Brasil, por
meio das 500 mil caixas que eram
vendidas mensalmente.
Apesar do uso largamente disseminado do medicamento, o
presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia, Caio Moreira, afirmou que não há motivos
para preocupações entre os usuários do Vioxx. Segundo ele, existem outros remédios no mercado
que podem substituí-lo.
O médico disse que já trabalhou
com pacientes que usaram o
Vioxx por um período superior a
18 meses, e que não registrou nenhum caso de acidente cardiovascular motivado pelo remédio.
Moreira afirmou que os médicos não podem sugerir remédios
para o lugar do Vioxx sem analisar o histórico de cada paciente.
Por isso, ele recomenda aos usuários do medicamento que suspendam seu uso e procurem imediatamente seus médicos. A mesma
orientação foi feita pela Merck e
pela Abrafarma (associação de redes de farmácias).
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