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NOVA ESTAMPA
Obras em imóveis como o edifício Itália vêm a reboque de políticas públicas para recuperar áreas degradadas
Moradores reformam prédios do centro
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Não é preciso andar muito pelo
centro de São Paulo para achar
um prédio em reforma. Moradores e empresários da região colocaram mãos à obra e estão pintando fachadas, recuperando janelas
e conservando entradas.
Um dos principais símbolos da
capital, o edifício Itália é um dos
que estão quase prontos. No mês
que vem, a fachada deverá ser entregue totalmente restaurada.
Além da reforma dos 21 mil m2 do
revestimento externo, foi feita a
limpeza nas valetas que controlam a entrada e a saída de luz.
Em frente ao prédio, o condomínio residencial São Luís também acabou de recuperar sua fachada principal, de argamassa tipo travertina. Os moradores estão
juntando recursos para a próxima
fase do projeto.
A iniciativa de moradores de
ajudar a revitalizar o centro já
chegou à ""cracolândia", a mais
degradada do centro da capital.
Depois que a prefeitura resolveu
combater o tráfico de drogas na
região e declarar que 14 quarteirões são de utilidade pública -ou
seja, passíveis de desapropriação-, Suely Godói de Paula decidiu pintar sua pensão.
"Há oito anos eu não fazia nada
no prédio porque nem dava gosto. A fachada daqui não durava",
conta. "Mas agora a região melhorou, e faço a pintura com prazer. Também quero deixar minha
rua bonita." A pensão de Suely foi
construída pelo arquiteto Ramos
de Azevedo há 97 anos.
No Centro Cultural Banco do
Brasil, os funcionários sabem de
cor que o edifício de cinco andares foi construído em 1901 e é um
dos mais importantes representantes da arquitetura brasileira do
começo do século 20.
Comprado pelo banco em 1927,
foi a primeira agência da cidade.
Em 2001, as estruturas internas
externas foram restauradas e,
agora, a fachada passa por manutenção. Até o dia 10, a limpeza e a
aplicação de verniz para proteger
as pedras deverão estar prontas.
Valorização
Já os prédios das ruas São Francisco e Ana Cintra que estão cobertos por telas passam por grandes reformas. Além de estarem
sendo recuperados, abrigarão
moradias populares a partir de
2006.
"Moradores e empresários perceberam que dá retorno investir
no imóvel e estão gastando mais
dinheiro com eles", afirma o presidente-executivo da Associação
Viva o Centro, Marco Antonio
Ramos de Almeida. "É interessante perceber que agora vários
prédios residenciais começam a
se preocupar com restaurações."
Para o secretário municipal de
Serviços e subprefeito da Sé, Andrea Matarazzo, os habitantes da
região central perceberam que a
recuperação da área, um projeto
também de Marta Suplicy (PT), é
uma realidade irreversível. "Eles
se sentem mais confiantes para
investir e acabam se envolvendo
com os projetos", diz. "Quando
alguém vê a rua limpa, a iluminação funcionando, a praça bem
cuidada e o vizinho pintando seu
imóvel, passa a querer participar." Matarazzo também acredita
que a liberação de mais recursos
ajuda a aumentar o número de
obras.
Francisco Zorzete, proprietário
da Companhia de Restauro e responsável por várias revitalizações
do centro, como a da praça Ramos de Azevedo, discorda: "O governo deveria ajudar mais nas restaurações. Acho que ainda há
pouco incentivo". Para ele, as reformas estão ocorrendo porque
boa parte dos prédios da região é
do início do século passado e agora está completando cem anos.
"Os edifícios chegaram a uma
situação de falência e precisam ser
recuperados", diz. "Essa é uma
obrigação de condôminos e donos dos imóveis, que começam a
perceber a importância de manter
o patrimônio da cidade."
Além das fachadas, é possível
encontrar obras em alguns outros
pontos do centro, como na praça
da República. O local está sendo
recuperado e, por isso, ficará cercado para evitar roubo de materiais de construção.
Já as obras de revitalização de
calçadas como as das ruas Líbero
Badaró e Augusta, devem começar ainda neste mês.
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