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Tiro de fuzil mata menino de 3 anos no Rio
Criança foi atingida em meio a confronto entre PMs e traficantes em favela; moradores acusam polícia de atirar a esmo
Assustados, motoristas voltaram pela contramão
na Linha Vermelha;
protesto de moradores tentou fechar a av. Brasil
PEDRO LEMOS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
O menino Renan da Costa
Ribeiro, 3, morreu ontem, após
levar um tiro de fuzil na barriga, na favela Nova Holanda, no
Complexo da Maré, na zona
norte. Após confronto entre
polícia e traficantes, ele foi levado para o Hospital Geral de
Bonsucesso, mas não resistiu.
Em três semanas, foi a quarta
criança morta em confrontos
entre polícia e traficantes em
favelas cariocas.
Segundo parentes e vizinhos,
policiais do 22º Batalhão da Polícia Militar (Maré) entraram
na favela e atiraram a esmo,
acertando o menino. A polícia
diz que foi recebida a tiros por
ocupantes de uma moto quando chegava à favela. No confronto, Rafael de França Brito,
21, foi atingido no pé por uma
bala perdida.
Os policiais faziam um patrulhamento de rotina, de acordo
com a PM, e iriam reforçar a segurança no CIEP Hélio Smidt,
local de votação nas eleições. A
polícia só conseguiu sair da favela com o reforço de um carro
blindado, o "Caveirão".
"Renan estava de mãos dadas
com a minha avó quando os policiais atiraram para tudo o que
é lado, sem motivo algum. De
repente, o menino caiu no chão
e minha avó desmaiou. Foi aí
que os policiais botaram ele no
carro e levaram para o hospital", contou Marcela da Costa
Ribeiro, 21, tia do menino.
De acordo com relato dos
moradores, os policiais entraram na favela por volta das 13h,
em três veículos. Assim que os
policiais partiram, com o menino em um dos carros, os moradores fizeram um protesto na
avenida Brasil, local de entrada
para a Nova Holanda. Os manifestantes tentaram fechar a via,
xingaram e atiraram pedras e
tijolos contra os policiais. Um
ônibus teve as janelas quebradas quando passava pelo local.
Logo a seguir, por volta das
15h, os moradores foram para o
22º Batalhão, cuja entrada é pela Linha Vermelha, mas os fundos dão para a favela. Em frente
ao portão de trás, voltaram a
xingar os policias e quebraram,
com pedras, dois carros.
Para dispersar a multidão, os
policias deram tiros para o alto,
jogaram uma bomba de efeito
moral contra os moradores e
usaram gás de pimenta.
O comandante do 22º BPM,
coronel Ruy Loury, disse que
não podia afirmar se os disparos tinham partido dos traficantes ou da polícia.
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