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Delegacia da Mulher não registra agressão
Por conta da greve, que dura 17 dias, policiais civis da 6ª Delegacia de Defesa da Mulher se recusaram a atender a vítima
Empregada doméstica acusa ex-companheiro de tentar esganá-la e de lhe dar um tapa no rosto e um chute nas costas anteontem
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Na noite de terça-feira, a empregada doméstica Ana (nome
fictício), 25, levou um tapa no
rosto e um chute nas costas e
quase foi esganada. Ela contou
que foi vítima de seu ex-companheiro e alega ainda ter sido
ameaçada de morte pela atual
mulher dele.
Mesmo assim, na tarde de
ontem, Ana precisou percorrer
três delegacias da capital para
conseguir registrar queixa.
As Delegacias de Defesa da
Mulher do Estado de São Paulo,
criadas para atender a vítimas
de lesão corporal, estupro,
atentado violento ao pudor,
ameaça, calúnia, injúria e difamação, estão deixando de registrar boletins de ocorrência por
conta da greve de policiais civis,
que dura 17 dias.
"Namorei um cara por seis
anos. Estamos separados há
dois. Hoje ele tem uma outra
mulher e um filho com ela. Eles
moram na rua atrás de casa. Eu
ia ao supermercado, quando a
mulher dele começou a rir de
mim. Eu olhei, e ele perguntou
o que eu olhava, veio em minha
direção e me agrediu. Ela falou
que iria me matar. Os dois fugiram depois", disse Ana, que pediu socorro à Polícia Militar.
Os PMs a levaram para o hospital do M'Boi Mirim (zona sul
de São Paulo), onde foi feito um
exame que comprova as agressões sofridas. Com medo do casal, Ana não dormiu na casa onde mora sozinha e resolveu
procurar parentes. A orientação da PM foi que ela registrasse o caso na 6ª Delegacia de Defesa da Mulher, no Campo
Grande, na zona sul.
Para isso, Ana faltou ontem
ao emprego. Policiais da 6ª
DDM, porém, se recusaram a
atendê-la ontem porque estavam em greve. A reportagem os
ouviu dizer que só registrariam
estupros ou flagrantes. A mesma resposta foi dada no 99º
Distrito Policial, na zona sul. A
Folha procurou a delegada da
6ª DDM, mas ela não foi localizada ontem.
Ana só pôde registrar o BO na
2ª DDM, na Vila Clementino
(zona sul), a 11 km da 6ª DDM.
Como a 2ª DDM também estava em greve, o BO só foi feito
após muita insistência. Só com
o boletim de ocorrência a polícia pode iniciar a investigação.
A reportagem soube ainda de
mais duas mulheres vítimas de
ameaça ou agressão que, desde
a última segunda-feira, também não conseguem registrar
BO na 6ª DDM. Em Ribeirão
Preto (313 km de São Paulo),
houve mais dois casos assim.
A Secretaria da Segurança
Pública informa que quem não
conseguir registrar BO em delegacias deve procurar a PM.
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