São Paulo, segunda-feira, 02 de outubro de 2006

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Tiro de fuzil mata menino de 3 anos no Rio

Criança foi atingida em meio a confronto entre PMs e traficantes em favela; moradores acusam polícia de atirar a esmo

Assustados, motoristas voltaram pela contramão na Linha Vermelha; protesto de moradores tentou fechar a av. Brasil


PEDRO LEMOS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

O menino Renan da Costa Ribeiro, 3, morreu ontem, após levar um tiro de fuzil na barriga, na favela Nova Holanda, no Complexo da Maré, na zona norte. Após confronto entre polícia e traficantes, ele foi levado para o Hospital Geral de Bonsucesso, mas não resistiu. Em três semanas, foi a quarta criança morta em confrontos entre polícia e traficantes em favelas cariocas.
Segundo parentes e vizinhos, policiais do 22º Batalhão da Polícia Militar (Maré) entraram na favela e atiraram a esmo, acertando o menino. A polícia diz que foi recebida a tiros por ocupantes de uma moto quando chegava à favela. No confronto, Rafael de França Brito, 21, foi atingido no pé por uma bala perdida.
Os policiais faziam um patrulhamento de rotina, de acordo com a PM, e iriam reforçar a segurança no CIEP Hélio Smidt, local de votação nas eleições. A polícia só conseguiu sair da favela com o reforço de um carro blindado, o "Caveirão".
"Renan estava de mãos dadas com a minha avó quando os policiais atiraram para tudo o que é lado, sem motivo algum. De repente, o menino caiu no chão e minha avó desmaiou. Foi aí que os policiais botaram ele no carro e levaram para o hospital", contou Marcela da Costa Ribeiro, 21, tia do menino.
De acordo com relato dos moradores, os policiais entraram na favela por volta das 13h, em três veículos. Assim que os policiais partiram, com o menino em um dos carros, os moradores fizeram um protesto na avenida Brasil, local de entrada para a Nova Holanda. Os manifestantes tentaram fechar a via, xingaram e atiraram pedras e tijolos contra os policiais. Um ônibus teve as janelas quebradas quando passava pelo local.
Logo a seguir, por volta das 15h, os moradores foram para o 22º Batalhão, cuja entrada é pela Linha Vermelha, mas os fundos dão para a favela. Em frente ao portão de trás, voltaram a xingar os policias e quebraram, com pedras, dois carros.
Para dispersar a multidão, os policias deram tiros para o alto, jogaram uma bomba de efeito moral contra os moradores e usaram gás de pimenta.
O comandante do 22º BPM, coronel Ruy Loury, disse que não podia afirmar se os disparos tinham partido dos traficantes ou da polícia.


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