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Foco
Moradores de área onde há 10 anos caiu avião da TAM lembram acidente
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O avião passa baixinho, com
o bico empinado para cima e
com um barulho que incomoda quem não está acostumado.
O coração de Suzimar Marques, 35, dispara. Não tem jeito. Daqui 29 dias, completam-se dez anos do acidente com o
Fokker 100 da TAM, que caiu
na rua Luís Orsini de Castro,
na Vila Santa Catarina, zona
sul de SP, deixando 99 mortos.
Suzimar, moradora da rua,
não se esquece até hoje.
"Quando vejo cena de acidente de avião, como as de sexta-feira, passo mal. Me lembro
daquela tragédia. Se pudesse,
não estaria mais morando
aqui." Os vizinhos de Suzimar
não estão mais. A maioria se
mudou da rua nesses dez anos.
"Os destroços pararam no
nosso muro", diz a mãe de Suzimar, Judite, 72. "As paredes
e o telhado racharam. Passamos dois meses fora até tudo
voltar ao normal. Ao normal
mesmo nunca voltou", diz.
Além de perder dois moradores que estavam em suas casas,
a rua perdeu o clima de amizade. "Todo mundo se conhecia,
mas quem pôde, se mudou."
Vera Lúcia Bavaresco, 54,
continua lá e também não se
esquece do acidente. "Vimos
tudo pegando fogo. Fomos
buscar baldes d'água para tentar apagar, mas era muita coisa", diz. "Hoje não tenho medo, me apego ao ditado que diz
que um raio não cai duas vezes
no mesmo lugar."
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