São Paulo, quinta-feira, 02 de outubro de 2008

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Delegacia da Mulher não registra agressão

Por conta da greve, que dura 17 dias, policiais civis da 6ª Delegacia de Defesa da Mulher se recusaram a atender a vítima

Empregada doméstica acusa ex-companheiro de tentar esganá-la e de lhe dar um tapa no rosto e um chute nas costas anteontem

KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Na noite de terça-feira, a empregada doméstica Ana (nome fictício), 25, levou um tapa no rosto e um chute nas costas e quase foi esganada. Ela contou que foi vítima de seu ex-companheiro e alega ainda ter sido ameaçada de morte pela atual mulher dele.
Mesmo assim, na tarde de ontem, Ana precisou percorrer três delegacias da capital para conseguir registrar queixa.
As Delegacias de Defesa da Mulher do Estado de São Paulo, criadas para atender a vítimas de lesão corporal, estupro, atentado violento ao pudor, ameaça, calúnia, injúria e difamação, estão deixando de registrar boletins de ocorrência por conta da greve de policiais civis, que dura 17 dias.
"Namorei um cara por seis anos. Estamos separados há dois. Hoje ele tem uma outra mulher e um filho com ela. Eles moram na rua atrás de casa. Eu ia ao supermercado, quando a mulher dele começou a rir de mim. Eu olhei, e ele perguntou o que eu olhava, veio em minha direção e me agrediu. Ela falou que iria me matar. Os dois fugiram depois", disse Ana, que pediu socorro à Polícia Militar.
Os PMs a levaram para o hospital do M'Boi Mirim (zona sul de São Paulo), onde foi feito um exame que comprova as agressões sofridas. Com medo do casal, Ana não dormiu na casa onde mora sozinha e resolveu procurar parentes. A orientação da PM foi que ela registrasse o caso na 6ª Delegacia de Defesa da Mulher, no Campo Grande, na zona sul.
Para isso, Ana faltou ontem ao emprego. Policiais da 6ª DDM, porém, se recusaram a atendê-la ontem porque estavam em greve. A reportagem os ouviu dizer que só registrariam estupros ou flagrantes. A mesma resposta foi dada no 99º Distrito Policial, na zona sul. A Folha procurou a delegada da 6ª DDM, mas ela não foi localizada ontem.
Ana só pôde registrar o BO na 2ª DDM, na Vila Clementino (zona sul), a 11 km da 6ª DDM. Como a 2ª DDM também estava em greve, o BO só foi feito após muita insistência. Só com o boletim de ocorrência a polícia pode iniciar a investigação.
A reportagem soube ainda de mais duas mulheres vítimas de ameaça ou agressão que, desde a última segunda-feira, também não conseguem registrar BO na 6ª DDM. Em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo), houve mais dois casos assim.
A Secretaria da Segurança Pública informa que quem não conseguir registrar BO em delegacias deve procurar a PM.


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